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Infinitos azuis de Polly D’Avila

Até o mês de maio os fãs da obra da artista plástica Polly D´Avila poderão conhecer seus mais recentes trabalhos, expostos no Espaço Casa das Artes, localizado no Largo de São Sebastião.

Os trabalhos estão divididos em cinco pinturas a óleo intituladas ‘Infinitas’, e doze colagens chamadas de ‘O inalcançável é sempre azul’, uma homenagem à escritora Clarice Lispector. “Para vermos o azul olhamos para o céu. A Terra é azul para quem a olha do céu. Azul será uma cor em si, ou uma questão de distância? Ou uma questão de grande nostalgia? O inalcançável é sempre azul”, escreveu Clarice, certa vez.

“Eu li um texto da Clarice Lispector, uma citação onde ela fala: ‘o inalcançável é sempre azul’, então denominei a minha série de colagens com essa frase porque ela se refere a tudo aquilo que é inalcançável como o mar, o céu, e tem tudo a ver com o tema ‘Infinitas’ da exposição, que são essas infinitas possibilidades”, falou Polly.

Polly D´Avila começou a idealizar essa exposição há dois anos e depois ficou em dúvida sobre como denominá-la.

“Escolhi ‘Infinitas’, pelos infinitos tons de azul que utilizo nos trabalhos, os quais representam uma fase da transitoriedade da vida e os desdobramentos do próprio ser”, explicou.

São interessantes os acontecimentos que levaram Polly D´Avila a entrar nessa fase do azul.        

“Entre o final de 2021 e início de 2022 eu estava em Paris, e nevava na Europa. Tudo era cinza e triste. Então viajei para Porto, em Portugal, e deparei com os famosos azulejos portugueses. De lá para cá estou pintando e fazendo minhas colagens em tons de azul. Foi lá que, em pleno inverno, eu me descobri azul, em tons variados e infinitos. Reflexo de uma fase introspectiva, repleta de emoções e autoconhecimento vivenciada nos últimos dois anos”, revelou.

Desde o começo

A artista já participou de inúmeras exposições coletivas, mas ‘Infinitas’ é a sua terceira exposição solo. A primeira, intitulada ‘Ballerinas’, foi matéria no Jornal do Commercio, em 2014, realizada no antigo prédio do Casarão de Ideias, na rua Monsenhor Coutinho. A segunda foi no Caua, Centro de Artes da Ufam. E também foi no Caua, onde ela iniciou, em 2002, com instalações.

Desde o começo, Polly D´Avila sempre se interessou pelas cores. Na entrevista ao JC ela recordou quando a mãe a levou, pela primeira vez, à escola e, como toda criança, começou a chorar só parando quando a professora lhe deu alguns lápis de cor e uns desenhos para colorir.

Polly considera ter se tornado uma artista plástica, em 2005, e pretende comemorar seus 20 anos de carreira em 2025.

“Estudei Artes na Ufam e minhas primeiras exposições, junto com outros alunos, foi no Caua, isso entre 2002 e 2006, mas somente em 2005 passei a me ver como uma artista plástica”, disse.

Em 2011 Polly pintou seu primeiro quadro, e não mais parou.

“A cada fase, a cada exposição, me sinto mais madura. Tenho refletido muito sobre a brevidade da vida, a relação com o tempo. Estamos todos sendo conduzidos para mares inimagináveis, mas onde mesmo cada um quer estar? Qualquer que seja a escolha, a resposta, implica saber que a transitoriedade é um fato. Nada vai durar para sempre, e estamos todos como partículas soltas em águas mais profundas, aprendendo a viver”, ensinou.

Abertura das exposições

Com a curadoria de Priscila Pinto, ‘Infinitas’ apresenta as pinturas ‘Festina lente’, ‘Cura e criação’, ‘Leven’, ‘Tempus fugit’, e ‘Intuição’, além das colagens, e Polly D’Avila convida os visitantes a descobrir um segredo existente em cada uma das pinturas. A exposição abre a programação das atividades de 2024 do Espaço Casa das Artes junto com outras cinco propostas artísticas que incluem as linguagens de pintura, colagem, desenho, graffiti e fotografia. Todas as exposições são gratuitas e estão abertas ao público de 15h às 20h, até o fim do mês de maio.

Polly D’Avila ocupa a sala 1. A segunda sala abriga a exposição ‘Raízes tabulares, um grito pela vida’, de Samantha Karlia e Chiquinho D’Almeida. Os professores de artes visuais retratam os povos originários diante do desmatamento e as consequências diretas dessas ações em toda a região amazônica por meio de pinturas digitais. Na sala 3, a Exposição Coletiva Rosa Graffiti traz obras em pequenos formatos que expõem os sentimentos, as visões e o imaginário das autoras em telas por meio do graffiti. O grupo é composto por 24 mulheres, que celebram e valorizam a figura feminina dentro da arte urbana. Na sala 4, 40 fotografias do fotógrafo Michael Dantas compõem a mostra ‘Secura’. A obra traz registros da estiagem intensa que atingiu a região amazônica no ano de 2023. Finalizando a série de exposições, no Espaço Corredor, os trabalhos da Coleção S.A.U.D.A.D.E, composta de quatro telas.

“A Casa das Artes, neste período, celebra com 29 artistas numa inserção plural, sendo 27 mulheres participantes, em aproximação com o público e seus pensamentos em arte. Ações como esta são muito importantes para a sociedade como um todo”, concluiu Cristóvão Coutinho, diretor do espaço cultural.

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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