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Indústria para de piorar em maio, aponta CNI

Indústria para de piorar em maio, aponta CNI

O desempenho da indústria parou de piorar em maio, sinalizando a possibilidade de que abril pode ter sido o fundo do poço da crise da covid-19. A Sondagem Industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria) traz dados comparativamente melhores de desempenho, embora a atividade e as intenções de investimento ainda estejam em retração. De âmbito nacional, a pesquisa aponta desempenho abaixo da média nos segmentos que carreiam o PIM, embora suas projeções de demanda sejam melhores.

Em paralelo, as expectativas dos empresários registraram melhora significativa, segundo o Índice de Confiança da Indústria. O indicador da Fundação Getúlio Vargas avançou 15,2 pontos, na comparação da prévia de junho com o dado consolidado de maio, mas ainda segue na zona de insatisfação – 76,6 pontos, em uma escala de zero a 200. Caso a prévia se confirme, será a maior alta mensal da história do levantamento da FGV.

Realizada entre 1º e 10 de junho, com 1.859 empresas, a pesquisa da CNI mostra que a produção e o emprego sofreram novas quedas entre abril e maio, ainda sob os efeitos da pandemia, embora o tombo tenha sido menor. O índice de evolução da produção subiu de 26 pontos para 43,1 pontos. Pela metodologia da pesquisa da CNI, o índice varia de 0 a 100 pontos e só há crescimento quando os dados são superiores à marca dos 50 pontos. 

Na mesma comparação, o número de empregados atingiu 42 pontos – contra os 38,2 pontos anteriores. O uso da capacidade instalada da indústria cresceu seis pontos percentuais e alcançou 55% – embora ainda se encontre 12 p.p. de 12 meses atrás e tenha sido o segundo pior número da série histórica iniciada em 2011. O índice de evolução dos estoques ficou em 46,2 pontos, apontando para uma redução significativa.

Majoritários no Polo Industrial de Manaus, os segmentos de “equipamentos de informática e produto eletrônicos” e de “outros equipamentos de transporte” (o polo de duas rodas) pontuaram abaixo da média nacional da indústria de transformação nos quesitos de produção (34,8 e 42,6 pontos, respectivamente), emprego (37,1 e 41,2 pontos) e no nível de uso da capacidade instalada (19,7% e 25%). 

De uma forma geral, os melhores números da indústria ficaram em subsetores minoritários ou mesmo ausentes do PIM. Biocombustíveis; produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal; e produtos farmoquímicos e farmacêuticos produziram mais e demitiram menos em maio, além elevar o uso da capacidade instalada. Na outra ponta, as divisões de impressão e reprodução de gravações; de couros e artefatos de couro; de calçados e suas partes; e de vestuário e acessórios amargaram os piores desempenhos.

Mais confiança

A sondagem da CNI mostra que o pessimismo no setor caiu e aparece de forma menos intensa e disseminada do que nos dois meses anteriores. A divisão de equipamentos de informática e eletrônicos (52,3 pontos) aparece com números acima da média da indústria de transformação (48,6), em termos de expectativa de demanda. O mesmo não pode ser dito do segmento de duas rodas (41,2). Os empresários, no entanto, seguem projetando queda na procura nos próximos seis meses – assim como nas exportações, compras de matérias-primas e número de empregados. 

Em sintonia, a FGV mostra que o aumento na confiança é resultado da melhora da avaliação dos empresários em relação ao presente e, principalmente, para os próximos três e seis meses. O Índice de Expectativas (75,5) subiu 20,6 pontos, recuperando mais da metade da queda observada em abril. Já o Índice de Situação Atual (77,8) cresceu 9,2 pontos, o equivalente a um terço da perda de abril. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria, por sua vez, aumentou 5,9 pontos percentuais e chegou a 66,2%.

Esboço de reação

No entendimento do presidente da Fieam e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, os números da pesquisa da Confederação Nacional Indústria mostram que o setor em geral,  e o PIM em particular, começa a esboçar reação à crise da covid-19, embora ainda enfrente “muitas dificuldades” para superar os impactos negativos da pandemia na atividade econômica nacional.  

“Os indicadores mostram que o desempenho foi melhor do que o de abril, com aumento da capacidade instalada, embora ainda muito abaixo dos níveis anteriores a pandemia. Há uma boa expectativa de que a demanda comece a dar sinais de aquecimento. O ânimo empresarial melhorou sensivelmente apesar do índice de intenção de investir continuar baixo, com oito pontos abaixo de sua média histórica. Para o corrente mês espera-se melhora em todos os setores”, afiançou.

Gargalo no Centro-Sul

Já o vice-presidente do Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus), Celso Piacentini, avalia que ainda é muito cedo para o PIM comemorar uma possível recuperação sustentada e que o setor não está livre de sofrer retrocessos. O dirigente observa que, enquanto Manaus apresenta números declinantes de novos casos, internações e mortes por covid-19, o mesmo não pode ser dito de cidades do Centro-Sul do país, onde se concentra a maior parte do mercado consumidor do Polo. 

“Fica difícil de prever, porque muitas cidades tiveram um repique e estão fechando de novo. Posso dizer que, de uma forma geral, a indústria de bens de informática até vendeu que vendeu bem nesse período, já que muita gente teve que ficar trabalhando e se comunicando de casa. Já os fabricantes de condicionadores perderam um pico de vendas, de março e abril, que não será recuperado nos meses de inverno. Mas, em um panorama de crise, dificilmente alguém vai querer comprar eletroeletrônicos, como TVs. Infelizmente, somos o primeiro segmento a parar e o último a voltar”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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