Apenas oito dos 61 municípios do interior do Amazonas apresentaram saldo positivo de empregos formais, entre março e abril, segundo os dados do “novo” Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Embora tímido, o saldo dos municípios surpreende frente à interiorização da pandemia da covid-19. Também apresenta contraste positivo em relação à capital, que extinguiu 8.075 empregos celetistas.
O total de postos de trabalho criados nos municípios, no entanto, não passou de 26, em abril. A estagnação foi a marca de 20 localidades, enquanto 34 amargaram performance negativa e eliminaram vagas. Situação pior foi verificada no quadrimestre. Dos 9.010 empregos extintos entre janeiro a abril, 8.508 vieram de Manaus e os 502 restantes, do interior – que contratou 3.186 pessoas e demitiu 3.685, no período.
Maués foi o município amazonense que apresentou o melhor desempenho na comparação de abril com março, com saldo positivo de 14 postos de trabalho, crescimento de 1,52% – decorrentes de 34 admissões e 20 desligamentos – e estoque de 942 celetistas. Na sequência vieram Apuí (três vagas e +0,96%), Ipixuna (três e +8,11%), Anori (duas e +10%), Itapiranga (um e +1,92%), Novo Airão (um e +0,39%), Novo Aripuanã (um e +0,97%) e Silves (um e +6,67%).
No acumulado do ano, os destaques foram Apuí (34 vagas, +10,86%), Eirunepé (26 e +9,02%), Maués (20 e +2,17%), Atalaia do Norte +17 e 89,47%), Manicoré (14 e +2,33%), Nova Olinda do Norte (11 e 2,99%) e Humaitá (dez e + 0,50%). Na outra ponta, Manacapuru (-221 postos de trabalho e -6,69%), Itacoatiara (-77 e -1,72%), Coari (-72 e -2,62%), Iranduba (-49 e -2,40%) e Parintins (-46 e -1,72%) amargaram os piores desempenhos.
Itacoatiara é a cidade amazonense do interior com maior estoque de empregos formais no acumulado de janeiro até abril de 2020 (4.373), segundo a base de dados do novo Caged. Nas posições seguintes vieram Manacapuru (3.217), Coari (2.730), Presidente Figueiredo (2.717) e Parintins (2.615).
“Aumentos pontuais”
O titular da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jório Veiga, ressalta que o número de empregos formais nos municípios do interior do Amazonas costuma ser reduzido. O secretário estadual observa também que a crise da covid-19 piorou essa situação, embora também possa ter gerado vagas para combate do próprio alastramento da doença.
“A chegada da pandemia, com o consequente fechamento de muitas atividades, fez com que algumas posições de trabalho fossem fechadas. Em alguns municípios, a reclusão foi intensa e isso faz com que o comércio, especialmente, se retraia. Os aumentos são pontuais e pequenos, fruto provavelmente de atenção à saúde e de alguma outra atividade eventual. Mas, não significam uma mudança no mercado de trabalho formal”, ponderou.
De acordo com Jório Veiga, o mercado de trabalho do interior do Estado deve apresentar ainda alguma redução nos postos de trabalho nos próximos meses, já que o período crítico nos municípios amazonenses vem desde o meio de abril, passado por maio, “com pequenas variações”. Na avaliação do secretário estadual, contudo, a recuperação será lenta e depende não apenas da evolução da pandemia em si, mas também gestão pública da crise.
“Em junho, prevemos uma estabilização e alguma melhora. A partir de julho, uma recuperação moderada, se intensificando mais próximo ao final de ano, até em virtude da sazonalidade das vendas. Durante o próximo ano, esperamos uma recuperação expressiva e a volta a uma situação mais normal no primeiro semestre de 2022. Essas projeções podem mudar em função de uma maior intervenção e liberação de fundos, ainda não previstas, nesse momento, pelas várias instâncias governamentais”, ressalvou.
Obras públicas
O Caged não faz um cruzamento do desempenho das atividades econômicas com o dos municípios. Vale notar que, dos oito setores listados no Amazonas, sete fecharam no vermelho na comparação mensal. Apenas a administração pública – mais frequente nas localidades do interior, onde os investimentos ainda são escassos – teve saldo positivo (+165 vagas).
O secretário municipal de Comunicação de Maués, Rosalvo Soares, atribui o desempenho positivo da cidade às obras públicas de duas creches, duas escolas, um centro cívico e quadras de esporte, entre outras iniciativas decorrentes do fato de a prefeitura ter conseguido recursos pleiteados junto aos governos estadual e federal.
“O setor que vai bem mesmo é a construção civil, já que o comércio parou e agricultura deram uma parada, por causa da pandemia. Essas obras estão empregando muita gente e também trazem a perspectivas de novas contratações, quando as escolas e creches estiverem funcionando. Temos que destacar também que Maués, diferente de outras prefeituras, está com suas contas em dia”, finalizou.