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Pandemia gera novo recorde de baixa na indústria, segundo a CNI

Divulgação

A crise do Covid-19 derrubou o desempenho da indústria a um nível “sem precedentes”, na passagem de março para abril, segundo a CNI. E os segmentos mais fortes do PIM estiveram entre as maiores baixas. A Sondagem Industrial do mês, divulgada pela entidade nesta quarta (20), aponta que o índice de evolução da produção não passou de 26 pontos, em uma escala que vai de 0 a 100 pontos. Foi um novo recorde negativo na série histórica da pesquisa, onde resultados abaixo de 50 sinalizam queda. 

A utilização da capacidade instalada do setor caiu de 58% para 49%, após a paralisação de linhas de produção e até de fábricas inteiras, em decorrência do recuo da demanda e do fechamento do varejo. Em paralelo, as suspensões de contrato, cortes em jornadas de trabalho e demissões em massa que vieram no rastro da pandemia tombaram o índice, de 48,8 para 38,2 pontos – o menor número da série, iniciada em 2011.

Segmentos de bens de consumo, que carreiam o PIM, estiveram entre os mais impactados. O subsetor de “outros equipamentos de transporte” (o polo de duas rodas) usou apenas 17,2% de sua capacidade, em um mês em que 70% das fábricas de motocicletas estavam paradas. “Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e outros” trabalhou com 17,6% de sua estrutura. “Máquinas, aparelhos e materiais elétricos” e “máquinas e equipamentos” (condicionadores de ar) usaram 22% e 22,3% das instalações, na ordem. 

A evolução da produção de ambos os subsetores também ficou bem abaixo da média – 23,4, 22,9, 22 e 26,1 pontos, respectivamente. No caso do índice referente ao crescimento do número de empregados, contudo, o desempenho dos polos de duas rodas (39,1 pontos) e de bens de informática (38,6) seguiu de perto a indústria nacional, embora o mesmo não tenha ocorrido nas linhas de produção de conversores, alarmes, condutores e baterias (36,6) e de condicionadores de ar (36,5) do polo eletroeletrônico.

Entre os segmentos menos afetados, estão o de “perfumaria, sabões, detergentes”, “produtos de limpeza e de higiene pessoal (que não registrou queda do número de empregados em abril) – ambos não presentes no PIM – e “farmoquímicos e farmacêuticos”, que teve quedas “mais brandas” que a média. “Alimentos” e “químicos”, que figuravam entre os destaques positivos em março, sofreram desempenho menos negativo que o restante da indústria, mas as quedas “foram mais significativas esse mês”.

“A maior disseminação da crise entre as empresas no mês de abril era esperada. No início de março, grande parte da indústria ainda não tinha sentido a queda na demanda. Em abril, as empresas passaram todo o mês sob os efeitos das medidas de distanciamento social”, assinalou o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, no texto distribuído à imprensa pela assessoria da entidade.

Expectativas em baixa

Em contraste, os índices que medem as expectativas tiveram uma ligeira melhora, mais por efeito de base de comparação do que outra coisa, dado que o indicador já vinha com números baixos nos levantamentos anteriores. Ainda que em menor intensidade, o pessimismo do empresário se mantém para os próximos seis meses. 

O índice de expectativa de demanda registrou crescimento de 3,2 pontos, para 35,1 pontos, permanecendo na zona de queda e pessimismo do empresariado. O mesmo se deu nos indicadores de expectativas para o número de empregados – que subiu 2,9 pontos, para 38,1 pontos – e de compras de matérias-primas – que passou de 33,3 para 34,7 pontos.

A intenção da indústria de investir, contudo, seguiu reforçada em viés de baixa. “O índice de intenção reflete os efeitos da pandemia sobre a atividade, a elevada incerteza e o consequente pessimismo dos empresários”, apontou o texto da pesquisa da CNI. O indicador praticamente não se alterou e cravou 36,9 pontos, após a queda do mês anterior – quando havia passado de 58,3 para 36,7 pontos.

Isolamento e crise

Na mesma linha da avaliação da CNI, o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, lembrou ao Jornal do Commercio que o setor já esperava que abril registrasse “indicadores para baixo”, diante da gravidade da crise, e adiantou que a trajetória de queda deve se acentuar no levantamento de maio. No entendimento do dirigente, isso ocorre mais em função da estratégia para o combate ao Covid-19, do que pelos efeitos da pandemia em si.

“O que afeta a atividade econômica é o isolamento social. Com o comércio fechado, a indústria não tem nem para quem entregar os produtos. As concessionárias de duas rodas estão todas fechadas, com estoques e sem poder vender. Pode ter até uma ou outra venda de eletroeletrônicos e de produtos de informática pela internet, mas é muito abaixo do que se fazia antes. E o mesmo acontece com outros segmentos da indústria, daqui e do Brasil afora”, lamentou.  

Em sintonia, o vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus, Nelson Azevedo, diz que também não vê luz no fim do túnel para o setor, em face de uma economia “completamente parada” por causa da pandemia o Covid-19.

“O problema é mais sentido na Zona Franca, que produz quase que exclusivamente para o mercado interno. O setor vinha de uma boa recuperação, mas sentiu dificuldades na cadeia de suprimentos e a coisa piorou quando comércio e serviços tiveram suas portas fechadas. A indústria trabalha hoje com jornadas e salários reduzidos e já há empresas que não conseguem nem pagar a indenização de seus funcionários”, concluiu. 

Fonte: Marco Dassori

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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