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Indústria amazonense avançou 9,1%, em maio

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori   Instagram: @jcommercio

A produção industrial do Amazonas reagiu em maio, interrompendo dois meses consecutivos de estagnação. Os segmentos de bebidas e plástico seguiram na liderança. Mas, os carros-chefes do PIM mostraram divisão: enquanto duas rodas consolidaram crescimento e bens de informática esboçaram recuperação, os eletroeletrônicos ficaram no vermelho. Com isso, apesar de mostrar crescimento em 2022, o setor segue negativo no acumulado dos últimos 12 meses, embora tenha se saído melhor do que a média nacional. É o que revelam os dados regionais da pesquisa mensal do IBGE para a atividade, divulgados nesta sexta (8).

A indústria amazonense avançou 6,6%, na variação mensal, em sentido inverso ao do mês anterior (-0,1%). O confronto com o mesmo mês de 2021 mostrou um desempenho ainda mais robusto, ao pontuar incremento de 9,1%, resultado também muito superior ao de maio (+0,1%). Com isso, a indústria do Amazonas conseguiu crescer 2,1% nos cinco meses iniciais de 2022, mas continua no campo negativo, quando se leva em conta o acumulado dos últimos 12 meses (-1,8%) – que costuma ser levado mais em consideração em termos de tendências. O Amazonas superou os números brasileiros em quase todas as comparações (+0,3%, +0,5%, -2,6% e -1,9%). 

A expansão mensal de 6,6% do ritmo de atividade fez o Amazonas sair do sétimo lugar para o topo do ranking das 14 unidades federativas investigadas mensalmente pelo IBGE. Foi seguido por Mato Grosso (+4,6%) e Paraná (+3,5%). Em contraste, Pará (-13,2%), Rio de Janeiro (-4,1%) e Pernambuco (-2,4%) apresentaram os únicos dados negativos da lista. 

O reforço na expansão anual (+9,1%) fez o Amazonas decolar do sétimo para o terceiro lugar no ranking brasileiro, em uma lista ainda iniciada pela Bahia (+26%) e encerrada pelo Pará (-18,3%). O acréscimo detectado no acumulado dos cinco meses iniciais deste ano (+2,1%), por outro lado, segurou o Estado na quarta colocação. Mato Grosso (+23,3%) e Pará (-11,9%) protagonizaram os extremos, em uma lista com apenas cinco desempenhos positivos.

Plásticos e bebidas

Na comparação com maio de 2021, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) tombou 4,1%. A indústria de transformação, por outro lado, escalou 9,7%, superando o registro anterior (+0,1%). Mas, somente quatro de seus nove segmentos investigados mensalmente pelo IBGE fecharam no azul. A lista inclui produtos de borracha e material plástico (+36,9%), bebidas (+30,1%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com +8,8%) e “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com +8,7%).

Em sentido inverso, as quedas vieram principalmente das divisões de impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com -89,5%), de máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com -44,5%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -8,7%), produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, -7,4%) e derivados de petróleo e combustíveis (gás natural, com -3,4%).

O acumulado do ano ainda mostra um quadro menos favorável para a indústria do Amazonas: apenas a indústria de transformação (+2,4%), e seus segmentos de bebidas (+16,5%), de borracha e material plástico (+11,4%) e de “outros equipamentos de transporte” (+6,7%) fecharam no azul. Na outra ponta estão a indústria extrativa (-2,6%) e os subsetores de impressão e reprodução de gravações (-76,9%), de máquinas e equipamentos (-51,6%), de produtos de metal (-10,5%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2,6%), de máquinas aparelhos e materiais elétricos (-6,1%), e de derivados de petróleo e combustíveis (-1,3%).

Excelência sem segurança

Indagado sobre o diferencial de desempenho dos segmentos da indústria amazonense, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, assinalou à reportagem do Jornal do Commercio que há diversos fatores envolvidos, que geram impactos distintos em cada atividade. O pesquisador observou que algumas plantas ainda enfrentam restrições para obter matéria prima, e outras sofrem mais com vendas abaixo do esperado. Mas, lembrou que a alta da inflação retrai a venda principalmente de bens duráveis.

“Apenas quatro das dez atividades industriais tiveram crescimento em maio. Isso indica que, embora o desempenho tenha sido excelente, não nos dá segurança para as próximas divulgações. Felizmente, a comparação com o ano passado também foi muito boa, o que permitiu aumentar o acumulado do ano, que estava próximo de zero em abril”, ponderou.

“Cenário de instabilidade”

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), e vice-presidente executivo da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Antonio Silva, avalia concorda que os fatores listados seguram o crescimento da indústria, mas ressalva que as bases comparativas foram prejudicadas pelos impactos econômicos da pandemia e também do problema global na cadeia de fornecimento de insumos. Tais fatores também teriam contribuído para mudanças no consumo, mas expectativa do dirigente é que o setor continue oscilando nos próximos meses.

“Assim, as análises comparativas pontuais devem ser ponderadas sob uma ótica menos conclusiva. É importante destacar, todavia, o crescimento nos segmentos de bebidas e de produtos eletroeletrônicos, que convergem com os novos hábitos do consumidor impostos pela pandemia. Temos ainda um cenário de instabilidade decorrente das eleições no segundo semestre do ano. Nossas expectativas são de que os números continuem apresentando inflexões voláteis até o primeiro semestre de 2023”, analisou.

“Recuperação acontecendo”

Já o presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, minimizou as oscilações nos números do setor. “Mês a mês, notamos variações em setores específicos. A cada momento, temos algum segmento nesses períodos de comparação específicas com resultado negativo. E não me refiro ao valor absoluto. Pode ser um número percentualmente grande, mas não ter o impacto que ele mostra na economia, como um todo”, opinou.

No entendimento do dirigente, a tendência geral da economia continua sendo de recuperação, de números positivos e estabilidade, assim que as dificuldades com matérias primas e “altos custos logísticos” encontrarem seu ponto de equilíbrio. “Os resultados são esperados, pois temos essa recuperação acontecendo em médio prazo. Continuam os esforços das empresas em produzir e disponibilizar produtos a seus clientes, dentro dos prazos e volumes desejados. Somente com esse esforço venceremos todas as dificuldades ainda restantes”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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