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Homem tem pouca atenção à sua saúde

Falta de estrutura voltada aos cuidados com a saúde masculina e alta mortalidade ocasionada por câncer de próstata. Essa é a realidade do público masculino amazonense, conforme a avaliação dos urologistas. Em um contraponto ao resultado de uma pesquisa divulgada nesta semana pelo Ministério da Saúde, que cita fatores socioculturais como barreiras à prevenção à saúde, os médicos avaliam que no Amazonas a situação é bem mais grave e preocupante por falta de investimentos do poder público em construção de centros hospitalares especializados na prevenção e tratamento de doenças que atingem aos homens.
De acordo com o urologista, Gilberto Hayden, o homem, principalmente o amazonense, é extremamente desamparado quanto ao apoio nos cuidados preventivos com a saúde em relação aos recursos disponibilizados ao público feminino por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). Ele destaca que enquanto as mulheres têm, em Manaus, pelo menos três hospitais de grande porte e estrutura especializada para a detecção e tratamento de diversas patologias, os homens ficam desamparados e precisam aguardar pelo menos seis meses para conseguir uma consulta e mais um período caso necessite fazer exames. Todos os diagnósticos podem ser feitos pela rede particular. Porém, o custo é elevado.
“A maioria dos homens tem interesse em fazer os exames preventivos, mas devido à demora para o atendimento acaba desistindo. Não há estrutura, faltam locais especializados, além da dificuldade logística. O homem é desamparado em relação aos recursos disponíveis à mulher”, cita o médico. “Há um alto índice de mortalidade masculina devido ao câncer de próstata no público acima de 70 anos em comparação ao público feminino”, completou.
Na avaliação do médico, o Brasil ainda é um país de desigualdade de gêneros, onde o homem recebe menor atenção aos tratamentos médicos ou à prevenção nos cuidados com a saúde por ser tratado como uma figura forte e resistente. Ele considera que entre os demais Estados, o Amazonas apresenta o pior sistema de saúde voltado ao homem. “O Brasil renegou a qualidade de vida do homem porque o tem como uma figura forte. É preciso ter igualdade de gêneros e uma política na área de saúde voltada aos homens. Enquanto pelo menos três hospitais atendem às mulheres no Amazonas, somente um local faz a biopsia de próstata. Porém, esse local não atende à demanda populacional”, enfatizou. “O câncer de próstata acontece em maior frequência que o câncer de mama”, lembra. Entre os principais problemas de saúde que atingem aos homens estão: o câncer de próstata, a disfunção erétil, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, e a necessidade de reprodução hormonal. “Precisamos ter um hospital de referência onde o homem possa fazer exames de forma ágil, um local onde o paciente possa ser operado em caso de urgência com o acompanhamento de uma equipe especializada”, cita.
Para o médico, as campanhas de incentivo ao cuidado com a saúde apresentadas pelo governo federal não apresentam a realidade do sistema público de saúde.
O dia a dia do usuário que tenta agendar um procedimento é bem diferente do que é exibido pelas telas das televisões. “O que existem são campanhas esporádicas demagógicas voltadas à saúde preventiva do homem. A realidade é diferente quando eles tentam agendar uma consulta ou um exame. A dificuldade é tamanha que os que podem recorrem à rede particular de saúde. Porém, poucos têm acesso a esse recurso”.

Pesquisa aponta desinteresse

Uma pesquisa divulgada na quinta-feira (11)pelo Ministério da Saúde afirma que quase um terço (31%) dos homens brasileiros não tem o hábito de ir aos serviços de saúde para acompanhar seu estado de saúde e buscar auxílio na prevenção de doenças e na qualidade de vida. Conforme o levantamento, as barreiras socioculturais interferem na prevenção à saúde. Em muitos casos, os homens pensam que não ficam doentes ou têm medo de descobrir doença, além de sentirem que esse cuidado pode interferir na sua imagem de cuidado com a família.
De acordo com o ministério, uma das respostas mais comuns entre os homens (55%) é dizer que não buscaram os serviços de saúde, pois nunca precisaram. Essa falta de cuidado, no entanto, esconde uma crescente consequência para a maioria dos brasileiros: eles morrem mais cedo do que as mulheres e de doenças que poderiam ser prevenidas, como acidentes vasculares, infartos, cânceres e doenças do aparelho digestivo.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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