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Galo da Serra se destaca na produção de tapioca

Evaldo Ferreira: @evaldo.am

O galo-da-serra é uma das aves mais bonitas do mundo, cujo habitat é o norte da Amazônia. Em Manaus, Galo da Serra é a maior fábrica de farinha de tapioca da região Norte. É o que afirma Klebson Dantas, um dos diretores da empresa, baseado nos números que realmente apontam para isso. Este ano a Galo da Serra completa 15 anos de fundação, genuinamente amazonense, sob a direção de Manoel e Neli Souza, um casal de paraenses que partiu de Monte Alegre, em 2007, rumo a Manaus em busca de melhores dias. Na capital amazonense conseguiram se transformar em grandes empreendedores.

“Aqui, eles montaram uma casa de farinha, no Puraquequara, num terreno cedido pela associação de moradores do bairro”, contou Klebson.

Como todo bom paraense, Manoel e Neli são profundos conhecedores de uma boa goma de mandioca, bem como da farinha de tapioca. Logo perceberam que esses produtos disponibilizados no mercado de Manaus não eram dos melhores. Foi então que tiveram a ideia de eles mesmos produzi-los.

Ao longo dos últimos anos o manauara tem se tornado um grande consumidor de tapiocas, preparadas a partir da goma de mandioca e de farinha de tapioca acrescida ao açaí, bolos e mingaus. Engana-se quem acha que a matéria-prima, a fécula, de onde surgem a goma e a farinha, vem dos nossos interiores.

“Há produção de mandioca em praticamente todos os interiores do Amazonas, mas para consumo próprio, ou da comunidade, ou mesmo das cidades do interior. Pouca coisa chega a Manaus”, explicou.

Manoel e Neli passaram a procurar um fornecedor de fécula e só encontraram um bem longe daqui, no Paraná.

Baixa produtividade       

O Paraná é o maior produtor de mandioca para fins industriais do Brasil, tanto em área plantada quanto em indústrias que trabalham com essa commodity. Da mandioca extrai-se a fécula, a qual o Paraná também é o maior exportador do país tanto internamente quanto externamente. Dados do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) mostram que, em 2020, o Estado exportou sete mil toneladas de fécula. Ano passado foram mais de doze mil toneladas, e neste ano a previsão é que os números sejam ainda maiores.

No Amazonas, segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) a produção de mandioca é realizada por agricultores familiares e, devido a não utilização de tecnologias disponíveis e manejo inadequado, a produtividade de fécula é baixa, com cerca de 12 toneladas por hectare, fazendo com que o Estado dependa da importação do produto para atender à alta e crescente demanda.

Klebson e uma das torradeiras, maquinário desenvolvido na própria empresa

Outra informação curiosa. Enquanto em Manaus a fécula é transformada em goma e farinha de tapioca, no Brasil e no exterior, seu uso é industrial, sendo matéria-prima de mais de 800 produtos como tecidos, papéis, colas, tintas, embutidos de carne, cerveja, e até na indústria petrolífera, em brocas de perfuração de poços.

Em 2011 Manoel e Neli inauguraram sua fábrica no ramal do Brasileirinho e, com a fécula importada do Paraná, começaram a produção de farinha de tapioca e mais recentemente a goma de mandioca.

“A fécula chega aqui na Alimentos Galo da Serra em sacos de 30 kg e passa por todo um processo industrial. Primeiro é hidratada dentro de tanques, o que a deixa bastante compactada e rígida. Depois é triturada e transformada em bolinhas. Em seguida vai ao forno onde é torrada e vira a farinha de tapioca, por último é embalada e enviada para feiras, supermercados, mercadinhos de bairro e outros municípios e Estados da região Norte”, informou.

Farinha amarela

Neiliene e Neli, marca Galo da Serra é homenagem ao Amazonas

A viagem que a fécula faz do Paraná até o Amazonas pode demorar de 15 a 20 dias. A carga chega até Porto Velho por rodovia. Da capital rondoniense até Manaus ela vem em balsas, que atracam no porto Chibatão de onde é transportada para a fábrica, no Brasileirinho.

“Semanalmente recebemos de um a dois containers com fécula. Ano passado foram 54 contêineres, totalizando 2.052 toneladas de fécula”, disse Klebson.

A farinha de tapioca é comercializada em embalagens de 100, 200, 300, e 500 gr, e 30 kg e a goma em caixas de 38 kg e embalagens de 1 kg.

“Começamos vendendo somente os sacos de 30 kg, a granel, mas logo no ano seguinte, 2012, resolvemos empacotar o produto com a marca Galo da Serra. Meu pai esteve em Presidente Figueiredo, conheceu essa ave e resolveu homenageá-la colocando o seu nome na empresa, e também ele queria algo regional, aqui do Amazonas”, revelou Neiliene, filha de Manoel e Neli.

O próximo passo do casal de paraenses, agora, é trabalhar localmente na ampliação das plantações de mandioca do Estado para, em parceria com os agricultores familiares, tornar o Amazonas autossuficiente na produção de fécula. E eles próprios já deram início a esse projeto.

“Adquirimos um terreno na Manaus/Itacoatiara para plantar mandioca. Já iniciamos o plantio em 4,2 hectares. O próximo produto a entrar na nossa linha de produção será a farinha amarela, bastante consumida em nossa cidade e que se juntará à goma e à farinha de tapioca. É um mercado que não para de crescer e devemos nos preparar, para não precisar depender de outros Estados”, avisou Klebson.     

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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