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Fronteira da importação da indústria está no setor de média tecnologia, aponta Iedi

Como se sabe, o saldo comercial de bens industrializados sofreu uma radical reversão. Passou de um saldo anual de cerca de US$ 30 bilhões em 2005 para um deficit de cerca de US$ 35 bilhões em 2010. A classificação de bens duráveis foi feita pelo Iedi com base em uma metodologia da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Pois bem, como se apresenta a tendência do processo de aumento do déficit de produtos industriais neste início de 2011? As notas a seguir têm por base os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) para o primeiro trimestre deste ano, o qual é comparado com os primeiros trimestres de anos anteriores.
A primeira observação é que os dados do primeiro trimestre parecem sugerir que o processo de elevação do deficit do setor terá continuidade em 2011. O deficit global da indústria de transformação foi de US$ 10 bilhões, contra um superavit nas demais atividades produtivas da economia brasileira de US$ 13.2 bilhões, resultando em um superavit comercial brasileiro de US$ 3.2 bilhões.

Saldo negativo

Mantida a mesma correspondência entre o deficit no primeiro trimestre de 2011 com relação ao deficit do ano de 2010, o saldo da balança comercial da indústria de transformação em 2011 seria negativo em US$ 50 bilhões.
Se em termos do setor industrial como um todo o processo parece não ter mudado sua orientação, uma análise tendo por base a classificação dos produtos industriais segundo a intensidade tecnológica traz pontos novos de extremo relevo para a análise.
Em primeiro lugar, os produtos considerados de alta tecnologia parecem ter desacelerado fortemente a evolução de seu deficit, o qual chegou a US$ 6.8 bilhões em 2011, contra US$ 6.2 bi em 2010 (considerando os primeiros trimestres de ambos esses anos).
Ou seja, não há sinal algum de reversão do deficit nesse caso, mas há uma interessante desaceleração que precisa ser analisada com maior profundidade. Talvez aqui, a “invasão” do importado tenha chegado ao limite do seu possível.
No outro extremo, ou seja, no caso dos setores de baixa intensidade tecnológica, que tem maior proximidade com o agronegócio –especialmente na indústria de alimentos–, o superavit elevou-se de US$ 6.2 bilhões para US$ 7.4 bilhões, amortecendo o deficit global da indústria de transformação.
Igualmente favorável foi o resultado do comércio exterior de bens de média-baixa intensidade, cujo deficit do ano anterior –que pela primeira vez o setor acusou em 2010 (US$ 1.2 bilhão)– deu lugar ainda a um saldo negativo, porém de menor valor (US$ 0.8 bilhão). A melhora nesse caso foi devido ao desempenho de produtos metálicos, certamente correspondendo à melhora no segmento de aço.

Deficits explosivos

Mas, onde houve diferença flagrante foi em média-alta intensidade tecnológica. Nesse caso o deficit no primeiro trimestre de 2011 chegou a US$ 11 bilhões, US$ 3.5 bilhões a mais do que no primeiro trimestre de 2010, que ficou na faixa de US$ 7.5 bilhões. Essa é a fronteira da importação que parece despontar considerando-se a indústria de transformação brasileira, razão pela qual setores como de produtos químicos, máquinas e equipamentos mecânicos, máquinas e equipamentos elétricos e veículos automotores registraram deficits verdadeiramente explosivos. São os complexos eletro-eletrônico, metal-mecânico e químico –os quais formam o coração de uma estrutura industrial moderna- que estão em jogo. Não é pouca coisa.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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