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Desemprego na linha fina entre endividamento e inadimplência

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Segundo últimos dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a porcentagem de famílias endividadas chegou a 63,4% – o maior percentual desde setembro de 2015.  O percentual de famílias inadimplentes também subiu para 24,1% e quem não tem condições de pagar suas contas, estagnou em 9,5%.

Na análise da economista Denise Kassama, o país ainda está em uma lenta recuperação do maior período de sua crise econômica, e mesmo com a  taxa de desemprego em queda no segundo trimestre de 2019 – 0,7 pontos percentuais conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – a desocupação ainda atinge milhares de pessoas. 

“Em síntese, o brasileiro ainda convive com o desemprego na família e com o medo  de perder seu emprego. Ainda somos 13 milhões de desempregados ou seja 12% da população economicamente ativa. Com todo esse cenário é meio que natural que nos endividamos. Muitos usaram e abusaram do cartão de crédito, pagando o mínimo para poder continuar. Mas uma hora  o endividamento atinge padrões impagáveis”, disse. 

De acordo com o economista Farid de Mendon Júnior, toda esta situação está relacionada com o baixo nível de atividade econômica, que mesmo com um novo governo ainda não houve reflexos concretos na economia. O atual cenário acarreta a ausência de renda da população.

“Aqueles que estão empregados se vêem numa situação de ter que ajudar os familiares e os amigos. Sendo assim, mesmo aqueles que se encontram empregados sofrem com a situação daqueles que estão desempregados, o que acarreta também na alta da inadimplência”, disse.

Alternativas

Segundo Denise, um dos caminhos para as famílias endividadas inverterem esse cenário é buscar fazer negociação com as credoras de forma que os pagamentos caibam no seu bolso. Dessa forma, o caminho para a recuperação financeira e a quitação das dívidas tornam-se mais fáceis e controladas. Além disso, outra sugestão é conter os gastos e comprar apenas o essencial. 

“A dica é negociar com as credoras. Na medida em que efetiva as negociações o nome da pessoa sai da lista de inadimplentes. Negociar em parcelas que caibam no orçamento. Do outro lado, é reduzir os gastos para gerar um excedente para pagar as contas. Não tem milagre, é puro esforço. Muitas grandes empresas credoras tem oferecido vantagens nas negociações. É preciso fazer uma avaliação do quadro geral. Levantar todas as dívidas traçar um plano dentro de seu orçamento doméstico”, explicou.

Segundo o economista Farid, caso o consumidor queira usar o crédito pessoal para colocar as finanças em dia, ele precisa fazer uma pesquisa aprofundada das opções de taxa de juros, nas instituições financeiras antes de se comprometer. “Apesar da taxa de juros estar seguindo uma trajetória de queda, a economia real ainda apresenta taxas muito altas. O cidadão deve levar em conta que deve se utilizar de tal mecanismo em situação de real necessidade e de forma provisória, do contrário estará complicando cada vez mais a sua vida com o chamado efeito bola de neve”, disse.

Política do governo

Na visão do economista Nilson Pimentel, mesmo que a política monetária do Governo Federal esteja favorável com o viés de baixa da taxa Selic, não existe reflexo positivo no mercado de crédito. “Os juros estão nas alturas com 343% no cheque especial e cartão de créditos, além dos abusivos juros nas compras a prazo diretamente das financeiras para consumo direto, como as lojas”, disse. 

Outro ponto destacado pelo economista é a renda familiar que não mostrou nenhum crescimento nos últimos 3 anos. Segundo ele, esse cenário agrava ainda mais a situação atual das famílias com o aumento das dívidas, que mesmo ganhando pouco continuam a consumir sem projetar as consequências que isso pode acarretar em suas finanças. 

“Manaus é uma ilha ou sistema fechado econômico, só existe o PIM (Polo Industrial de Manaus) e o comércio que está em declínio. Nossos empregos estão minguando, e a nossa baixa qualificação prejudica na ascensão para melhores salários. Tudo isso leva às famílias ao crescimento das dívidas. Outra coisa, quem menos ganha, mais consome, e essa propensão a consumir leva à ilusão de um falso bem estar social, sem limite. É por isso que o comércio de bens em geral se desloca para os bairros periféricos onde se consome mais”, explicou. 

O economista destacou também, o não cumprimento do calendário de pagamento de governo estadual e da Prefeitura, fator que atrasa a circulação da moeda no mercado e contribui com o endividamento e a inadimplência. “Esse aumento do endividamento familiar aqui no Amazonas já virou uma bola de neve, com alguns períodos de baixa para logo em seguida atingir níveis mais elevados, como em datas distintas. Esse tema é bem complexo, pois é possível chegarmos os motivos que nos levam à pobreza. Em Manaus, a cada ano a pobreza aumenta nessa problemática capital”, frisou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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