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Custo da construção civil dispara entre julho e agosto, aponta IBGE

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Instagram: @jcommercio

O custo da construção civil do Amazonas disparou 3,19%, entre julho e agosto. Foi a maior alta registrada, desde setembro de 2019. O preço do metro quadrado passou de R$ 1.578,03 para R$ 1.628,37. Ao contrário do ocorrido no mês passado, o reajuste estadual ficou muito acima do nacional (+0,58%) – desacelerou –e foi o maior do país. Em ambos os casos, o passivo voltou a deixar para trás o IPCA do período, que voltou a pontuar deflação (-0,36%). Os dados são da pesquisa do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), divulgada nesta sexta (9), pelo IBGE.

Os aumentos voltaram a se dar tanto no custo dos materiais, quanto na mão de obra da atividade, que retomou a trajetória de expansão. Os dispêndios médios das construtoras amazonenses com insumos avançaram apenas 0,13%, pontuando R$ 993,24 (agosto) contra R$ 991,98 (julho), em elevação menos agressiva do que a precedente (+1,66%). Com isso, o valor ficou atrás da média nacional (R$ 994,67). O Sinapi foi puxado principalmente pelo custo do trabalho, que saiu da estagnação para decolar de R$ 586,05 para R$ 635,13, uma diferença de 8,37%. 

O índice de alta do Sinapi do Amazonas superou novamente a inflação oficial, conforme o mesmo IBGE. Pressionado pela retração incentivada nos preços dos combustíveis, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo encolheu 0,36%, em agosto, em queda menos intensa do que a de julho (-0,68%) – que foi recorde. O IPCA acumulado no ano (+4,39%) voltou a perder para os indicadores local (+11,71%) e nacional (+9,74%) do custo da construção civil. Na análise dos últimos 12 meses, a correção dos dispêndios (+18,41% e +13,61%, na ordem) também superou a inflação oficial (+8,73%).

Com reajuste bem acima do da média brasileira (+0,58%), o índice de aumento de custo do metro quadrado alcançado pelo Estado (+3,19%) escalou do 16º para o terceiro lugar do ranking nacional. O Estado só perdeu para Rondônia (+5,67%) e Mato Grosso do Sul (+3,71%). Em contrapartida, Pernambuco (+0,01%), Ceará (+0,06%) e Maranhão (+0,08%) figuraram nas últimas posições de um rol sem deflações. No acumulado do ano, o Estado (+11,71%) subiu da 17ª para a sexta colocação, em uma lista liderada novamente pelo Rio Grande do Norte (+15,28%) e encerrada, desta vez, pelo Pará (+6,08%). Em 12 meses, entretanto, o Amazonas (+18,41%) já aparece com a segunda maior alta da lista, perdendo apenas para Goiás (+19,69%). 

Abaixo da média

O custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.628,37) segue abaixo do valor da média nacional (R$ 1.661,85), embora tenha reduzido essa diferença nos últimos meses. Tanto que já subiu da 17ª para a 14ª posição entre os maiores valores do país. Rio de Janeiro (R$ 1.834,96) continua na liderança entre os dispêndios médios mais elevados do país, seguido por Santa Catarina (R$ 1.829,62) e São Paulo (R$ 1.777,39). Na outra ponta, os valores mais baixos ficaram em Sergipe (R$ 1.453,95), Alagoas (R$ 1.459,96) e Piauí (R$ 1.498,33).

Em termos de custo de materiais (R$ 993,24), com o acréscimo mais ameno, o Estado recuou da 13ª para a 15ª posição do ranking, ficando atrás da média nacional (R$ 994,67). Acre (R$ 1.136,76), Tocantins (R$ 1.084,05) e Mato Grosso (R$ 1.078,40) ficaram no topo, enquanto Sergipe (R$ 917,21), Alagoas (R$ 922,68) e Rio Grande do Norte (R$ 942,19) ficaram nas últimas colocações. Com a elevação no custo da mão de obra (R$ 635,13), o Amazonas escalou do 20º para o 12º lugar, em uma lista com os extremos em Santa Catarina (R$ 826,09) e Sergipe (R$ 536,74) e média brasileira em R$ 667,18.

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, ressaltou à reportagem do Jornal do Commercio que já são dois anos e meio seguidos de aumentos nos preços do metro quadrado da construção do Amazonas, mas observou que o Estado não está sozinho nesse movimento. O pesquisador acrescenta que os dados disponibilizados pelo levantamento sinalizam que o movimento de aumento nos dispêndios das construtoras amazonenses tende a se repetir no curto prazo.

“O custo do metro quadrado elevou-se substancialmente em agosto, em alta potencializada pelo reajuste da mão de obra. Além disso, os insumos também tiveram reajustes. Com isso o acumulado em 2022 saltou para próximo do triplo da inflação do período. Em 12 meses, o metro quadrado já reajustou mais de 18%. Mas, a ocorrência de reajustes também inclui outras unidades da federação, e o Amazonas mantém posição intermediária e abaixo da média nacional. A média móvel, por outro lado, está em alta, indicando que não há uma tendência de queda nos preços para os próximos meses”, analisou. 

Convenção Coletiva

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, considerou que o aumento recorde do índice se deu mais a fatores pontuais e conjunturais. “Os preços dos materiais estão praticamente estabilizados e o que puxou essa expansão foi a mão de obra, em função do reajuste salarial acertado na Convenção Coletiva de Trabalho. Agora, tem um detalhe: foram aplicados 8% em cima dos salários de julho, mas 3,92% serão aplicados sobre os valores de janeiro. Ou seja, teremos uma nova elevação nesse mês”, salientou.

O dirigente lembra que, historicamente, a tendência da mão de obra do setor é se manter estável até lá, e reforça que “não há mais clima” para reajustes vitaminados nos preços da construção civil. “Esperamos que o valor do metro quadrado se estabilize até o fim deste ano. Aposto que os insumos devem se equilibrar, até porque o mercado não está muito consumidor. A guerra [da Ucrânia] já estabilizou, e o combustível baixou de preço e não está influenciando muito, apesar de o diesel não ter caído. Podemos ter algumas pequenas variações, mas essa é a consideração para o último quadrimestre do ano”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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