Pesquisar
Close this search box.

Contratações no Amazonas superam nível pré-pandemia

Contratações no Amazonas superam nível pré-pandemia

Em agosto, o Amazonas registrou seu segundo saldo positivo consecutivo em termos de empregos com carteira assinada, e alta veio reforçada. No total, 15.618 trabalhadores foram admitidos, superando em boa margem o número de desligamentos (8.599). O incremento foi de 1,74%, graças à criação de 7.019 postos de trabalho e mais do que duplicou o registro do mês anterior (+0,75% e +2.974 vagas). A maior parte das novas ocupações (6.770) veio de Manaus, que teve expansão de 1,84% no estoque, no mesmo período. 

Foi o melhor número registrado pelo Estado neste ano, superando em muito a performance pré-pandemia apresentada em janeiro (+0,18% e 738 postos de trabalho) e fevereiro (+0,37% e 1.516). Pela segunda vez no ano, o Amazonas superou a média nacional (+0,66%) no incremento de saldo de vagas celetistas e, pela primeira, fez o mesmo em relação ao número relativo contabilizado pela região Norte (+1,26%). 

O desempenho mensal do Amazonas, contudo, ainda não foi suficiente para tirar do vermelho o saldo acumulado de postos de trabalho formais. De janeiro a agosto, o Estado ainda contabiliza queda de 1,16% na criação de vagas, graças à eliminação de 4.819 empregos. O estoque registrado no mês passado foi de 410.089 vagas. Os dados foram extraídos da mais recente edição do “Novo Caged”, divulgado pelo Ministério da Economia, nesta quarta (30).

Indústria e serviços 

O levantamento não inclui variações anual e acumulada para as atividades econômicas nos Estados. Diferente dos meses anteriores, todos os cinco setores econômicos listados tiveram altas mensais. O maior saldo veio da indústria em geral (+2.785 empregos) – que praticamente dobrou o número de julho (+1.513). O desempenho foi carreado pela indústria de transformação (+2.662), com bons resultados em águas, esgoto e gestão de resíduos (+114), e eletricidade e gás (+14), mas não na indústria extrativa (-5).

Pela primeira vez, desde o começo da pandemia, o setor de serviços (+2.492) passou ao terreno positivo, depois de ainda amargar corte de 92 vagas no mês anterior. Foi puxado para cima pelas atividades administrativas e serviços complementares (+1.713), alojamento e alimentação (+293), educação (+228), transporte armazenagem e correio (+187) e atividades profissionais, científicas e técnicas (+169). ‘Outros serviços’ (-122), informação e comunicação (-38) e atividades financeiras e de seguros fora na direção contrária (-28).

Na sequência, estão os setores de comércio e reparação de veículos (+1.031 postos de trabalho) – superando a margem de agosto (+804) – e de construção (+695) – também com reforço em relação ao mês anterior (+557). Em último lugar, a atividade agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+16) seguiu trajetória inversa à das demais e reduziu o passo em relação ao desempenho de 30 dias antes (+192).

Flexibilização e estoques

Na avaliação do presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, os números do “Novo Caged” revelam um resultado esperado. O dirigente lembra que o aumento de produção foi puxado pela expansão do consumo e, após a gradativa retomada dos negócios, flexibilização e reabertura dos estabelecimentos comerciais, os estoques começaram a cair, gerando necessidade de reposição e abertura de mais vagas de emprego.

“Portanto, as perspectivas são bem otimistas para o último trimestre do ano, com possibilidades reais de aquecimento da economia, mesmo porque aproximam-se as festas natalinas e de ano novo, embora ainda com restrições. Já imaginávamos que haveria esse aumento de mão de obra ocupada, repondo parte do que infelizmente foi eliminado durante a pandemia. Os indicadores econômicos revelavam isso. Como sempre, sou otimista espero que voltemos a crescer em patamar superior ao registrado antes”, frisou.

Auxílio emergencial

Em entrevistas recentes ao Jornal do Commercio, o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, assinalou que alguns segmentos industriais do PIM, especialmente eletroeletrônicos, bens de informática e duas rodas, cujas fábricas já estão trabalhando com mais de 80% de sua capacidade instalada para atender o tradicional aquecimento da demanda, na reta final do ano. 

O dirigente concorda que a mão de obra também segue em trajetória positiva – ou pelo menos de manutenção –, mas observa que o horizonte ainda é incerto para o setor. “Só o fato de termos mantido os empregos já é um fator muito positivo. Esperamos que, apesar dessa redução de R$ 600 para R$ 300 na ajuda que o governo federal passou, o consumo continue aquecido. Vamos aguardar o resultado das festas de fim de ano e o começo de 2021, período em que essa ajuda deve acabar”, ressaltou.

Perdas e sazonalidade

No entendimento do presidente em exercício da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Amazonas), Aderson Frota, embora o setor de serviços, assim como comercial, tenha sido um dos que mais tenha sofrido com o fechamento das lojas de bens não essenciais, já estava mais do que na hora de a atividade dar uma resposta em termos de desempenho, dada a proximidade do fim de ano e a sazonalidade para ambos. 

“Diferente do comércio, que ainda pode operar com os segmentos essências de alimentação e medicamentos, o setor de serviços ficou praticamente fechado e sobreviveu basicamente por delivery. Ainda não temos como avaliar o tamanho das perdas para as duas atividades nesse período. Mas, com a chegada do Dia das Crianças, e a aproximação do Black Friday e do Natal, a tendência é de aquecimento nas vendas e nas contratações. Tanto que alguns lojistas já projetam alta de 7% nas vendas deste último trimestre”, ponderou.

Custos e incertezas

Já o diretor de Relações de Trabalho do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas), José Carlos Paiva, aponta que o setor não parou na pandemia e vem ganhando velocidade maior a partir da flexibilização econômica de junho para cá, mas as altas exponenciais nos custos dos insumos são um obstáculo à consolidação desse crescimento, ao desequilibrar contratos e tornar o ritmo da atividade incerto.

“Nosso mercado é comparativamente pequeno e a expansão no país foi maior. Cabe destacar que a nossa retomada está sendo sustentada mais pelas obras públicas de infraestrutura. E tem esse problema do encarecimento dos materiais, que tende a comprometer a velocidade dessa recuperação. Ainda não está claro o quanto vai influenciar no andamento dos trabalhos, mas acho que já tivemos momentos piores e que a tendência ainda é de crescimento, no médio prazo”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar