Pesquisar
Close this search box.

Carving: peças de arte para ver e para comer

Evaldo Ferreira: @evaldo.am

Fazer belas imagens, coloridas ou em preto e branco, surgirem numa tela, ou mesmo, numa escultura, uma figura humana ‘nascer’ de uma rocha, isso já estamos acostumados a ver, agora, frutas e legumes virarem obras de arte criadas a partir das mãos habilidosas de chefs é uma coisa que quase não vemos na gastronomia baré, e olha que se trata de uma arte milenar, surgida na China, iniciada por feirantes que esculpiam bonitas figuras nas frutas e legumes que vendiam para atrair os clientes. Esse tipo de arte se espalhou pela Ásia e chegou ao mundo com o nome de carving (esculpir, em inglês).

Em Manaus, o chef Naifon Lima se especializou em carving e, lógico, como das frutas surgem figuras inimagináveis, seu trabalho vem fazendo sucesso.

“Eu passei a gostar de culinária ao ver minha avó e minha mãe preparando aquelas deliciosas comidas com ingredientes e temperos regionais, lá no Purupuru, no Careiro Castanho”, recordou.

“Em 2006 servi ao Exército e foi lá que me desenvolvi na gastronomia. Além de aprender no próprio quartel, eles ainda pagavam cursos para eu fazer, inclusive até trouxeram um instrutor, de São Paulo, para nos qualificar. Foi com ele que aprendi a técnica do carving”, recordou.

“Quando saí do quartel, me qualifiquei com a chef Marta Thompson, a referência em carving, no Brasil”, completou.

Marta já foi duas vezes campeã, em 2013 e 2014, do Campeonato Nacional de Esculturas em Melancias, em São Paulo, e promove vários cursos através da internet.

Faca tailandesa

Das feiras asiáticas para lugares de destaque como bufês de restaurantes e eventos, o carving evoluiu.

“Antes as pessoas decoravam suas mesas com arranjos florais, mas agora que estão descobrindo o carving, passaram a querer esse tipo de embelezamento, porque é um tipo de arte que não só embeleza, mas também atrai a curiosidade das pessoas pelo inusitado de figuras que podem ser feitas a partir de frutas e legumes, com detalhes de verduras”, falou Naifon.

Um único instrumento utilizado por Naifon para entalhar sua arte, ainda resquício asiático, é a faca tailandesa cuja característica é a lâmina ser bem menor do que o cabo, ao menos um terço deste, exatamente porque foi idealizada para realizar esse trabalho de entalhe.

“Se bem que, recentemente, participei do Prêmio Nacional Dólmã, em Macapá e, sem que eu esperasse, me pediram que fizesse um carving numa melancia. Como eu não havia levado minha faca tailandesa, tive que improvisar com uma faca comum, mas o resultado acabou ficando muito bom”, afirmou.

Naifon, e chefs que fazem carving preferem realizar seus trabalhos em melancias, pelo tamanho do fruto e consequentemente facilidade em trabalhá-lo, devido à superfície lisa, tanto que a chef  Marta Thompson foi bi-campeã no Campeonato Nacional de Esculturas em Melancias.     

“Mas dá pra fazer em jerimuns, melões, abacates. As menores frutas que eu já trabalhei foram maçãs, transformadas em tartarugas e aves; quanto a legumes, transformo cenouras em borboletas e peixes. Sobre as rosas, comuns de serem vistas, são a primeira aula para quem quer aprender a fazer carving na melancia. O resultado fica muito bonito e empolga o aluno, agora, se você não consegue fazer uma rosa, então é melhor desistir dessa arte”, avisou.

Cabeças de indígenas

Naifon explicou que algumas pessoas costumam desenhar na fruta, antes de entalhar, mas ele, pela prática, entalha direto, inclusive caricaturas de pessoas.

“É mais difícil. Posso levar uma hora pra fazer uma caricatura, enquanto uma rosa, ou outro desenho, demoro em torno de 30 minutos”, contou.

O resultado final do trabalho pode ficar tão bom, que muitas vezes as pessoas nem querem comer as frutas e legumes esculpidos.

“Uma vez promoveram um curso e uma senhora participante foi sorteada com o trabalho final do curso. Depois ela me contou que fazia cinco dias que colocava a peça na mesa, e depois devolvia para a geladeira, sem coragem de comê-la”, riu.

Um trabalho de Naifon que chama bastante a atenção é a cabeça de um indígena, cujo cocar é formado por bananas.

“Cabeças de indígenas são entalhadas no mundo todo, de acordo com a região onde são feitas. A minha homenageia os indígenas do Amazonas”, destacou.

Quem desejar aprender essa arte, o chef caboclo promove cursos e oficinas em seu restaurante La Casa, na Compensa, e dá consultoria em empresas, além de atender como personal carving.

“Ensino o carving e também a decoração gastronômica, na qual não é necessário entalhar as frutas. Indico esse trabalho para as pessoas que já tenham talento para as artes plásticas. Para elas é bem mais fácil aprender”, finalizou.

Quem quiser conhecer melhor o trabalho de Naifon, pode acessar seu Face: Naifon Lima; Instagram: @naifonchef; ou marcar uma visita ao seu restaurante pelo WhatsApp 9 8479-2766.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar