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Brandon Lee, quadrinista de Parintins, busca materializar suas ideias

Não só a ilha Tupinambarana, mas o município de Parintins, não para de produzir artistas, lançando-os para o Brasil e o mundo, tal qual Marlon Brandão, ou Brandon Lee, como ele assina suas HQs, que já possuem milhares de admiradores nacionais e internacionais, inclusive outros quadrinistas. Marlon nasceu na comunidade do Remanso, fora da ilha.

“Meu pai, Armando Silva, assistiu ao filme ‘Super Homem – o filme’, no qual Marlon Brando era o pai do Super Homem, e resolveu homenagear o ator colocando seu nome em mim. O Brandão é da minha mãe”, contou.

Por sinal, a mãe de Brandon Lee, Maria do Carmo, foi a grande incentivadora do filho, nas artes.

“Ela sempre trazia para mim bonequinhos de super heróis. O primeiro foi o Capitão América. Em casa, eu desenhava os bonequinhos. Eu tinha cinco anos. Quando estava com treze, comecei a criar personagens. Minha inspiração sempre veio da nossa fauna e flora, baseada nos mitos e lendas da Amazônia mescladas com o povo nórdico, da Noruega”, explicou.

Brandon Lee foi mais um dos aprendizes do irmão Miguel, 30 anos atrás. Com o frei católico, mestre no desenho, pintura e escultura, o garoto desenvolveu o talento nato que possuía.

Em 2017, bancando do próprio bolso, o desenhista parintinense lançou seu primeiro trabalho, ‘Os titãs da Amazônia – água, o combustível do povo Arara’, mil exemplares, ‘rodados’ em Manaus. E venderam todos.

O primeiro gibi, 1.000 exemplares todos vendidos – Foto: Divulgação

“Quase tudo foi vendido em Parintins. Eu saía oferecendo para os amigos e, de porta em porta. Divulguei na internet e começaram a aparecer pedidos de outros estados”, falou.

Uma curiosidade: o QG dos titãs e o Teatro Amazonas.

Surgem os titãs da Amazônia, com QG no Teatro Amazonas – Foto: Divulgação

Maior criador de personagens    

Agora o quadrinista comemora seu projeto ter sido contemplado no Edital Prêmio Feliciano Lana, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, através de Lei Aldir Blanc, e se prepara para editar, em outubro, mais duas HQs, uma sobre a história do Garantido, desde o mestre Lindolfo Monteverde; e o outra do Caprichoso, a partir de seu fundador, Rock Cid.

“A idéia é continuar editando esses gibis, dos dois bois, porém, contando as histórias de outros personagens marcantes de cada um deles. É um trabalho inédito, no qual pretendo mostrar o nosso folclore através dos quadrinhos”, disse. Além de desenhar, Brandon Lee é compositor do Garantido há mais de 20 anos, tendo composto, em parceria, toadas antológicas, como ‘Cawaiuá Parintintin’, ‘Abaité Tupi’, ‘Hearu’, ‘Nação kaxinauá – gente caranguejo’, ‘Maricá e as flechas serpentes’, entre outras.

Desde que seus trabalhos começaram a ganhar fama após a publicação de ‘Os titãs da Amazônia’, e divulgação nas redes sociais, Brandon Lee não parou mais de produzir HQs, aguardando a oportunidade de editá-las. Ele já tem prontas: ‘Imigração japonesa na Vila Amazônia’, ‘A fadinha azul’ (para crianças autistas), ‘Os guardiões de Parintins’ (para crianças com Síndrome de Down’), ‘Histórias de Tonzinho’ (com histórias contadas por Alfredo, filho de Tonzinho Saunier, famoso historiador de Parintins), e ‘Curandeiros’ (no qual destaca os curandeiros famosos da ilha, como Waldir Viana). Uma das suas HQs, ‘Mariposa’, está publicada no YouTube.

Mariposa, personagem inspirada na atriz Isis Valverde – Foto: Divulgação

“É a história de Ísis, uma bióloga heroína, que atua na Amazônia. Me inspirei na atriz Isis Valverde para criar essa personagem, da mesma forma em que me inspirei na modelo Gisele Bundchen para criar a Mulher Arara”, revelou.

Agora Brandon Lee trabalha num projeto para o qual está dando atenção especial. É a HQ ‘Ajuricaba Manaó’, com a história do líder indígena, símbolo de luta dos amazonenses, com roteiro do professor Zoezer Brasílio.

“Acredito que, no Brasil, não tenha nenhum quadrinista que tenha criado mais personagens do que eu. Se tiver, gostaria de conhecer”, avisou.

Amigos internacionais

Em seu trabalho com desenhos, há cerca de dez anos Brandon Lee conta com um ajudante para todas as horas, seu filho Miguel Ângelo que, como ele, desde os cinco começou a se interessar pelos quadrinhos.

Miguel Ângelo, seguindo os traços do pai – Foto: Divulgação

“Seu nome é uma homenagem ao irmão Miguel e, claro, a Miguelângelo. O meu Lee também é uma homenagem ao grande Stan Lee”, destacou.

Miguel Ângelo, além de desenhar, finaliza e colore os trabalhos do pai. Ambos, agora, trabalham num importante projeto do editor Reginaldo Carlota, de São Paulo.

“Trata-se do projeto ‘Mirza Sanguinária’, personagem criado, em 1967, por Eugênio Colonnese. Reginaldo irá lançar um álbum com vários artistas desenhando histórias da Mirza Sanguinária. Ele conheceu meus trabalhos através das redes sociais e me convidou para participar do projeto. Me mandou a história e, junto com o meu filho, estamos desenhando”, informou.

Apaixonado pelos heróis da Marvel e DC Comics, Brandon Lee orgulha-se de manter contato com vários desenhistas das duas potências das HQs que, de lá dos Estados Unidos, lhe mandam mensagens, bem como desenhistas brasileiros. Enquanto aguarda dinheiro e sucesso mundial, o artista parintinense trabalha em seu projeto ‘Ativista comics’, no qual faz desenhos em tampas de frios que iriam para o lixo.

“Essas tampas, além de outros trabalhos que faço, são o meu ganha pão, em Parintins”, concluiu.    

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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