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Bar é lugar de bate-papo, resenha e Copa do mundo

Resenha significa descrever, com detalhes, algum acontecimento, tal qual acontece entre torcedores, na mesa de um bar, após um grande jogo quando os lances são relembrados em seus pormenores mais parecendo opinião de especialistas. Mas na Praça 14 de Janeiro, o Resenha.com (rua Emílio Moreira, 1577) é o mais novo bar, que naturalmente se tornou um ponto de encontro de torcedores, principalmente em dia de importantes jogos exibidos na TV para os clientes. O Resenha.com foi inaugurado há menos de um mês pelo fotógrafo, e agora empreendedor, Walter Mendes junto com sua esposa Cléo Nascimento, para suprir a carência desse tipo de estabelecimento exatamente num bairro onde o futebol é a paixão de boa parte dos moradores, sem falar dos boleiros, que depois querem ‘resenhar’ os seus feitos dentro das quatro linhas.

“Eu sempre joguei bola, e jogo até hoje, e a Praça 14, há muitas décadas é um bairro onde o futebol é o esporte preferido da molecada, que cresce e envelhece jogando futebol. O boleiro só para de jogar quando não aguenta mais correr”, revelou Walter.

“Antes de abrir o Resenha.com observei que nessa região onde ele está não existia outro bar, principalmente reunindo clientes apaixonados por futebol, por isso foquei nesse esporte. Joguei futebol de salão, society, de campo, participei de campeonato estudantil na Colina, no Vivaldão, conheço todos os boleiros do bairro, sem falar que, como repórter fotográfico de jornais de Manaus, inclusive do Jornal do Commercio, cobri vários eventos futebolísticos”, lembrou.

“A decoração, em verde e amarelo, já está preparada para receber os torcedores durante a Copa do Mundo do Catar”, avisou.

Uma vida da 14

Um dos clientes mais assíduos do Resenha.com é Ênio Moraes, 68 anos de idade, há 68 anos morador do bairro. Desde que o bar inaugurou, Ênio é um dos clientes fidelizados. Teve jogo do Vasco da Gama, pode aguardá-lo com sua caneca com a logo do clube cruzmaltino preparado para tomar aquela cerveja gelada acompanhada de um frango a passarinho.

“Quando tem jogo de algum dos rivais do Vasco, eu também venho, mas só para ‘secar’ e vê-los perder”, riu.

Vivendo toda a vida no bairro, Ênio confirma que o Resenha.com é único na região e ensina que os bares são importantes para as pessoas extravasarem suas emoções através de um bom petisco, cerveja e conversa com os amigos. Falando em petisco, Cléo é a responsável por eles. Enquanto Walter fica na linha de frente, atendendo os clientes, a quase totalidade, amigos do bairro, Cléo atua na cozinha, preparando os petiscos.

Acostumada a preparar a boa comida caseira para a família, para ela não foi difícil entrar nessa junto com o marido, tanto que os petiscos recebem muitos elogios dos clientes: bolinhos de bacalhau, calabresa frita, isca de carne acebolada, batata frita e bolinhos de pirarucu, sem falar dos sanduíches, o X-Golaço, o X-Firula e o X-Tirambaço. Boleiros sabem bem o que significam esses nomes. Walter já anuncia para breve o lançamento da feijoada, aos sábados, e quem sabe, até pagode no amplo espaço atrás do bar, afinal de contas, a Praça 14 de Janeiro é o berço do samba manauara. Foi lá que, em 1946, surgiu a primeira escola de samba de Manaus, a Escola de Samba Mixta da Praça 14 de Janeiro que existiu até 1962, e desde 1975, o bairro abriga uma das escolas de samba do Grupo Especial da cidade, a verde e rosa Vitória Régia.

Celeiro de boleiros

A Praça 14 de Janeiro, cujo núcleo populacional começou por volta de 1886, é um dos bairros mais antigos de Manaus, junto com o São Raimundo, 1849; Educandos, 1857; Aparecida, 1888; e Cachoeirinha, 1892. Em todos surgiram núcleos de futebol e praticantes deste esporte a partir de 1902 quando os ingleses chegados para trabalhar na construção do porto, trouxeram o football para a cidade.

“Diria que aqui é um celeiro de boleiros, que jogaram principalmente nas categorias de base dos clubes profissionais. Na minha infância, como em todos os bairros da cidade, aqui existiam muitos campinhos, um a um sumiram à medida que o bairro foi ficando mais populoso. O único jogador que eu recordo ter chegado ao profissionalismo e atingido o sucesso foi o Sérgio Duarte, até hoje morando aqui. Sérgio jogou no Nacional, depois atuou em Portugal e na Escócia. Atualmente vive na Praça 14, é dono de vários imóveis e, de vez em quando, aparece aqui no Resenha.com”, falou.

Walter até tentou ser jogador profissional mas, adulto, preferiu a garantia do emprego como bancário, porém, jogou no campeonato dos bancários e conquistou o bi-campeonato no futebol de salão, na década de 1990. Depois se profissionalizou fotógrafo e professor de fotografia. Este ano foi vice-campeão no torneio dos cinquentões, na Vila Amazonas.

“Uma vez boleiro, sempre boleiro. Não tem jeito. Quando me aposentar, em definitivo, dos campos, terei o Resenha.com para compartilhar com os amigos as resenhas do passado”, concluiu.

O Resenha.com funciona de terça-feira a domingo, das 8h às 18h. Informações: 9 9185-7492.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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