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A violência na cidade de Manaus

Temos acompanhado várias notícias sobre diferentes ondas de violência na cidade de Manaus e de que elas ganham importância e dramaticidade na sociedade; suas expressões, os atores que a protagonizam e as conseqüências são as mais plurais, onde o aparato de segurança pública mostra-se incapaz de conter a criminalidade e todo tipo de manifestações violentas, levando a própria sociedade a certas reações na tentativa de se fazer “justiça com as próprias mãos”.
Nos tempos atuais, a violência invadiu todas as dimensões da vida e das interações dos indivíduos. A impressão que temos é que não há saída para o caos social e devemos mesmo entregar os pontos para que o destino se consolide.
Os jornais têm veiculado alguns casos de tentativas de linchamento que manifestaram, de certa forma, a indignação dos populares e o descrédito nas instituições policiais, assaltos de toda a sorte, crimes dos mais bárbaros, seqüestros relâmpagos, violência doméstica e escolar e outros episódios que têm chocada a nossa sociedade.
Manaus tem sido palco das mais inusitadas expressões e formas de violências; nela explode-se a fúria, o descontrole emocional, o medo que produz conseqüências, a insegurança neurótica das pessoas.
Uma coisa é certa: onde há medo, há ameaças; onde estão as ameaças manifesta-se a violência; os que não conseguem se ajustar a dinâmica do “ter”, transformam a fragilidade que suas frustrações provocam num feroz potencial de agressividade. Jurandir Freire Costa nos leva a compreensão de que a violência é o emprego desejado de agressividade com fins destrutivos. Agressões físicas, brigas, conflitos podem ser expressões de agressividade humana, mas não necessariamente expressões de violência. Na violência a ação é traduzida como violenta pela vítima, pelo agente ou pelo observador. A violência ocorre quando há desejo de destruição.
A marca constitutiva da violência é então a tendência à destruição do outro, ao desrespeito e à negação do outro.
A psicanálise nos ensinou que a agressividade é constitutiva do ser humano; podemos desencadear impulsos destrutivos voltados para fora (heteroagressão) ou para dentro do próprio indivíduo (auto-agressão). E esta agressividade relaciona-se sempre com o pensamento, imaginação ou com ação verbal e não-verbal.
A erupção de atos de agressividade acontece quando há uma fragilidade no processo educativo, civilizatório e dos mecanismos de controle social que não conseguem ser eficazes nos seus objetivos. Aprendemos a reprimir e a não expressar de forma descontrolada essa agressividade e também o mundo da cultura cria condições para que o indivíduo possa canalizar, levar esses impulsos para produções socialmente aceitas.
Mas as crises estruturais e das relações tradicionais têm contribuído para que a máxima popular de se fazer “justiça com as próprias mãos” ganhe importância entre a população. A violência e a “justiça pelas próprias mãos”, acontece num cenário onde a pobreza se agudiza, as desigualdades ganham proporções inusitadas pela má distribuição de renda, uma polícia que age com ineficiência e corrupção, desemprego estrutural, aumento do narcotráfico, descrença na justiça, valorização dos esquadrões da morte.
O fenômeno de se fazer “justiça com as próprias mãos”, visualizado na cidade de Manaus, sugere uma contradição gritante de que a sociedade não está conseguindo criar as condições adequadas para se coibir os atos de agressividade e manter o mínimo de consenso; ele ganha força nas condições de uma sociedade marcada pela fragilidade institucional e o não funcionamento legítimo de instituições que deveriam garantir a segurança dos cidadãos. Vivemos momentos em que na nossa civilização a cultura não dá mais conta de canalizar a agressividade para condutas socialmente construtivas; tais impulsos não encontram mais canais, formas de expressar-se dentro dos limites da lei, das regras.
Estes atos de violência acontecem no momento histórico em que se rompeu o pacto social, o direito ao trab

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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