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Vá plantar batatas

Depois do pão de trigo, a batata frita é o prato mais conhecido no mundo ocidental. Aceito e bem apreciado por todos. No acompanhamento do nosso bife ou como tira-gosto, a onipresente batata está arraigada no nosso dia-a-dia. Agora existem mais de 150 variedades de batatas, só na Europa. Este número vem aumentando porque todos os dias são feitos novos cruzamentos. Ela faz parte na maioria dos pratos nas residências ou nos restaurantes. 

E ainda, não falamos da nossa conhecida batata doce- que também tem muitas espécies e muitas maneiras de ser preparada, presença obrigatória em muitos pratos. 

Para quem não sabe, os Incas, no Peru, já cultivavam batata há mais de dois mil anos. No século XVI, desbravadores espanhóis levaram-na para a Europa. Viu só? A biopirataria começou com a usurpação da batata pelos espanhóis. E hoje têm a cara de pau de chamá-la de batata inglesa ou batata portuguesa. No entanto, o Peru ainda é o país de maior diversidade de batata. Estima-se que haja cerca de 4.000 variedades, uma minoria não comestível. 

Demorou mais de duzentos anos até que ela se tornasse popular entre os europeus. E não foi por acaso. Por ser uma planta de rápido crescimento. Do plantio à colheita transcorrem apenas de 90 a 120 dias, dependendo da variedade. Pode ser plantada em pequenas áreas, então foi adotada como solução para a fome na Europa. Isso fez com que se tornasse a menina dos olhos de muitos governantes. Além disso, seu valor calórico é superior a muitos outros componentes da mesa.  Na antiga Prússia (hoje Alemanha) o rei Frederico, o Grande, obrigou todos os agricultores a plantar batata. Isso por decreto real. Com isso, o Grande Rei contribuiu para disseminar a planta e criar a expressão: “Vá plantar batata!” É uma história pouco conhecida.

Os peruanos, nos tempos atuais, se destacam por sua gastronomia. Vale a pena conhecer alguns ingredientes como o alho de superior qualidade daquele país. Parece que os navegadores já tinham conhecimento disso, porque em todos os registros de navegações, há relatos de “especiarias” sem identificar quais.

Agora que você conhece a história da batata, disfarça. Quando você mandar alguém “plantar batatas”, explique que o decreto do Rei Frederico não está mais em vigor. Que, na verdade, você quer mandá-lo fazer outra coisa em outro lugar e que a batata só entrou como reforço de expressão, ou tempero.

Por outro lado, não seja excessivamente bairrista – afinal, Peru é nosso vizinho – a ponto de chegar à feira e pedir “batata peruana”. O feirante, para não passar por idiota, responderia: “Chega semana que vem”. Ou, então: “Acabou ontem”.

Sabendo de onde vem a batata podemos consumi-la sem culpa de estar ingerindo uma falsa planta. Também não precisamos exagerar e comer só batata. Purê de batatas; batata frita, cozida e assada; salada de batata; batata doce e salgada… E a sobremesa? Lógico, doce de batata. Você aguentaria?

Fala sério! Nem por decreto.(Luiz Lauschner)

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