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Varejo ensaia recuperação no ano

O varejo do Amazonas esboçou recuperação nas vendas cotidianas do mês da Páscoa, acelerando acima da média nacional. O setor avançou 1,4% entre fevereiro e março, que teve a mesma quantidade de dias úteis. Foi um resultado que eliminou a perda do mês anterior (-1%). O confronto com o mesmo período de 2023 mostrou expansão de 3% no volume comercializado pelos lojistas amazonenses, alimentando o trimestre (+4,3%) e o acumulado dos últimos 12 meses (+3,2%). É o que revelam os números da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgados nesta quarta (8), pelo IBGE.

A reaceleração do Amazonas veio em ritmo superior ao capturado no varejo brasileiro, que estabilizou na variação mensal. Sete dos oito segmentos acompanhados pelo órgão de pesquisa encolheram, com destaque para material de escritório, informática e comunicação. Mas, os comerciantes brasileiros conseguiram crescer 5,7% sobre março de 2023, graças aos bons resultados de super/hipermercados, drogarias/farmácias e itens de uso pessoal. Com isso os acumulados do ano e dos 12 meses, alcançaram expansões de 5,9% e 2,5%, respectivamente.

O varejo avançou em 16 das 27 unidades federativas, entre na passagem de fevereiro para março. A  alta de 1,4% fez o Amazonas escalar da 26ª para a sétima posição. O melhor desempenho veio de Sergipe (+3,7%) e o pior, de Mato Grosso (-11,2%). A elevação de 3% atingida pelo Estado no comparativo com o mesmo mês de 2023 foi apenas a 22ª melhor do país, em uma lista encabeçada pelo Amapá (+13,4%) e encerrada pelo Espírito Santo (-2,8%). No acumulado do ano (+3,1%), o varejo amazonense caiu para a 22ª posição, com os extremos ocupados também por Amapá (+14,9%) e Espírito Santo (-0,3%).

Inflação e crédito

A desaceleração do IPCA de março (+0,16%) reduziu o descolamento da receita nominal – que não leva em conta a inflação do período –em relação às vendas efetivas apenas nos resultados de curto prazo. Com isso, a variação do faturamento bruto ficou positiva em 1,5% entre fevereiro e março, em desempenho superior ao do levantamento anterior (+0,3%). O confronto com o terceiro mês de 2023 indicou acréscimo de 5,4%, fortalecendo o trimestre (+6,1%) e o aglutinado dos 12 meses (+4,4%). As respectivas médias nacionais (+0,7%, +8,5%, 8,2% e +4,1%) também foram todas positivas.

Em razão do tamanho da amostragem, o IBGE ainda não segmenta o desempenho do comércio no Amazonas. Sabe-se apenas que os subsetores de veículos e material de construção, desta vez, puxaram os números do setor para baixo. O varejo ampliado retrocedeu 1,8% na variação mensal, em performance mais fraca do que em fevereiro (+0,2%). A elevação de 0,6% frente ao mesmo mês de 2023 assegurou crescimento de 6%, no trimestre, e de 4,1%, na variação anualizada. O Estado se saiu melhor do que a média do país (-0,3%, -1,5%, +4,6% e +2,9%) nesse quesito.

O comércio brasileiro registrou um mês positivo apenas para os oito segmentos investigados pelo IBGE: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+1,4%). Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-8,7%); móveis e eletrodomésticos (-2,4%); livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%); e combustíveis e lubrificantes (-0,6%) sofreram as quedas mais acentuadas. Já tecidos, vestuário e calçados (0,4%); hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%); e artigos de uso pessoal e doméstico (-0,1%) ficaram estatisticamente estáveis.

Expectativa incerta

O chefe de Disseminação de Informações do IBGE-AM, Luan da Silva Rezende, enfatizou que, após um início de ano de vendas baixas, o comércio amazonense voltou a crescer de forma mais consistente em março. “O destaque negativo do mês foi aquela parte que chamamos de comércio ampliado, onde estão as vendas de veículos, peças e materiais de construção, e que teve queda nas duas comparações. A média móvel trimestral de +0,42% no comércio em geral (e de +1,8% no varejo ampliado), não permite considerar aumento de vendas para os próximos meses. Melhor aguardar o desempenho a ser apresentado na próxima divulgação”, ressaltou.

Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, ressalva que os subsetores que sofreram as maiores quedas mensais em âmbito nacional já vinham construindo bases de comparação elevadas. Móveis e eletrodomésticos vieram de “um Natal menos intenso, e acabou apostando no aumento de promoções, que fortaleceu as vendas nos meses de janeiro e fevereiro”. O pesquisador aponta que equipamentos e material para escritório, informática e comunicação sofreram também com a (re)valorização do dólar, já que trabalha com muitos produtos importados. 

Cristiano Santos destaca que o único resultado positivo do mês, de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, veio do terceiro grupo de atividades com mais peso na pesquisa, e que seu crescimento também se deu em cima de uma alta ainda mais forte, em fevereiro. “Com a diferença que é um resultado mais ancorado em higiene pessoal, como cosméticos e perfumaria, do que em saúde e produtos farmacêuticos, como aconteceu em fevereiro”, explicou.

Foco na vazante

O presidente em exercício da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, disse à reportagem do Jornal do Commercio que está começando a viver uma recuperação, em meio aos preparativos para o Dia das Mães e para as datas comemorativas do segundo semestre. Mas salientou que o horizonte de uma estiagem mais severa que a de 2023 traz preocupações e mais custos para os lojistas, forçando a entidade a se mobilizar junto a seus pares e às autoridades.

“As vendas têm crescido e o endividamento das famílias tem caído, o que é realmente muito promissor e alvissareiro. Mas, nós precisamos muito mais. Estamos recomendando a todos os empresários que não deixem chegar ao fosso da estiagem, que vai aumentar custos de toda a natureza. Isso vai nos proteger de todos os desgastes que sofremos no ano passado. Vamos ter de nos programar e planejar, e comprar com antecedência, evitando a descapitalização e a inadimplência (com tributos), que podem vir em decorrência”, arrematou.  

Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio
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