O transporte marítimo representa cerca de 11% das emissões totais de CO2 no setor de transporte. Esta série aborda as empresas que desenvolveram o primeiro barco e agora estão partindo para um navio cargueiro movido à hidrogênio líquido (LH2) como fonte de energia limpa e renovável, uma solução promissora para mitigar consideravelmente os impactos ambientais, gerar emprego e ainda melhorar a qualidade de vida ao longo do tempo.
Este caso vem novamente da Toyota e parceiros, uma das empresas que está na vanguarda em relação ao desenvolvimento de veículos movidos a H2.
Em termos de transporte marítimo, desde 2013, a francesa Energy Observer Foundation em parceria com a japonesa Toyota Motor Europe, Unesco, Air Liquide e outras organizações, vêm desenvolvendo um projeto inovador para o setor de embarcação, é o “Energy Observer”, considerada a primeira embarcação movida a H2 que não emite ruído, gases de efeito estufa ou partículas finas.
Esta embarcação elétrica é autossuficiente, alimentada por uma combinação de energias renováveis (vento, sol e hidráulica) e um sistema que produz H2 livre de CO2 a partir da água do mar, um sonho de consumo para qualquer dono de barco, governante ou planejador de políticas públicas comprometidos com o meio ambiente, conforto dos usuários e melhoria da qualidade de vida da população.
Ele é uma espécie de catamarã e foi lançado em 2017 < https://tinyurl.com/22z63yu9>, na cidade portuária de Saint Malo e circum-navegou a França. O barco inclui velas, painéis solares bifaciais de heterojunção, turbinas eólicas verticais, um sistema de controle com mais de 1.500 sensores, centenas de alarmes e um sistema de células de combustível de H2.
Para quem não conhece, este é o lendário barco que conquistou o Troféu Jules Verne nas mãos de Sir Peter Blake no século passado, foi comprado pelo idealizador do Projeto, Victorien Erussard, e teve apenas seus cascos transformados em um verdadeiro laboratório flutuante. A tripulação conta com dois a três engenheiros a bordo, e o barco possui uma vasta célula central operada por telas sensíveis ao toque que controlam todos os sistemas, iniciando uma nova aventura para esta embarcação que está se tornando lendária.
O Energy Observer vem realizando viagens ao redor do mundo para interagir com especialistas das mais diversas áreas, passando por várias cidades e graças ao apoio da Qair energy <https://tinyurl.com/bdetpakx>, ancorou no Brasil, em sua 83ª escala, entre 16 e 24 de novembro/23, na cidade de Fortaleza, oportunidade na qual a tripulação teve a oportunidade de conhecer o etanol brasileiro.
O projeto já tem mais de uma década de testes e de aperfeiçoamentos e a grande novidade é o novo salto que está sendo dado, de pequeno catamarã agora ele ficou mais ousado e evoluiu para o Energy Oberver 2, um protótipo de navio de carga multiuso <https://tinyurl.com/mehzakky> movido a LH2 a ser lançado em 2025.
Segundo Victorien Erussard, Presidente e Fundador da Energy Observer Foundation <https://tinyurl.com/48hjjxun> este navio tem as seguintes características: comprimento de 120m, largura de 22m, calado de 5,5m, superfície das velas igual a 1450m2, capacidade de transportar 240 contêineres (TEUs), com peso morto de 5 mil toneladas, velocidade comercial de 22,22 Km/h, potência de propulsão elétrica de 4 MW, potência fornecida pelo sistema de células de combustível de H2 a bordo é de 2.5 MW, capacidade dos tanques de armazenamento de LH2 é de 70 toneladas (ou 1000m3) e autonomia máxima estimada em 7408 Km. Além disso, como o navio tem capacidade de produzir mais H2 a partir da água do mar utilizando energia renovável durante a viagem, isso amplia ainda mais seu alcance operacional potencial.
Diante do exposto, considerando a abundância de recursos hídricos, energia solar e a significativa utilização de combustíveis altamente poluentes nas milhares de embarcações na região do Amazonas, torna-se imperativo cobrar da elite empresarial, política e governamental do Estado do Amazonas o desenvolvimento de políticas públicas, incentivos, infraestrutura e regulamentações que promovam a adoção de soluções fluviais fundamentadas no uso de H2, energia solar e outras tecnologias sustentáveis.