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Como trabalhar a Educação Básica em prol de uma indústria competitiva

André Ricardo Costa

Professor da UFAM

O ser humano é o recurso mais valioso. Podem jorrar rios de inteligência artificial que essa verdade nunca mudará, e nunca foi clichê. A ocorrência de adultos produtivos, consequência de crianças e adolescentes bem habilitados por um processo educacional, pode ser vetor de atração de investimentos a uma região, e fonte de vantagem competitiva às empresas estabelecidas. Foi assim na Nova Inglaterra da DuPont e General Electric. É assim no Vale do Silício de IBM e Apple. Está sendo assim em Maracanaú, do Ceará.

O Ceará é exemplo de educação levada a sério. Mesmo com desfavoráveis indicadores sociais e de finanças governamentais, conseguiu elevar os de educação básica para os melhores do Brasil. Em 2005, no início da série de avaliações do Saeb, a nota de matemática das crianças cearenses era 140. Subiu para 230 em 2019. Entre os destaques há o município de Maracanaú, que acrescentou ao sucesso educacional o quarto lugar entre as melhores cidades do Brasil para investimentos industriais, à frente de Manaus, em ranking da revista Exame para o ano de 2023.

Repito “quem está atrás deve dar um salto”. A liderança empresarial amazonense precisa apreciar a educação entre as dimensões da competitividade. Individualmente ou em cooperação, natural que as indústrias monitorem simultaneamente o mercado consumidor, os financiadores e a cadeia de fornecimento de matéria-prima e demais meios de produção. Alguns fatores são monitorados mais que outros. A formação de recursos humanos é um dos fatores menos monitorados pela indústria amazonense. Não precisa continuar assim. 

Por estatísticas gerais, como as do Nobel de Economia James Heckman, e evidências anedóticas, é bem conhecido o fato de que os esforços em prol da educação básica dão retorno de duas a três vezes maior que os empregados nos níveis maiores de escolaridade. Da biografia dos grandes inovadores que impulsionaram ou criaram indústrias, há a lição do quanto as habilidades precisam ser absorvida na mais tenra idade. É isso que motiva os líderes cearenses. E em democracia não há motivo para deixar esse assunto apenas nas mãos dos governantes, sobretudo agora que nosso modelo de desenvolvimento tem inarredável data marcada para morrer. 

Ocorre que nessa tenra idade a relação de causa e efeito é bem menos nítida, e por tabela as formas com que a liderança empresarial pode colaborar. Os melhores exemplos do mundo e do Brasil são mais facilmente identificados por ações filantrópicas, essencialmente individuais. Difíceis de serem coordenadas como uma agenda da liderança empresarial. Há que se pensar em soluções peculiares à nossa realidade.

Há dois caminhos à disposição da indústria, que podem ser trilhados concomitantemente. Um é direcionar parte dos recursos institucionais, materiais e humanos formados por décadas de Lei de Informática aos estudantes do nível básico, seja fomentando educação tecnológica, ensino mediado por tecnologias, seja aplicando dos princípios “uma geração educa a outra” e “aprender fazendo”. Outro é chegar diretamente ao ambiente escolar, ou mediado pelos gestores centrais, e propor estratégias e rotinas alinhadas aos interesses e condições das famílias, alunos e professores. 

Muitas dessas iniciativas podem ser de baixíssimo custo, como sugestões aos processos de gestão, visitas técnicas e apoio em competições de Matemática, Robótica e Linguística. O sistema educacional oferta mecanismos para receber este apoio. Escolas e professores têm autonomia, e são recompensados por melhorias nos resultados e projetos inovadores. A oportunidade e a necessidade estão evidentes. 

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