Vivemos um momento muito especial e ao mesmo tempo preocupante em relação ao tempo e sua administração adequada. A tecnologia vem a cada dia buscando eliminar o excesso de tempo gasto em uma mesma tarefa e com isso a administração busca ganhar qualidade e produtividade em um menor espaço de tempo possível. Como consequência observamos a real economia de tempo e mais facilidades nos processos existentes. Temos mais tempo para desenvolver outras tarefas e o que vemos é o aumento do estresse no cotidiano das pessoas e profissionais. Não estamos sabendo planejar de modo satisfatório o tempo e o momento de ócio.
Convencionamos o ócio como algo improdutivo no campo profissional. Precisamos rever conceitos e culturas sob pena de não transformar e melhorar nosso futuro. Nos dicionários se destaca ócio como descanso do trabalho, folga, lazer. Pior ainda é o conceito de pessoa ociosa que é chamada de desocupada, preguiçosa e não se esclarece que o ócio mesmo com este conceito é necessário para todos. Será que momentos de ócio bem planejado pelo ser humano não trazem fatores positivos como equilíbrio entre organização e família, momentos de reflexões mais profundas e até mesmo busca de soluções adequadas para problemas profissionais e pessoais?
O descanso faz parte da necessidade fisiológica do ser humano e desta forma podemos criar maiores e melhores desafios para os envolvidos com a certeza de conclusão e atingimento dos objetivos traçados. Assim, estaremos analisando o ócio como algo produtivo e iniciando uma nova concepção da palavra. Os líderes devem iniciar o processo de melhor administrar o momento de ócio, pois já a algum tempo há a necessidade de esclarecimento que quanto mais se cria tecnologia mais deveremos ter tempo para desempenhar um maior número de tarefas nas organizações tendo apenas o cuidado de não exagerar nos tamanhos e quantidades a fim de não criarmos estresses físicas e consequentemente improdutividades.
A qualidade, produtividade e rentabilidade empresarial é uma busca constante nas organizações, e nesta busca desenfreada deparamos com situações e gestões focadas única e exclusivamente para os processos esquecendo-se da gestão de pessoas. Precisamos urgente buscar o melhor equilíbrio entre pessoas e processos e um bom começo para isto é planejar as ações com a consciência de iniciarmos um novo comportamento buscando o equilíbrio individual da organização da qual fazemos parte. Não podemos generalizar nossa administração, pois, liderar pessoas pode diferir de organização para organização.
Certamente, se continuarmos com o mesmo conceito do ócio dos dicionários não poderemos esperar muita coisa de nossos profissionais e estaremos sempre achando que eles devem trabalhar mais e mais esquecendo do equilíbrio necessário entre trabalho e lazer. Devemos transformar os momentos de ócio em produtividade a partir da observação que ele é necessário, todavia, deve ter seu planejamento definido e claro a fim de proporcionar maiores reflexões, busca de ideias, integração entre família e empresa. Fazendo um mau uso do ócio evitaremos o pensar, o ponderar, ao criar, o desenvolver e mesmo o transformar. Este uso deve ser criado com o foco de conscientização, pois, uma coisa não podemos negar, o ócio continuará a existir e a opção de transforma-lo em ponto positivo ou negativo nas organizações depende diretamente de todos os líderes e liderados.
Vamos pensar sobre isto?
Flávio Guimarães é Mestre em Engenharia de Processos, Diretor da Guimarães Consultoria e Treinamento Empresarial Ltda., Administrador de Empresas, Especialista em Empresas Públicas e Privadas