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“Vamos passar o Brasil a limpo”

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Há muito o lixo produzido pelo ser humano é um problema, mas ele nunca foi tão problemático como agora quando uma humanidade industrializada de sete bilhões de pessoas, não para de produzir descartáveis. Pesquisa divulgada em julho na revista Science Advances mostrou que desde que começou a produção em massa do plástico (o principal poluidor do planeta), desde 1950 até 2015, já saíram das fábricas 8,3 bilhões de toneladas do produto. Desse total, cerca de 6,3 bilhões já foram descartados, estando 79% acumulado em aterros ou poluindo o ambiente natural, 12% acabou incinerado, e apenas 9% foi reciclado.

Para tentar resolver a situação do excesso de lixo ou, na melhor das hipóteses, reduzi-lo ou controlá-lo, o advogado Jomateleno dos Santos Teixeira criou em São Paulo o Iner (Instituto Nacional de E-Logística Reversa), uma ONG que tem como ‘braços’ pelo país o Elo Social e o Sindetap. Em entrevista ao Jornal do Commercio, o economista Felipe Raphael Pinto Silva, presidente do Elo Social Amazonas, falou mais sobre o trabalho do Iner.

Jornal do Commercio: Explique melhor o que é o Iner e a que se propõe?
Felipe Raphael: O Instituto Nacional de E-Logística Reversa foi constituído com o objetivo de contribuir para a implementação da lei 12.305/2010 que trata da PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) através de instituições, empresas e cidadãos realmente comprometidos com uma política social mais justa, responsável e sustentável.

Já o Elo Social é a parte social desse projeto, que visa implantar todos os programas advindos da construção das unidades de usinas Iner, além de ter a função fiscalizadora da administração pública. E ainda tem o Sindetap, que completa o tripé. É o sindicato que representa a categoria dos decoradores e tapeceiros cuja função é muito importante na implementação desse projeto nos Estados.

JC: O Japão é um exemplo quando o assunto é tratamento de lixo. É cultural os japoneses se preocuparem em não produzir muitos descartáveis. As ruas são limpas e não existem lixões nas cidades, substituídos por modernas usinas de tratamento de lixo. Vocês pretendem fazer o mesmo no Brasil?
FR: O projeto Iner tem a solução definitiva para os resíduos sólidos do Brasil, coisa que o governo nunca se preocupou em fazer. Vamos fazer cumprir a lei 12.305/2010 que hoje é maquiada por aterros sanitários, na verdade, lixões disfarçados. 60% do Brasil tem lixões, 60% dos prefeitos estão cometendo improbidade administrativa nesse momento. Esses lixões poluem o ar, a terra e a água trazendo diversas doenças. Então, além de resolver esse problema, vamos levar cidadania ao povo brasileiro através do Elo Social.

JC: Como está hoje a atuação de vocês em Manaus e no Amazonas?
FR: No Amazonas avançamos na constituição das diretorias do Elo Social, presidido por mim, e está sendo feita a análise dos terrenos onde deverão ser construídas as usinas e os prédios. Em breve seremos liberados para a venda dessas usinas. Já existem vários empresários e investidores aguardando esse momento, inclusive grupos chineses. Para cada usina construída, também o será um prédio do Social do Cidadão. A previsão é que ainda este ano seja construída a primeira usina.

JC: O que são prédios Sociais e prédios Seccionais?
FR: Os prédios Sociais serão o local para o atendimento das famílias nas mesmas localidades das usinas. Com capacidade para atender 200 famílias/dia e ministrar 720 cursos grátis de cidadania por mês. Já os prédios Seccionais serão sede para o mesmo atendimento, com o diferencial de ser as bases de apoio para a diretoria estadual administrar os prédios regionais.

JC: Seguindo o modelo japonês, vocês pretendem construir usinas por toda a Manaus. Como será isso?
FR: Serão usinas de triagem e transbordo (uma para cada 100 mil habitantes), de incineração de produtos químicos hospitalares (para cada 1500 a 2000 mi habitantes), usina de compostagem (para cada 1500 a 2000 mi habitantes), e usinas de cremação (para cada 1500 a 2000 mi habitantes). Da mesma forma que em Manaus, vamos fazer em todo o Estado.

JC: No projeto de vocês consta que pretendem utilizar a mão de obra de presidiários nas usinas, além de formar cooperativas de tapeceiros e catadores de lixo.
FR: Sim. Todo aquele presidiário que for considerado passível de ressocialização, que quiser atuar conosco, receberá treinamento e cursos para que possa trabalhar na construção das usinas e, com isso, obter redução de sua pena. Além de a mão de obra mais barata reduzir os custos, ainda iremos ‘dar uma mão’ aos presidiários que quiserem sair da criminalidade. Já as cooperativas formarão profissionais na função de tapeceiro, empregando toda a mão de obra dos catadores de lixo que desejarem ingressar nessa profissão.

JC: Então, daqui a alguns anos poderemos ter uma Manaus sem lixo nas ruas?
FR: Com certeza. O que antes era dado como desculpa das prefeituras, alegando não haver verba para as usinas de tratamento de lixo, agora não será mais aceitável. As usinas Iner são extremamente baratas comparadas com as de outros países e quem vai comprá-las são os empresários que estão atuando hoje nesse segmento, mas ainda que estes não queiram entrar no negócio, já há investidores estrangeiros, interessados. As prefeituras agora terão como cumprir a lei de 12.305/2010 de resíduos sólidos. O projeto Iner está dando a solução e um destino adequado ao lixo, gerando empregos diretos e indiretos, capacitando a população e levando cidadania ao povo brasileiro. Nós vamos marcar a história do país, porque vamos passar o Brasil a limpo.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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