Apesar do declínio das vendas no varejo na margem em fevereiro, há uma distância muito grande para concluir que já ocorra desaceleração ou acomodação nas vendas do setor, avalia o economista-chefe do Banco Santander, Maurício Molan. Em entrevista o analista estimou que haverá retomada das vendas do comércio varejista nos próximos meses.
Em fevereiro, dados do IBGE mostraram queda de 0,4%, na série com ajuste sazonal, e avanço de 8,2% ante o mesmo período no ano anterior. Para a expectativa de avanço das vendas no varejo nos próximos meses, Molan observa que a confiança do consumidor está nas máximas históricas, a demanda continua muito forte e a reposição salarial continua acima da produtividade das empresas. Segundo estimativas do analista, as vendas no comércio varejista devem crescer 6% neste ano, ante o ano anterior.
Molan acrescenta que os dissídios salariais vão ocorrer em um momento (meados do ano) em que a inflação de 12 meses deve estar girando em torno de 7%. O aumento do custo de mão de obra, cita ele, deve elevar a pressão para repasses de preços.
BC indica Selic estável
Apesar da contínua deterioração das expectativas de inflação para 2011, a comunicação do Banco Central indica que a Selic ficará estável em 11,75% na reunião do Copom neste mês, na opinião do economista-chefe do Banco Santander, Maurício Molan. Entre o terceiro e o quarto trimestres, no entanto, deve ficar mais claro que a inflação não vai convergir tão facilmente para a meta em 2012. Então, a Selic deve ter elevação e encerrar o ano em 13%.
Em entrevista, Molan ponderou que, a partir das leituras dos documentos do BC, entende-se que há visão do colegiado de que a inflação convergirá para a meta em 2012 se o real ficar estável em torno do patamar de R$ 1,65. Mas, depois do terceiro trimestre, enfatiza ele, o BC deve perceber que esta estratégia não estará funcionando, deve ficar mais evidente a dificuldade na trajetória de convergência, quando o juro, então, deve voltar a subir.