A expectativa para o período é a comercialização de aproximadamente 80 mil casas e apartamentos, segundo a Adit (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Nordeste Brasileiro), que reúne 52 empresas e entidades do setor. Nos últimos anos, o número de estrangeiros, principalmente europeus, interessados em comprar casa no Nordeste brasileiro cresceu.
Grupos de investidores imobiliários, a maioria portugueses e espanhóis, estão vindo ao país para construir grandes condomínios residenciais de férias para seus conterrâneos.
Um deles é o grupo espanhol Qualta Resorts, que lançou em junho, em Pernambuco, o resort turístico The Reef Club. Além de hotéis e campo de golfe, ele pretende entregar 4.000 unidades residenciais até 2014.
Por causa dessa nova vocação turística, a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) está fazendo uma pesquisa sobre o perfil do turismo residencial. “Sentimos que essa é uma tendência mundial. As pessoas estão propensas a ter uma segunda casa fora de seus países’, disse José Francisco Lopes, diretor de estudos e pesquisas.
A última pesquisa da Embratur sobre demanda internacional mostrou que 4,6% dos estrangeiros que procuraram o Brasil como destino turístico em 2005 disseram ter residência fixa no país. O boom turístico de 1995 a 2000 ocorreu com os argentinos, em Santa Catarina, explicou Lopes.
Agora é a vez dos europeus no Nordeste. “Desde 2004, os europeus superaram os sul-americanos e hoje representam o maior fluxo turístico do país. Os europeus são turistas de sol e praia, leia-se Nordeste.’
A Embratur diz que ainda não é possível fazer uma análise de eventuais reflexos da crise aérea no turismo residencial. Especialistas apontam três razões fundamentais para o crescimento do turismo residencial. A primeira delas é o incremento no número de vôos para o Nordeste.
Os anuários estatísticos elaborados pela Embratur revelam que até 2002 apenas um Estado do Nordeste, a Bahia, figurava entre as quatro entradas de turistas por via aérea do país. De 2003 a 2006, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte apareceram entre as cinco principais portas para turistas que viajam de avião. A saturação do mercado imobiliário espanhol é outro motivo apresentado.
Segundo Daniel Rosenthal, diretor da agência Eugênio, especializada em mercado imobiliário, o preço médio do metro quadrado na Espanha é de R$ 2.900. Em bairros nobres de Madri, supera R$ 15 mil. No Brasil, em Natal, é de cerca de R$ 1.150. Por fim, há um sensível aumento da segurança jurídica nos negócios. “Com o Brasil a um passo de sair do risco de investimento, as pessoas perdem aquele pé atrás’, disse Rosenthal.
O mercado imobiliário nordestino oferece belas praias e paisagens, mas cada Estado busca um diferencial em sua estrutura hoteleira e residencial e um público-alvo específico.
Preço médio do metro quadrado na Espanha é de R$ 2.900. Em bairros nobres de Madri,
supera R$ 15 mil, enquanto no Brasil, em Natal, por exemplo, custa cerca de R$ 1.150.
Em Salvador, o turismo residencial alia-se aos atrativos históricos da capital baiana. Imóveis tombados no entorno do Convento do Carmo, no Pelourinho, onde foi feito o primeiro hotel histórico de luxo, estão sendo comercializados para estrangeiros e brasileiros.
De acordo com o Bahia Investments (www.bahia-investments.com) –site com anúncios de imóveis voltado principalmente para estrangeiros-, depois do lançamento do hotel, há cerca de dois anos, as casas da redondeza foram valorizadas em torno de 25%. Segundo a imobiliária Josinha Pacheco, só em junho dez unidades foram vendidas e a maior parte da demanda é de franceses. De acordo com a Adit, o Rio Grande Norte é um dos Estados que têm mais empreendimentos para turismo residencial, como o do grupo espanhol Sánchez, que entregará em breve 40 apartamentos em Natal –todos vendidos para europeus.