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Vivendo de máquinas sob encomenda

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Toda vez que você entrar numa indústria, seja a fábrica de uma agulha ou de um gigantesco motor de um avião, saiba que ela não funcionaria se não fossem as máquinas, e essas máquinas não existiriam se não fossem os mecânicos, tanto projetistas quanto quem as fabrica, e depois as conserta e mantêm.
Em Manaus, há 20 anos, o gaúcho Walter Leite reúne essas três atividades. “Eu sou um autodidata em mecânica industrial, um projetista de máquinas industriais, que também as fabrica, e conserta”, disse. Walter é um apaixonado por mecânica desde a infância. Até hoje, aos 63 anos, gosta de ler livros técnicos sobre o assunto e chegou a morar na Alemanha por cinco anos, não por acaso.

A Alemanha é o país onde a mecânica mais se desenvolveu. Nos exemplos seguintes podemos verificar isso. Lá foram inventados o automóvel, o motor a gasolina, o avião a jato, a locomotiva, o bonde e o trem elétricos, o elevador elétrico, a mini câmera fotográfica, a geladeira, o celular, o foguete, a máquina de escrever, e o submarino, apenas para citar alguns itens, pois eles são dezenas, imprescindíveis no mundo de hoje.

Atualmente Walter desenvolve um pasteurizador a nitrogênio. Pasteurizar é um processo utilizado em alimentos para destruir microrganismos patogênicos. “O dono da fazenda onde eu morei na Alemanha, tinha um pasteurizador desses. Eu trouxe a ideia e a estou desenvolvendo”, falou. Em Manaus o gaúcho começou como um simples serralheiro, fazendo portas, portões e grades, mas seu talento para produzir máquinas foi se espalhando e nem demorou para começarem a surgir os primeiros pedidos.

Em mais de 30 anos projetando máquinas, Walter calcula em ao menos umas 30 as ideias que chegaram à sua empresa, hoje no Santa Etelvina, sempre trazidas por algum empresário, passadas para o papel e tornadas realidades. “Ou nos baseamos em alguma coisa já existente, ou criamos alguma coisa nova”, revelou.

Reciclando vidro

Foi assim que surgiram as máquinas para extrair a casca da semente do cupuaçu; para cortar e vincar papel; para moer areia; para fabricar blocos de concreto; e a que Walter demonstra mais afeição: o triturador de vidro.

“Todas são importantes para quem precisa delas. Imagine descascar uma semente de cupuaçu, que é envolvida por uma película colada à semente. Pois a minha máquina resolveu esse problema. Com isso, a empresa conseguiu aumentar sua produção de chocolate”, garantiu. “Já a máquina de cortar e vincar papel serve para fazer caixas e mais de uma empresa já adquiriu essa ‘criação’ de Walter. A máquina de moer areia faz com que a areia moída diminua a porosidade da massa asfáltica o que, por sua, torna o alfalto mais resistente. A empresa pediu a máquina, eu fiz mas, não sei porque, eles desistiram do negócio. A máquina está aí, parada”, lamentou.

“A trituradora de vidros completa a máquina que fabrica os blocos de concreto, pois o vidro triturado se torna matéria-prima desses blocos”, explicou. “Por que eu considero essa máquina uma das mais importantes entre as que já fiz? Quando da fabricação do bloco de concreto, a utilização do cimento diminui. A maior vantagem, porém, é ambiental: o vidro reciclado substitui o seixo e a pedra britada, retiradas da natureza, e assim continuaram intocadas”, assegurou.

“E tem mais, o bloco fabricado com vidro granulado se torna um isolante acústico. Quem mora num prédio construído com esse material tanto não ouve os barulhos externos quanto não precisa se preocupar em causar aborrecimento aos vizinhos com o barulho que faz dentro de casa”, garantiu.
Walter se orgulha de ter suas máquinas funcionando até fora de Manaus. “Sim, já tenho máquinas em Belém, Brasília e Belo Horizonte. Como falei antes, minha propaganda é a de ‘boca a boca’, a melhor que existe, pois quando alguém te indica é sinal que teu trabalho é bom”, riu.

Na oficina repleta de máquinas por todos os lados, praticamente todas foram feitas por Walter e seus assistentes. “Essa aqui eu não fiz. Estou reformando. É uma impressora de papelão. Essas aqui fazem os blocos de concreto. Essa é do cliente. Essa aqui é minha, para fazer os blocos para a construção de meu muro”, listou. “Agora estou trabalhando no projeto de uma máquina para fazer pão, desde bater a massa até o pão sair pronto no final do processo”, adiantou.

“Com certeza aprendi muito lendo nos livros, mas credito a Deus ter nascido com um talento para mexer com máquinas. Gosto e tenho facilidade em entender seus mecanismos e pretendo passar esses conhecimentos para as próximas gerações através de cursos que estou organizando e vou ministrar em breve”, concluiu.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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