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Preço da carne de boi sofreu um acréscimo de de 35,22%

Entre janeiro e fevereiro deste ano, o preço da carne de boi sofreu um acréscimo de 35,22%. Puxados pela exportação e pelos gastos com a produção, os insumos aumentaram e acabou refletindo no valor repassado para o comprador e para o consumidor. Dados levantados pela USP (Universidade de São Paulo). 

De acordo com a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), as exportações brasileiras, só no ano passado, foram de 8,53 bilhões. Para 2021, as estimativas da entidade são um pouco mais conservadoras, por conta das incertezas geradas pela pandemia da Covid-19. Também é importante destacar, mais uma vez, a queda das exportações para o bloco europeu e o seu reflexo na comercialização de cortes nobres. Com isso, a expectativa é de que os volumes exportados cresçam em torno de 6%, alcançando 2,14 milhões de toneladas. Em relação ao faturamento, a projeção é de um crescimento de 3%, com receita de US$ 8,78 bilhões.

Exportações impactaram a alta da carne bovina
Foto: Divulgação

O consumo deve diminuir porque entre os cortes mais consumidos o aumento é bem significativo. O patinho por exemplo, que custava  R$ 22  agora está sendo vendido por R$ 30,99, o filé que antes era vendido por R$40 está saindo por  R$ 69,90, já a picanha que  custava R$29, subiu para quase R$50.

O empresário dono de um frigorífico Elvis Melo afirma que a proteína que faz parte da mesa do brasileiro é uma das vilãs que mais encareceu a lista de produtos do consumidor e que o foco da vez são as carnes brancas. “O frango é o mais procurado. O produto tem sido mais consumido porque dá para incrementar várias receitas”. Ele complementa que as famílias que consumiam carne ao menos três a quatro vezes na semana estão excluindo o item da cesta priorizando outras opções.  

Para a gerente de um açougue Marta Souza, essa dinâmica no preço tende a mudar. Ela não acredita que a alta se mantenha, mas concorda que o comportamento do consumidor mudou. “Como reajuste nos valores as famílias mudam os hábitos. Além disso, muita gente está desempregada. Todos os tipos de carne sofreram alta. O que muita gente tem feito é comprado em menor quantidade”. 

Responsável pela compra e venda no Frigorífico Manaus, Aldenize Oliveira diz que infelizmente desde Abril/2020 os valores das carnes foram subindo, além da aceleração dos preços ainda teve a falta do produto, aí que os preços foram se elevando.  “Não foi e nem está sendo fácil, para a indústria, imagina para o consumidor final, uma vez que somos meros repassadores de preço”.

Ela lembra que no ano passado o setor não sentiu muito, pelo contrário, a venda foi até boa devido as pessoas estarem em casa a procura foi maior. “Já esse ano diminui muito a procura. O consumidor final, em algumas vezes, acaba substituindo a carne  por embutidos”.

Na tentativa de driblar o aumento,  o vendedor José Oliveira, faz buscas por preços mais baratos em vários estabelecimentos. “Eu senti um aumento absurdo. Não vale a pena pagar pela carne quando o aumento ultrapassa 50%. É inaceitável ainda mais num momento de recessão. Eu vou abrir mão do produto até que o preço retorne ao mesmo patamar de antes”, comentou. 

Alternativa 

Para o economista Marcus Evangelista, infelizmente essa onda de aumento não para. Além dos recentes reajustes no preço da gasolina, agora, a carne, um produto básico que todo cidadão compra para o consumo. “No momento que há esses aumentos , principalmente nessas proporções, entra a criatividade. Para escapar da alta é importante procurar substituir o produto por outros similares mais acessivies”.

Ele lembra que no Amazonas essa dinâmica é bem robusta, em função da infinidade de peixes que quando estão na alta safra o preço despenca. “É uma grande saída no momento em que carne bovina está com a cotação elevada e merece ser substituída. Tem que buscar equilíbrio para que no fim do mês o salário do cidadão dê para pagar as contas”. 

Conforme o economista, é importante estar ligado nisso, principalmente em relação à pesquisa de preço. Muitas vezes a pessoa tem o hábito de comprar só num lugar e muitas vezes em outro local tem o mesmo produto com a mesma qualidade e com o preço diferenciado. “É importante colocar isso no dia a dia, com certeza vai conseguir preços melhores sem comprometer de forma significativa o salário”. 

Pelo contexto da alta, ele diz que o reflexo associado à alta do dólar faz com que os produtos prefiram exportar do que vender no mercado nacional, desta forma os preços sobem. “Somente numa oferta maior do produto ocorre a diminuição dos preços ao consumidor”, 

Números Abiec

Resumo das exportações de carne bovina em 2020 (estimativa)

Faturamento: US$ 8,533 bilhões

Total de toneladas: 2,02 milhões

Exportação: 155 PAÍSES

Principais Importadores: China, Hong Kong e Egito

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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