A chegada da variante Delta do coronavírus acende um novo alerta sobre a pandemia no Amazonas. Segundo especialistas, só o aumento da cobertura vacinal com a aplicação da segunda dose dos imunizantes poderá frear o avanço da nova cepa da Covid-19 na região.
Ontem, o governo estadual admitiu voltar a discutir a retomada em 100% das aulas presenciais na rede pública, previstas para recomeçar na próxima segunda-feira (23), mas nada garante que as atividades serão normalizadas nessa data.
“As escolas já tiveram uma grande preparação, elas estão preparadas. O ponto focal é dar atenção a esses alunos de forma presencial para que a gente possa diminuir o ensino que foi prejudicado, durante esses 18 meses de pandemia. Precisamos fazer com que nosso aluno consiga recuperar”, disse a secretária de Estado de Educação e Desporto, Kuka Chaves após reunião com a sua equipe.
A secretária não comentou, porém, a possibilidade de ocorrer um novo adiamento no calendário acadêmico por causa da variante. Mas tudo indica que as aulas do sistema devem ser mantidas de forma híbrida (parte presencial e de forma remota) por conta da pandemia.
Até a quinta-feira (19), haviam sido registrados seis casos de pessoas diagnosticadas com a Delta – quatro em Manaus e duas no município de Maués (distante 276 quilômetros da capital), no interior do Estado.
As pessoas que testaram positivo para a nova variante relataram ter viajado ao Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro ou tiveram contato com parentes que estiveram nesses dois últimos Estados
Nesta sexta-feira (20), o Comitê Estadual de Enfrentamento à Covid-19 volta a se reunir para analisar o cenário epidemiológico no Estado, além de traçar novas metas para o enfrentamento ao novo coronavírus.
Agora, a grande expectativa é se o governo vai avançar na retomada das atividades ou recuar para conter o novo surto de coronavírus. Outra questão que gera muita insegurança é sobre a eficácia das vacinas contra a nova variante.
Estudos comprovaram que após três meses da aplicação da segunda dose, as vacinas dos laboratórios Pfizer/BioNtech e da Oxford/AstraZeneca perdem a eficácia contra a nova variante. Só a Coronavac mantém parcialmente a imunidade.
Vacinação
Para especialistas, agora é mais do que imprescindível que o Amazonas avance na vacinação. E alertam ainda para a população continuar mantendo o distanciamento social e o uso de máscaras para barrar uma nova onda de casos.
“O avanço dessa variante é algo que devemos tomar cuidado, por conta dessa maior transmissão. Podem sim acontecer mais casos graves com a nova cepa. É importantíssimo que as pessoas que ainda não se vacinaram se vacinem logo”, disse o vice-diretor de pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia, Felipe Naveca. “Também precisamos fazer a segunda dose para que consigamos ter uma maior segurança”, acrescenta o especialista.
Nessa quinta-feira (19), a FVS-RCP (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas- Drª Rosemary Costa Pinto) enviou uma equipe para intensificar o monitoramento de Covid-19 em Maués. Dois moradores do município foram identificados com a variante Delta (VOC-B.1.617.2), do novo coronavírus (SARS-CoV-2), identificada inicialmente na Índia.
De acordo com a diretora-presidente em exercício da FVS-RCP, Tatyana Amorim, a intensificação das ações de combate à Covid-19 em Maués se dá devido ao deslocamento de pessoas do município a regiões onde há circulação de outras variantes do vírus.
“O monitoramento está sendo intensificado no município para identificar precocemente possíveis novas infecções pela variante Delta e isolá-los, a fim de conter a disseminação”, afirma Tatyana.
Segundo a enfermeira Angela Desireé, serão realizadas ações de controle e prevenção à infecção com investigação epidemiológica, rastreamento de casos e testagem de todos os envolvidos.
“Vamos realizar essas ações em parceria com a secretaria municipal de saúde de Maués e ressaltar a importância da manutenção das medidas de prevenção à Covid-19, destacando o esquema vacinal completo contra o vírus”, disse a enfermeira.
Na quarta-feira (18), a FVS-RCP notificou ao Cievs (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) do Ministério da Saúde (MS) o alerta com a confirmação de seis casos de Covid-19 pela variante Delta no Amazonas.
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