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Reunião do Codam é marcada com preocupação pela falta de insumos

A 291ª Reunião Ordinária do Codam (Conselho de Desenvolvimento do Amazonas), realizada nesta quinta (19), foi marcada por preocupações em relação ao recrudescimento da pandemia em nível global no fornecimento de partes e peças para a indústria. Os conselheiros foram unânimes em manifestar a necessidade de adensar a cadeia produtiva do PIM, para depender menos de importações de insumos. A necessidade de pensar e repensar o futuro foi reiterada também por considerações em torno da nova Lei Estadual de Incentivos Fiscais, que deve ficar pronta ainda neste ano.      

O espectro da chegada das novas variantes da covid-19, oriundas da Índia (Delta) e do Peru (Lambda), entretanto, não deixou de comparecer à reunião. Na abertura do evento, ao destacar os cuidados sanitários em um encontro presencial, o titular da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jório Veiga, garantiu que o governo estadual está fazendo todos os esforços, por meio da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde), para que as novas variantes não se espalhe pelo Amazonas.

Durante o evento, os conselheiros deram aval também aos 32 projetos avaliados na pauta da reunião de ontem. Com isso, o Codam deu aval a um volume de R$ 1,8 bilhão em investimentos previstos para os próximos três anos, com estimativa de geração de 1.287 novos postos de trabalho, sendo 1.021 de mão de obra direta e 266 de mão de obra indireta, além de outros 547 postos que serão remanejados pelas indústrias durante os próximos três anos. 

Repasses e portos

Ao listar o avanço acumulado no ano dos principais indicadores de faturamento, empregos e arrecadação tributária, apesar das perdas impostas pelo primeiro bimestre da segunda onda, o titular da Sedecti, Jório Veiga, salientou que o Amazonas vive uma “época boa”, mas não deixou de fazer considerações a respeito de obstáculos significativos. “A má notícia é que, embora a arrecadação esteja subindo, o Estado está demorando a participação federal. Com as mudanças que houveram no governo federal, os repasses aos governos estaduais estão muito lentos e isso tem atrapalhado as contas do Amazonas”, lamentou.

Segundo o secretário estadual, em função da dificuldade de conseguir partes e peças para produção, o faturamento do PIM está represado e poderia ser bem maior. “A dificuldade é sentida principalmente por eletrônicos e duas rodas. Isso, aliado ao custo logístico. Já vemos hoje contêineres que custavam anos atrás US$ 2.000 e a agora já estão saindo a US$ 25 mil, e a gente não vê perspectivas de melhora, até meados de 2023. Essa é uma área com a qual temos que ter muito cuidado, porque há muita competição por essa partes e peças. Sabemos que os estoques estão muito baixos na maioria das empresas, que não conseguem acompanhar a demanda”, listou.

Jório Veiga lembrou que a China – o principal país fornecedor de insumos para a indústria incentivada de Manaus – já tem cinco portos fechados, em razão da pandemia. “Basta um caso desses, que eles fecham o porto por 15 dias. E, apesar da demanda aquecida, o Brasil não consegue navios suficientes. Nossa participação é muito pequena no mercado internacional. Tem custo, portos fechados, brigas por navios, e a gente poderia estar produzindo 20% a mais”. Uma saída sugerida é a verticalização. É o momento para investir e produzir aqui”, frisou.

“Compasso de espera”

Em sua intervenções, o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Perico, lembrou que, somadas às dificuldades citadas para o setor, há ainda as oscilações do câmbio para dificultar a vida das empresas, especialmente diante da temperatura política do país. “Acho que há uma oportunidade para atração de investimentos para o Brasil, mas tem um grande problema para os investidores, que é a questão da insegurança jurídica. Todo mundo se arrepia. Tem essa instabilidade política e a proximidade com as eleições do ano que vem. Todo mundo vai ficar em compasso de espera para ver o que vai acontecer. Mas, nós temos oportunidades e desafios, e é isso que temos de trabalhar”, ponderou. 

O presidente do Cieam também reiterou seus agradecimentos ao governador Wilson Lima, pela iniciativa em relação a legislação tributária estadual, além do trabalho da Prefeitura de Manaus e da Suframa nas obras de revitalização do Distrito Industrial. Quanto aos desafios em relação aos custos industriais, o dirigente propôs o desafio de inverter a “sequência da atração de investimentos”, para poder atrair novas empresas para o parque industrial da capital amazonense.

“O investidor que quer vir a Manaus, a primeira coisa que ele ganha é uma prenda, porque se o produto for inovador, tem que fixar PPB. Acho que esse é um trabalho que podemos fazer juntos, entidades e governo do Estado, no sentido de pleitearmos a fixação dos processos produtivos básicos, para depois irmos atrás desses investidores. A gente daria celeridade à implantação desses investimentos. Tem muita gente pensando em vir para o Brasil e para Manaus, mas esbarra nessas questões. Passamos seis a sete meses para desenrolar aquela questão dos patinetes, por exemplo”, recomendou. 

“Prejuízos e improvisações”

Em sua fala, o vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, destacou que a “excelente notícia” de prorrogação da Lei Estadual de Incentivos Fiscais nº 2.826 – que deve ficar pronta ainda neste ano – trouxe “grande tranquilidade” para as indústrias elaborarem seus planos de produção e investimentos para o próximo ano. “Mesmo porque a regressividade seria aplicada a partir de fevereiro de 2022. Ficaria muito difícil. Faço esse comentário, porque muitas empresas demonstraram preocupação quanto ao tema. Agora, posso recomendar em focarem em seus negócios e desengavetarem projetos e continuarem a acreditar na cesta de incentivos fiscais estaduais”, tranquilizou.   

O dirigente ressaltou que, a despeito de todas as dificuldades proporcionadas pela crise da covid-19, entre outros obstáculos, o modelo ZFM tem se mantido como “extremamente competitivo” e atraente para novos negócios. Por isso, o vice-presidente da Fieam, reforça a necessidade de verticalizar o parque fabril de Manaus. “É o momento para voltarmos ao que eramos antes e fortalecemos nossa cadeia de suprimentos locais, para reduzirmos nossa dependência de importações. Essa pandemia tem sido de prejuízos e improvisações. Há empresas componentistas paradas porque a montadora não pede a contrapartida da parte importada”, finalizou. 

Foto/Destaque: Lane Azevedo/Sedecti

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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