Pelo segundo mês consecutivo, o comércio varejista de Roraima registrou o pior desempenho no país, com queda de 12,2% em setembro ante igual período do ano passado. As vendas no Estado ficaram bem abaixo da média nacional, cujo crescimento foi na margem percentual de 8,5% no referido mês, em comparação ao mês de setembro de 2006, conforme pesquisa divulgada recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A valorização da moeda nacional frente à venezuelana –hoje cotada em 2.550 bolívares para cada real– é um dos principais motivos para a queda do comércio em Roraima e, principalmente, na capital, conforme o vice-presidente da CDL-BV (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Boa Vista), Josiel Vanderlei da Silva.
“A valorização do real favorece as compras no país fron teiriço, onde os produtos têm custo mais baixo se comparados aos preços praticados em Boa Vista”, disse o representante do setor, acrescentando que a concorrência com o mercado de Santa Helena do Uairém, no país de Chávez, e Lethen, na Guiana, tem sido “desleal” para os empreendimentos de Boa Vista.
Empresários desanimados
De acordo com Josiel da Silva, o segmento empresarial está abatido com a situação e não prevê melhoras até o fim deste ano. “Hoje, o consumidor local é atraído pelos benefícios das zonas de livre comércio mais próximas à capital, inclusive aqui mesmo no país, como é o caso de Manaus”, argumentou.
O vice-presidente da entidade afirmou ainda que não há como concorrer com a fronteira porque o empresariado local não pode baixar os preços na capital. “Hoje, a alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobrada na região Norte é muito perversa e aqui não é diferente. Os empresários pagam um imposto de aproximadamente 17%, percentual considerado alto e que encarece os produtos”, argumentou Josiel.
Para o empresário, a solução em termos de competitividade no mercado local seria a criação de uma área de livre comércio na capital.
“Boa Vista está cercada por três grandes pólos comerciais e não há como competir. Faltam incentivos fiscais para o crescimento da economia local”, disse Silva.
Falta de livre comércio gera entrave
O presidente da Facirr/Acirr (Federação das Associações e Associação Comercial e Industrial de Roraima, respectivamente), Francisco Derval da Rocha Furtado, concorda que a ausência de uma área de livre comércio em Boa Vista é um dos entraves para a expansão do setor na cidade. “Sem essa área, a concorrência com o mercado fronteiriço é desigual. Daí, o motivo das recentes baixas comerciais informadas pelas pesquisas do IBGE”, comentou.
Para o presidente das entidades de classe, a indefinição da questão fundiária no Estado deixa os investimentos inconsistentes. “Sem o repasse das terras da União para o Estado, o empresário está com medo de injetar recursos em Roraima e essa sensação de desconfiança é ruim para a economia local”, justificou.
Mas, diferentemente do vice-presidente da CDL-BV, Furtado acredita que, mesmo com os resultados negativos nos dois últimos meses, a expectativa é encerrar o ano com saldo positivo em comparação a 2006. “O empresariado acredita que o contracheque de novembro e dezembro deve ser investido aqui mesmo, daí a esperança do setor não fechar o ano no vermelho”, confirmou.
Segundo dados da pesquisa do Sistema Acirr, 37,8% do consumidor roraimense abastecido compra no mercado fronteiriço ou busca o comércio de Manaus. “Se nós fecharmos o ano com desempenho estável, no comparativo com 2006, será um grande ganho”, ressaltou Furtado.
Pesquisa IBGE
Além da unidade federativa, outros três Estados brasileiros apresentaram baixas no comércio em setembro, entre eles, Rondônia (-8,6%), Acre (-6,5%) e o Piauí (-2,2%).
No mês de agosto, o decréscimo comercial de Roraima foi de 6,4%, em relação ao mês oito do ano anterior. Já as maiores altas em setembro fo