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Travessa Tabelião Lessa

Travessa Tabelião Lessa

Localizada entre as ruas dos Barés e Barão de São Domingos, do lado do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, na zona portuária do Centro da cidade, a Travessa Tabelião Lessa passa quase que despercebida pelos milhares de transeuntes que todos os dias frequentam aquela área. Não fosse uma placa com letras brancas e fundo azul, já teriam esquecido por completo que aquela pequena via possui nome.

Sua história começa em 1918. Em 19 de março daquele ano, em sessão no Conselho Municipal, o Intendente Dr. Fulgêncio Martins Vidal apresentou um projeto de lei que dava o nome de “[…] Tabelião Lessa á rua que fica ao lado leste do Mercado Público, até hoje sem nome” (IMPARCIAL, 19/03/1918). Até aquele momento, o pequeno trecho ao lado do Mercado Público não possuía nome, sendo um mero caminho de acesso à praia que se formava com a vazante do rio. O projeto foi aprovado e transformado em “Lei N° 923 de 20 de março de 1918” (IMPARCIAL, 20/03/1918).

Um mês antes, em fevereiro de 1918, falecera o homenageado, Coronel Manoel Antonio Lessa, popularmente conhecido como Tabelião Lessa. Maiores informações nos são apresentadas em seu necrológio (elogio fúnebre): Manoel Antonio Lessa nasceu em 16 de fevereiro de 1845 na Província do Ceará, sendo seus pais José Antonio Lessa e Lauredana Corrêa Lessa. Veio jovem para a região amazônica, indo primeiramente para a cidade de Óbidos, no Grão-Pará, matriculando-se no Colégio S. Luiz de Gonzaga. Desempenhou, em 1863, então com 18 anos, os cargos de porteiro do Inspetor da Tesouraria da Fazenda e de escrivão da Coletoria de Rendas Federais. Um ano depois foi nomeado auxiliar de expediente do Selo. De 1867 a 1868, atuou naquela cidade como escrivão interino da Mesa de Rendas. Em 1868, mais uma vez através de nomeação, atuou como escriturário. Em 1869 foi nomeado praticante de Tesouraria da Fazenda e auxiliar do 2° escriturário Euphrasio Paes de Azevedo, na Flotilha do Amazonas. Serviu no Correio Geral e, em 7 de julho de 1870, foi nomeado Tabelião de Notas de Manaus, cargo no qual construiu sua carreira. Faleceu em 16 de fevereiro de 1918 aos 73 anos, “[…] na mesma data de seu nascimento, com a diferença de 1 hora e 20 minutos” (A CAPITAL, 17/02/1918).

Alguns anos depois da nomeação daquela pequena via, já aparecem estabelecimentos comerciais endereçados com o nome de rua, posteriormente travessa, Tabelião Lessa: “Hotel Popular”, do espanhol José Rodriguez González (EL HISPANO AMAZONENSE, 29/07/1922), “Mercearia Sempre Viva” (JORNAL DO COMÉRCIO, 03/02/1923), e “Tabacaria Nova Estrela”, de M. Pinto (JORNAL DO COMÉRCIO, 07/09/1944). O mais conhecido, sem dúvida, é o prédio da antiga mercearia Porta Larga, que chama a atenção por sua arquitetura. O prédio, pouco largo, possui uma entrada consideravelmente grande se comparada com o resto da obra.

A Travessa Tabelião Lessa recebeu, em 1956, o serviço de “pavimentação com alvenaria poliédrica e revestimento de asfalto” (MENSAGEM À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA APRESENTADA PELO GOVERNADOR DO ESTADO DO AMAZONAS POR OCASIÃO DA ABERTURA DA SESSÃO LEGISLATIVA DE 1956). Mais recentemente, em 2014, a Prefeitura instalou um portão de ferro na travessa para impedir a comercialização irregular de pescados e o trânsito de moradores de ruas e usuários de entorpecentes.

Fábio Augusto Carvalho

é historiador
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