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Soja alavanca estimativa para safra de grãos do AM em agosto

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) corrigiu para cima suas estimativas para a safra de grãos 2020/2021 do Amazonas, em sua revisão de agosto. A mudança se deve às apostas redobradas na soja, em detrimento do milho. A atual projeção é de 50,3 mil toneladas e supera a safra 2019/2020 (41,7 mil toneladas) por uma margem de 20,6%. Um mês antes, os cálculos da estatal apontavam para uma expansão de 14,9% (47,9 mil toneladas). Os dados de área total de plantio só sofreram mudança para a soja, mas a produtividade se manteve no mesmo patamar.

Entre um levantamento e outro, o Estado subiu do sexto para o segundo lugar do ranking nacional de maiores altas proporcionais na atual safra, ficando bem atrás do Rio Grande do Sul (+45,5% e perto de 38,33 milhões de toneladas). Com a aceleração das expectativas, o Amazonas ainda aparece com índice de expansão acima dos registrados pelas médias da região Norte (+4,3%) e do Brasil (-1,2%), em uma lista com nada menos do que 17 resultados negativos, entre as unidades federativas. 

Em linhas gerais, a projeção ainda se sustenta basicamente na permanência de apostas elevadas dos produtores rurais do Sul do Amazonas em duas culturas. O arroz ainda lidera a lista e teve seus dados mantidos. A estimativa é de 16,2 mil toneladas, o que configura uma elevação de 200% sobre 2019/2020 (5.400 toneladas). A soja comparece novamente na segunda colocação, mas com números reforçados: com 12,9 mil toneladas e 143,4% de alta – um mês antes, a expectativa era de incremento de 98,1% (10,5 mil toneladas) na produção.

As outras duas culturas da cesta amazonense de grãos ainda aparecem com projeções no vermelho. O milho (18,7 mil toneladas) foi confirmado novamente com o pior índice da lista e ganhou reforço na queda. O decréscimo de produção aguardado para 2020/2021 é de 34,2% sobre 2019/2020 (28,4 mil toneladas) – e não mais de 18,3%. O feijão segue com os mesmos números calculados nos meses anteriores, que apontam para uma retração de 3,8% e 2.500 toneladas, em um segundo ano negativo de produção. 

Área e produtividade

A maior estimativa de aumento na área de plantio ainda é a do arroz (5.800 hectares), que sinaliza ser 141,6% maior do que o da safra anterior (2.400). A soja (4.300 e +87%) ainda vem em segundo lugar, tendo ganhado terreno em relação ao levantamento anterior. Em contrapartida, o milho teve seus números mantidos, mas ainda é o produto que aparece com o maior tombo (-20,5%), entre uma safra e outra, embora seja o que ainda conta com maior área, na mesma comparação (8.900). A projeção do feijão (2.700), por sua vez, segue sendo 3,6% abaixo do patamar de 2019/2020 (2.800). 

Em relação à produtividade, três das quatro culturas listadas pela Conab no Amazonas aparecem com desempenho acima do registrado na safra precedente, repetindo os números da revisão anterior. Os melhores índices vêm da soja (+30,4% e 3.000 kg/ha) e do arroz (+25,1% e 2.800 kg/ha). Na sequência, está o feijão (923 kg/ha e +0,2%). O único dado negativo na relação de quilograma por hectare ainda vem do milho, que aparece com recuo de 17,1% e produção de 2.101 kg/ha. 

De acordo com a Conab, a produção de milho do Amazonas se concentra principalmente em Manacapuru e Boca do Acre, onde está o maior plantel animal, já que entre 60% e 70% da produção é destinada à ração. A soja vem de Humaitá (a 591 quilômetros de Manaus), na Fazenda Santa Rita. O arroz tem destaque nos municípios do rio Juruá, principalmente Eirunepé e Envira. O feijão, por outro lado, é cultivado na calha do rio Purus – em especial, Lábrea e Boca do Acre.

Permuta de culturas

O presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, destacou à reportagem do Jornal do Commercio que a projeção de ampliação da safra de grãos no Amazonas é “muito interessante” e mostra a expansão da atividade, principalmente com incremento de produtividade em áreas do Sul do Amazonas – com destaque para Humaitá. O dirigente acrescenta que a expectativa é que a tendência permaneça positiva, nos próximos meses. 

Muni Lourenço avalia que a redução no plantio do milho deve estar ligada ao crescimento das apostas na soja, em virtude da maior valorização do produto no mercado internacional de commodities, entre outros fatores. O presidente da Faea concorda que a permuta de culturas não deixa de ser preocupante para o setor agropecuário amazonense, que precisa de maior oferta de milho, diante da demanda do próprio Estado para rações animais. 

O dirigente já havia mencionado que o problema é nacional, ao apontar que o mercado interno está desabastecido e dependente de importações, em um cenário de “crescente demanda chinesa” e redução da safra brasileira. “Mas, temos percebido que talvez essa tendência de diminuição do milho possa ser revertida, no setor privado. Temos acompanhado alguns empreendimentos ocorrendo com plantio da cultura em alguns municípios do Sul do Amazonas, que podem a vir a reverter esse quadro”, arrematou. 

Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o titular da Sepror (Secretaria de Produção Rural do Amazonas), Petrúcio Magalhães Júnior, assinalou que os números da Conab confirmariam que o setor rural do Amazonas e seu encaminhamento pelo Plano Safra estão no “caminho certo”. O secretário estadual acrescentou ainda que a queda na produção de milho “certamente” será revertida na próxima safra, com ajuda de políticas públicas do Estado, a exemplo da distribuição de sementes. 

Foto/Destaque: Divulgção

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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