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Cardiologista Ana Cláudia Prieto explica importância do coração

Dia 14 é o Dia do Cardiologista, profissional responsável por cuidar do órgão que bate mais forte quando nos apaixonamos, quando estamos com medo; e de forma diferente quando quer demonstrar que algo não anda bem com ele mesmo. Para sabermos mais sobre a importância do coração, o Jornal do Commercio ouviu a dra. Ana Cláudia Prieto, cardiologista especialista em reabilitação cardiovascular e cardiologia esportiva. Ana Cláudia é diretora da Clínica AC COR. 

Jornal do Commercio: Como está o coração do manauara após um ano e seis meses de tensão pela pandemia?

Ana Cláudia Prieto: A pandemia fez muitas pessoas descuidarem da saúde do coração, retardando a avaliação cardiológica por receio de aglomerações e contágio. Alguns, inclusive, tiveram sintomas típicos das afecções cardiovasculares, mas optaram por ficar em casa. Além da resistência em procurar auxílio médico, a pandemia também influenciou no estilo de vida de muita gente, com piora da qualidade da alimentação, aumento do estresse e da inatividade física, sendo estes reconhecidamente fatores que aumentam o risco cardiovascular.

JC: Quais são os problemas do coração mais comuns? Existe uma causa única para esses problemas?

AC: As doenças cardiovasculares se caracterizam por afecções que atingem o coração e os vasos sanguíneos. Representam uma das maiores causas de morte no Brasil e no mundo. São mais comuns em pessoas que apresentam os chamados fatores de risco cardiovascular. Como exemplos podemos citar sedentarismo, sobrepeso ou obesidade, tabagismo, hipertensão e diabetes, colesterol alto e estresse. 

JC: Quais sinais o coração costuma dar quando não está ‘batendo’ bem?

AC: O nosso coração pode ser acometido por uma série de doenças e dessa forma, os sintomas podem variar. Alguns dos mais comuns são: dor ou desconforto torácico ou na mandíbula, sudorese, falta de ar, cansaço fácil, inchaço nos pés e pernas, ganho de peso repentino, palpitações ou taquicardia (coração acelerado), tonturas e desmaios, por exemplo. É importante ressaltar que a maioria das doenças cardíacas não surge de maneira repentina, mas vão se apresentando de forma gradativa, e por isso muitas pessoas não valorizam as queixas. 

JC: Alimentos: quais não devem ser consumidos nunca e quais só de vez em quando?

AC: As recomendações atuais para manter a saúde cardiovascular incluem uma dieta rica em frutas, verduras, oleaginosas (com moderação), grãos integrais e carnes magras. 

De modo geral, devemos evitar alimentos ricos em gordura saturada, açúcar e os alimentos ultraprocessados. Recomendo aos meus pacientes que ao invés de tentar seguir uma dieta restrita, optem por uma reeducação alimentar, fazendo opções saudáveis. 

JC: Qual o problema mais sério que pode surgir no coração e qual o tratamento mais moderno para esse problema?

AC: Uma das doenças mais temidas é o infarto, geralmente caracterizado por dor ou desconforto torácico, que pode irradiar para o pescoço ou braço, falta de ar, sudorese, palidez e tonturas. Por tratar-se de uma emergência médica, é necessária a avaliação e, geralmente, indicado um cateterismo cardíaco para diagnosticar e indicar o melhor tratamento. Alguns pacientes podem se beneficiar da angioplastia (implante de stent), para outros indicamos cirurgia de revascularização (ponte de safena e mamária, por exemplo) ou ainda o tratamento clínico (com medicamentos) e para todos, mudança do estilo de vida, incluindo a prática regular de exercícios físicos. O tratamento mais moderno ainda é a prevenção. Adotar hábitos de vida saudáveis e fazer check up cardiológico periodicamente são peças chave para manter a saúde em dia. 

JC: Rocha dos Santos, primeiro dono do Jornal do Commercio, morreu de infarto em 1909, numa época em que nem se imaginava cirurgia para tal. O que provoca o infarto e, hoje, qual o tratamento?

AC: O infarto é causado pela diminuição na passagem de sangue pelas artérias do coração. Na maioria das vezes está ligado à presença de placas de gordura que podem se romper e obstruir esses vasos sanguíneos. Um dos pontos mais importantes do tratamento é a desobstrução da artéria que se encontra entupida. Isso pode ser feito por meio de uma angioplastia (implante de stent) ou com uso de determinados medicamentos, a depender de cada caso e da disponibilidade de cada serviço. 

JC: Quando todos os problemas do coração serão tratados sem cirurgia, talvez com laser ou algo mais moderno?

AC: A medicina vem avançando consideravelmente. Hoje é possível, por exemplo, corrigir determinadas doenças com procedimentos cada vez menos invasivos. Defeitos das válvulas cardíacas podem ser reparados por meio de implantes percutâneos de válvulas, semelhante a um cateterismo cardíaco, ou seja, sem a necessidade de cirurgia. Tal procedimento ainda não é indicado para todos os pacientes, sendo indicado para aqueles que apresentam alto risco cirúrgico. Mas de qualquer forma, estamos evoluindo para tratamentos cada vez menos invasivos.

JC: Qual o tratamento para um coração apaixonado e não correspondido?

AC: Esse problema é realmente mais difícil de tratar, mas não é impossível.

A prescrição para o paciente é mudar o foco. Pode ser com a prática de exercícios. Quem sabe um esporte novo, que essa pessoa queria praticar, mas não encontrava tempo. O tempo e os exercícios melhoram quase tudo. Acredite.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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