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Demanda por mobilidade elétrica cresce no Brasil

O aumento na demanda por mobilidade elétrica no Brasil tem registrado índices ascendentes. Esse comportamento é aguardado pela indústria em função do que acontece no exterior e pelas características de mobilidade dos brasileiros. Manaus não está fora desse circuito e vem contando com investimento destes produtos no PIM (Polo Industrial de Manaus). De acordo com dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), nos últimos dois anos 13.200 bicicletas elétricas foram produzidas no PIM pelas associadas da Abraciclo. Foram 2.958 unidades em 2019, 4.701 em 2020 e 5.541 até o mês de julho de 2021.

Paulo Takeuchi, diretor executivo da Abraciclo, destaca que a linha de produtos é uma tendência que cresce cada vez mais no mundo todo, porém é certo que não resolverá todos os problemas ambientais. “A eletrificação pode reduzir os gases do efeito estufa do veículo, mas pode aumentar as emissões totais de CO2, dependendo do seu meio de geração de energia”, avalia. 

Paulo Takeuchi, diretor executivo da Abraciclo: linha é uma tendência – Foto: Divulgação

Para que se torne uma realidade a mobilidade elétrica no Brasil ele diz que alguns fatores estruturais, devem ser considerados,  como uma matriz energética eficiente, carregadores capazes de energizar as baterias de forma mais rápida e segura não só nos grandes centros urbanos, mas também nas rodovias.

Na questão tecnológica, o desenvolvimento e o custo das baterias e também sua eficiência para uso em motocicletas ainda são desafios a serem superados. Já na questão ambiental, temos que observar o benefício no ciclo total, ou seja, desde a geração da energia, passando pela logística, abastecimento e veículo, além de como devem ser feitos a reciclagem e o descarte das baterias usadas.

“Essa análise mais profunda é necessária principalmente quando falamos em veículos a combustão e veículos elétricos. Até porque temos o etanol como um importante aliado na questão ambiental. O Brasil é referência global em energia renovável e biocombustíveis, portanto é importante explorarmos todo esse potencial, buscando alternativas conjuntas à eletrificação”. 

Takeuchi, ressalta que as associadas estão sempre atentas às tendências do mercado e trabalhando para atender ao desejo dos consumidores. No segmento de bicicletas, a eletrificação já é uma realidade e a produção cresce conforme a demanda.“No caso das motocicletas, existem hoje, instaladas no Brasil, fabricantes que têm nas suas matrizes, no exterior, modelos elétricos. Porém a eletrificação das motocicletas é complexa no tocante a equação “autonomia x dimensão x peso”. Além disso, o Brasil atravessa uma crise hídrica que aumenta os custos e limita a expansão dos serviços de eletrificação no país”. 

Ele explica que a implantação de linhas de produção com escala comercial, no caso das motocicletas, depende de alguns fatores, como viabilidade de custo de produção e autonomia de rodagem. Paralelamente a isso, deve ser criada uma solução sustentável para o descarte correto das baterias e dos demais componentes do sistema elétrico.

“O Brasil é detentor da tecnologia flex, que traz uma série de vantagens como economia, baixas emissões, geração de empregos locais, etc. É importante enfatizar que há inúmeros estudos que comprovam as vantagens para o meio ambiente quando se faz a comparação entre a matriz energética do etanol e a elétrica”. 

“Portanto, a tendência é que haja um aumento na participação dos veículos elétricos no Brasil, porém os combustíveis renováveis seguirão como principal fonte de energia para os motores que equipam as motocicletas”, frisou ele. 

Investimentos animam indústria local 

Para representantes da indústria, os investimentos nestes produtos é uma tendência e tende a ser um caminho sem volta, especialmente analisando o mercado dos países mais desenvolvidos. “A substituição do modal de transporte para veículos movidos a energia limpa e renovável é uma realidade que teremos que nos adaptar no longo prazo.

No Brasil, ainda caminhamos lentamente rumo a essa consolidação. Se comparada com a produção dos veículos movidos à combustão ou autopropelidos, os números dos veículos elétricos manufaturados no Polo Industrial de Manaus ainda é relativamente baixo”, comenta o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva. 

Silva diz que o custo de produção de um veículo elétrico no país é alto, e a demanda baixa para justificar o maciço investimento. Um dos itens mais caros da composição do bem é a bateria. Recentemente, tivemos a implantação de uma das grandes fabricantes de baterias para veículos elétricos no Polo Industrial de Manaus, a BYD, o que deve auxiliar sobremaneira na solidificação desse segmento.

“Outros grandes projetos como da empresa Davinci, para fabricação de patinetes elétricos, Voltz Motors, motoneta elétrica, OX e Sense, bicicletas elétricas, nos sinalizam que esse é um segmento em expansão no Amazonas”. 

Wilson Périco, presidente do Cieam (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), ressalta que o mercado de inovação tecnológica nesse aspecto está em franco aquecimento. “É uma realidade, isso ajudou, inclusive o aumento da demanda de componentes eletrônicos no mundo que está causando falta de insumos também  aqui para as indústrias de Manaus.  O que perde o Brasil ainda não produzir veículos quatro rodas elétricos, mas tem as motocicletas, os patinetes tem algumas motos que estão sendo produzidas aqui e isso é uma tendência que vai ficar”. 

Ele lembra que é possível observar vários carros importados com tecnologia híbrida já circulando nas ruas de Manaus “Já existem carros puramente elétricos e isso é o rumo. A inovação tecnológica é imensurável e vai movimentar o mercado”.  

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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