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Só por hoje, fale mal do seu negócio!

Só por hoje, fale mal do seu negócio!

Independentemente de qual área você atua ou pretende atuar, ou de seja lá qual for o nicho da sua empresa, você precisa conhecer seus concorrentes diretos e indiretos. É importante ter domínio sobre tudo que está acontecendo no seu mercado, e visão das oportunidades desperdiçadas que podem ser usadas como vantagem e diferencial pra quem está entrando agora. Um dia desses eu li uma analogia interessantíssima que dizia “Concorrência é como um jogo de tênis. Não tem contato físico. Não podemos impedir que ela crie jogadas e produza. Temos que ser eficientes em nosso próprio território”. Ou seja, precisamos olhar muito mais para dentro do nosso negócio, em vez de ficar tentando copiar o coleguinha, porém quando a gente começa a fazer essa reflexão introspectiva é que o problema começa. 

Nós, brasileiros resilientes, que não desistimos nunca, temos o péssimo hábito de olhar as coisas dando ênfase aos pontos positivos muito mais do que aos negativos quando estamos falando da gente. Até aí tudo bem, porém existe um perfil que quando olha para a “grama do vizinho” só enxerga o negativo. Você certamente já conheceu alguém que adora apontar os defeitos das pessoas, sabe tudo sobre os péssimos hábitos, as manias, os costumes e sempre que pode, reforça essas falhas para deixar bem claro no que o outro precisa mudar. Porém, quando esta pessoa olha para si mesmo, suas coisas, sua vida, acredita que nada é tão ruim quanto parece. Aquele defeito não é tão prejudicial assim, aquela postura não é tão tóxica quanto você julga, e um possível descuido não vai causar grandes problemas. Nada o abala simplesmente porque este tipo de perfil não se enxerga como um ser humano falho. É aquele tipo de indivíduo que considera tudo que diz, pensa e faz superior aos demais.

Ter uma autoestima elevada, autoconfiança e acreditar em suas capacidades; talentos e habilidades; é altamente positivo, porém quando é algo ilusório, trazer essa suposta “positividade” para os negócios pode ser arriscado. Ao fazer um estudo de mercado, por exemplo, digamos que a área que você quer atuar movimentou 300 bilhões de reais ano passado. Você olha esses números e pensa: – Nossa eu vou ficar rica se eu conseguir 1% desse mercado. Eu sei que qualquer pessoa com um pouquinho de noção vai ler isso e dizer: – Que prepotência, né? O cara imaginar que pode chegar, como se fosse simples assim, a 1% do mercado. Porém, este perfil que estou traçando aqui é assim, ele não calcula, de fato, o que significa em trabalho e investimento, obter 1% do mercado.   

Mas vamos lá. Muitos empreendedores que eu conheço costumam fazer o diagnóstico da sua empresa baseando-se pelo negativo ou positivo do fluxo de caixa. Se tiver azul, está tudo perfeito. Se tiver no vermelho, o motivo pode ser o mercado que está parado, o comercio que está em recessão ou responsabiliza os impostos altíssimos que cai sobre o empresário. A culpa pode ser de qualquer um, menos dele, por não ter criado nenhum plano para prever, analisar, identificar e corrigir os problemas da empresa. O cara simplesmente resume sua empresa em azul e vermelho.

Você entende o quanto isto está errado? 

É claro que nem todos são assim, mas numa observação empírica, a maioria esmagadora dos negócios que fecham antes dos 5 anos possui esse tipo de gestor, na verdade é exatamente a atuação do gestor que vai determinar a longevidade do seu negócio. E essa falta de análise acontece muitas vezes por desconhecimento do gestor sobre o “empreender”.

Inclusive, segundo um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentados pelo DataSebrae, é alto o número de pessoas que decidem criar uma empresa por falta de opções e por dificuldades de obter um emprego. Esse índice corresponde a 42,4% dos negócios iniciais. Essa necessidade de sobreviver a qualquer custo, pode te fazer a cometer vários erros ao utilizar a “aventura” como modelo de negócio.  Então para evitar que o seu empreendimento seja o próximo a fechar, eu vos convido a fazer o exercício de esquecer que estamos falando da sua empresa, olhá-la como se fosse a empresa do coleguinha e “meter o pau”. Mas tem que falar muito mal mesmo, sem pena, sem medo, criticar tudo e todos. E para facilitar ainda mais, eu vou dar uma sugestão sobre como fazer isso de forma sistemática. Anota aí: 

  1. Pegue 6 folhas de papel e escreva em cada uma os departamentos que vamos especular: Administrativo, Financeiro, Pessoal, Comercial, Operacional, Marketing. Comece nessa ordem que citei. 
  2. Pesquise no Google o que faz cada departamento, antes de começar a responder o seu exercício. Se você tem uma empresa e ainda não sabe quais as responsabilidades de cada um desses setores, você está precisando urgentemente desse exercício. Uma empresa só funcionará adequadamente se todos esses departamentos estiverem alinhados. 
  3. Se sua empresa tem um espaço físico, enumere os defeitos do lugar. Se for uma empresa digital, observe melhor a qualidade da sua plataforma, a usabilidade, o perfil do Instagram, o site, as fotos, enfim, analise tudo que você puder. 
  4. Depois de encontrar e relacionar todos os defeitos, trabalhe individualmente em cada um deles e procure resolvê-los. Se não for nesta semana, só mês que vem será possível, não tem problema. O objetivo é que você tenha total ciência das carências da sua empresa e planeje o momento certo para organizá-los. 

O real propósito deste exercício é, além de conhecer mais a fundo o seu negócio, tirar a sua empresa da bolha que você criou e a partir do diagnóstico deste estudo interno, conseguir focar nos diferenciais de mercado, identificar seus pontos fortes e fracos, corrigir as suas fraquezas, abrir a sua visão de mercado, observar os seus concorrentes, aumentar a satisfação do cliente com a sua loja ou produto, e consequentemente sua fidelização.  

Por mais que muitos empreendedores ainda ignorem a necessidade do planejamento, esta análise frequente evitará diversos problemas. De acordo com Sidnei Medeiros, consultor de pequenos negócios, a busca de assistência e informação por parte do fundador de uma micro e pequena empresa, deve ser periódica e focada em alguns aspectos: financeiro, estratégico e operacional.

No âmbito financeiro deve-se fazer o levantamento mensal dos custos e confrontá-los com o faturamento a fim de determinar a lucratividade e a rentabilidade da empresa. Caso não haja uma rentabilidade, aconselha-se a fazer uma análise da estratégia, identificando os possíveis pontos positivos e os negativos, as oportunidades e as ameaças. Com o financeiro em ordem, definem-se as estratégia e parte-se para a operacionalização do processo. 

Acho que tá mais do que na hora de fazer aquela “faxina” nos departamentos da sua empresa e aproveitar para começar com tudo em 2021. Vamos Juntas?

Raquel Omena

é especialista em negócios digitais, editora da coluna Mais Empresárias
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