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Setor industrial ainda vive incertezas com volta à produção

Acervo JC

A pandemia do Covid-19 causou uma “crise sem precedentes” na manufatura nacional, conforme análise da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em sua Sondagem Industrial para março, divulgada nesta terça (28). Pesquisa da Suframa, apresentada no mesmo dia, confirma que apenas uma em cada cinco empresas do Distrito seguiram operando normalmente em abril.  

A pesquisa da CNI mostra que, em março, a queda da demanda levou a UCI (utilização da capacidade instalada) ao menor nível já registrado na série mensal, iniciada em 2010. O índice, que procura medir o quão a atividade industrial está aquecida recuou de 44,6 pontos em fevereiro para 31,1 em março. Valores abaixo de 50 pontos indicam atividade desaquecida.

O indicador de evolução da produção industrial ficou em 33,3 pontos – 14,2 abaixo do apurado em fevereiro e bem aquém da linha de 50 pontos, que separa queda e crescimento da produção. O recuo veio em uma intensidade e disseminação nunca registrada na série histórica.

Os subsetores de móveis, produtos têxteis, vestuário e acessórios, calçados e suas partes, e impressão e reprodução estão entre os mais afetados. O segmento de perfumaria, sabões, detergentes, produtos de limpeza e de higiene pessoal foi o único a não registrar, de um modo geral, queda em sua produção, em março. Farmoquímicos e farmacêuticos, assim como químicos e alimentos, registraram impactos negativos, mas menos intenso que dos demais setores de atividade.

Como consequência das restrições ao comércio e do isolamento dos consumidores, a falta de demanda (que passou de 29,6% para 35,8%) assumiu a primeira posição no ranking de principais problemas no primeiro trimestre de 2020, tomando o posto da elevada carga tributária (que caiu de 9,6 pontos percentuais, para 34%). Em terceiro está a taxa de câmbio (com 12,2 pontos percentuais a mais e 28,9%).

“Os impactos da crise causada pela pandemia da Covid-19 são intensos e disseminados pela indústria. A queda da demanda forçou uma redução sem precedentes da atividade industrial, que levou a utilização da capacidade instalada ao menor nível já registrado na série mensal”, afirmou o texto da pesquisa da CNI.

PIM parado

Levantamento da Suframa, realizado na segunda quinzena de abril, e divulgado nesta terça (28), aponta que apenas 21% das empresas do PIM optaram por não realizar nenhum tipo de paralisação em suas atividades, mesmo diante da crise do Covid-19. Outras 15% promoveram paralisação de 25% em suas atividades. Já uma faixa de 25% a 50% das empresas do PIM decidiu interromper 20% de seus trabalhos, diante da pandemia. 

A sondagem levou em conta uma amostra composta por 75 empresas, dentre as maiores do PIM em termos de faturamento, investimentos e empregos – o que representa 21% das indústrias consultadas. A maior parte das informações veio do subsetor eletroeletrônico, seguido pelos segmentos de duas rodas, termoplásticos, químico e bens de informática – justamente os mais representativos do parque fabril de Manaus. 

No Amazonas, dados fornecidos pelo Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) informam que oito das 23 empresas do PIM que estavam com paralisações temporárias estavam com seus trabalhos inteiramente interrompidos seis haviam brecado até 75% da atividade. Em torno de 13 haviam prorrogado o tempo de licença ou de férias coletivas e tinham expectativa de retornar em maio.

Outras indústrias já anunciam que devem aumentar a lista das paralisações, como a Bic Amazônia, que deve interromper seus trabalhos durante 30 dias, a partir a próxima segunda (4). 

Entre as fábricas que projetavam retomar atividades em maio, pelo menos uma já anunciou que vai estender a paralisação. Por meio de comunicado à imprensa, a Moto Honda da Amazônia anunciou, nesta terça (28), que vai aumentar o prazo de suspensão da produção, de 4 para 18 de maio, para priorizar “a saúde e segurança das pessoas” e evitar a “sobrecarga no sistema de saúde”.  

A montadora informa que a operação será reiniciada gradualmente, com a adoção de protocolos adicionais de segurança, visando a conciliar o cuidado com a saúde e a necessidade de atendimento à demanda atual do mercado de motocicletas. Destaca também que “seguirá acompanhando o cenário, bem como as orientações governamentais, unindo-se aos esforços coletivos para conter os avanços da covid-19”.

Retorno incerto

No caso das empresas que voltaram, o presidente do Cieam, Wilson Périco, já disse ao Jornal do Commercio que a continuidade da produção é incerta, dado que o desempenho da indústria está diretamente ligado ao do mercado, que se encontra atualmente com o comércio totalmente paralisado em alguns Estados, em virtude das medidas de isolamento.

“A maioria das cidades está prorrogando a medida do isolamento e outras estão proibindo o tráfego de caminhões com produtos que não sejam essenciais dentro de seus limites. As empresas têm receio de não ter como escoar a produção e já mantém um estoque elevado”, pontuou a assessoria da entidade”, arrematou.

Na mesma linha, o vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, concorda que o desempenho do setor no curto prazo é uma incógnita. “Os estabelecimentos de comércio e serviços estão fechados e o consumo está estagnado. Se alguém estiver faturando 25% do que costumava faturar antes da crise, é muito”, encerrou.

Fonte: Marco Dassori

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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