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Demissões e suspensões de contrato avançam no Amazonas

Acervo JC

O Ministério da Economia estima que houve um acréscimo de 150 mil na lista de desempregados em todo o país, na comparação dos 45 dias que compreendem o começo de março e o fim da primeira quinzena de abril deste ano, com o mesmo período de 2019. O governo atribui a alta à crise do Covid-19, mas ressalta que esperava números piores. Fontes ouvidas pelo Jornal do Commercio garantem que os números não devem ser desprezados, especialmente em turismo, bares e restaurantes, comércio e indústria.

Ainda não há dados do Amazonas para o comportamento do desemprego neste ano. No final de fevereiro, o governo federal suspendeu os levantamentos do Caged, informando que passaria a fazer a pesquisa com outra metodologia, utilizando os dados do E-social, a partir de março. Mas, a crise do Covid-19 abortou o projeto. No próximo dia 15, o IBGE divulgará os números do Estado no primeiro trimestre.

Os números nacionais foram divulgados nesta terça (28) e são baseados nos pedidos de seguro-desemprego e estimativa de demanda reprimida de pessoas que não conseguiram solicitar o benefício por causa das restrições do atendimento presencial aos trabalhadores. Em março, foram feitos 536.845 requerimentos de seguro-desemprego, uma redução de 3,5% frente ao mesmo mês de 2019 (556.226). Na primeira quinzena de abril, foram 267.693 solicitações, 13,8% a menos do que o apurado 12 meses atrás (310.509).

“Tendo em vista o fechamento das agências Sine [Sistema Nacional de Emprego], temos uma demanda reprimida. Ainda temos pequena fila, que estamos dando conta rapidamente, do pedido do seguro-desemprego. E essa demanda reprimida não passa de 200 mil em março e abril de 2020. Portanto, temos um aumento de pedidos de seguro-desemprego, mas esse aumento não passa de 150 mil pedidos [a mais, em relação a 2019]”, amenizou o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, em coletiva de imprensa.

“Lojas desmontadas”

Procurado pelo Jornal do Commercio, o titular da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jório Veiga, disse que só deve dispor de números de desemprego atualizados a partir da segunda semana de maio, mas destaca que muitos empresários amazonenses estão relatando demissões e é possível ver “lojas já desmontadas e devolvidas”.

“Ainda não temos essa informação. Mas, temos um aumento expressivo, especialmente em alguns setores como o turismo, bares e restaurantes e lojas em geral. Tudo como consequência da paralização das atividades em função do Covid19. Na minha percepção, uma vez retomadas as atividades na forma habitual, muitos serão recontratados. Mas, algo residual vai existir”, ponderou.

Demissões e acordos

De acordo com o Sindmetal-AM (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas do Amazonas, o PIM registrou pelo menos 1.320 demissões, em 21 fábricas, entre 1º de março e esta segunda (27). No mesmo período, a crise do Covid-19 levou pelo menos 50 empresas – envolvendo 30 mil trabalhadores do Distrito – a procurarem a entidade para firmar acordos de suspensão de contratos e/ou redução de salários.   

Uma delas foi a Moto Honda, conforme aponta texto da assessoria da multinacional. Em acordo coletivo, firmado com o sindicato laboral, com base na Medida Provisória 936/2020, foi estabelecido que “a maior parte dos colaboradores da montadora” terá o contrato de trabalho temporariamente suspenso por até 60 dias. Os termos do acordo deixam de ser válidos assim que os colaboradores retornarem ao trabalho, a partir de 18 de maio.

“Nesse período, por meio de ajuda compensatória, será assegurado de 75% a 100% da renda líquida atual do colaborador, o que vai além da exigência prevista na Medida Provisória. O desconto, que varia de 0% a 25%, será escalonado conforme faixas salarias, sendo maior para os níveis superiores”, destacou o texto da assessoria de imprensa da Honda.

O presidente do Sindmetal-AM e da CUT-AM (Central Única dos Trabalhadores do Amazonas), Valdemir Santana, ressalta que os números apresentados incluem apenas os segmentos eletroeletrônico, de duas rodas e metalúrgico, que estão entre os mais fortes do Polo Industrial de Manaus. O dirigente estima que os números do setor, quando contabilizados os demais sub-setores, devem ser ainda piores, dadas as mudanças na Lei Trabalhista.

“As empresas não são mais obrigadas a informar os sindicatos, no ato dos desligamentos. Mas, nossa convenção coletiva obriga as indústrias do PIM que trabalham com nossos associados a fazer isso. Infelizmente, não vejo possibilidade de melhora, com essa crise que enfrentamos e esse governo que temos. A situação já estava ruim antes e vai ficar ainda pior. Lamento mesmo é que os companheiros demitidos estejam sem plano de saúde nesse momento”, lamentou.  

O Jornal do Commercio procurou entrevistar a presidente do Sindicato dos Empregados no Comercio de Manaus, Ana Marlene Aires Arguelles, por meio de ligações e mensagens de Whatsapp, mas não obteve retorno até o encerramento desta reportagem. Dirigentes de entidades patronais do setor estimam que as demissões no varejo e no atacado já passaram de 6.000, mas podem chegar a até 60 mil, caso a crise se estenda ao segundo semestre. 

Para o governo, números são “positivos” e “pequenos”

Para o secretário especial de Previdência e Trabalho, os números de desemprego apresentados nesta terça (28) são “positivos” e “pequenos”. Bruno Bianco acrescenta ainda que os trabalhadores desempregados estão guarnecidos pelo seguro-desemprego “nesse momento de incertezas na economia”, decorrentes da crise do Covid-19.

À Agência Brasil, o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, a preocupação com uma explosão de desempregados no país não se confirmou, já que o número de pedidos de seguro-desemprego está “muito parecido com os registrados no ano passado”. 

“Nesse primeiro instante de crise, passado mais de um mês, não verificamos um aumento de pedidos, o que demonstra que a situação está parecida do que havia no passado. Houve ligeiro aumento, mas não é nenhuma explosão, perto do que nós pensamos ou que todos esperavam que poderia acontecer”, encerrou. 

Fonte: Marco Dassori

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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