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Setor de serviços registra queda de 5,1% no Amazonas em junho

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori   Instagram: @jcommercio

O setor de serviços do Amazonas desabou em junho. Em um mês de estagnação nos níveis de endividamento do consumidor de Manaus e a alta da inflação, o volume de vendas tombou 5,1%, eliminando o ganho anterior (+4,6%). Diferente de maio, o Estado foi ultrapassado pela média nacional, que subiu apenas 0,7%. A alta foi disseminada por quase toda a atividade, sendo alavancada pelo transporte de cargas e organização de eventos, além de serviços técnicos e financeiros, entre outros subsetores. 

O desempenho dos serviços do Amazonas foi melhor na comparação com o mesmo mês de 2021. O incremento foi de 2,8%, ainda sob os efeitos do bônus da reabertura dos segmentos presenciais, frente ao avanço da vacinação e os índices mais amenos de Covid-19. Mesmo assim, ficou bem atrás do dado brasileiro (+6,3%). O Amazonas também somou altas de dois dígitos no semestre (+9,7%) e no acumulado dos 12 meses (+9,5%) – contra +8,8% e +10,5%, no restante do país. Os dados são da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), e foram divulgados pelo IBGE, nesta quinta (11).

Com a queda de 5,1% na variação mensal, o Amazonas despencou do quarto para o 24º lugar do ranking brasileiro, ficando à frente apenas de Acre (-7,9%), Rio Grande do Norte (-6%) e Alagoas (-5,7%), em uma lista com 17 resultados negativos. Em contrapartida, Mato Grosso do Sul (+2,7%), Mato Grosso (+2,6%) e Paraná (+2,5%) subiram ao pódio. Em relação ao mesmo mês de 2021, o Estado (+2,8%) desabou da sétima para a 20ª posição, em um rol iniciado por Tocantins (+16,6%) e encerrado pelo Acre (-11,7%). No acumulado, caiu da 11ª para a 15ª colocação, com Alagoas (+23,6%) e Rondônia (-1,9%) ainda nos extremos. 

Com o novo repique da inflação, a receita nominal se manteve descolada do volume de serviços, apresentando números comparativamente melhores. Assim como ocorrido com o volume de vendas, a variação mensal do faturamento a preços correntes ficou negativa (-1,7%), e abaixo da marca de maio (+4,8%). No confronto com junho de 2021, houve nova elevação de dois dígitos (+14,4%), mantendo os acumulados do ano (+17,8%) e dos 12 meses (+17,2%) no azul. Em contraste, os respectivos dados da média nacional (+1,5%, +17,1%, +16,5% e +16,8%) foram todos positivos. 

“Baixa demanda”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, já havia mencionado à reportagem do Jornal do Commercio que, embora os dados disponíveis não possibilitem apontar os fatores que motivam a evolução e involução dos indicadores, tudo leva a crer que a pandemia levou os empresários do setor a trilharem “um caminho próprio”. Mas, diante da nova oscilação, o pesquisador destaca que a aceleração dos preços está pesando mais nessa dinâmica. E, mesmo diante da deflação capturada pelo IPCA em julho, as perspectivas ainda seriam incertas para os próximos meses.

“Pelo segundo mês no ano, o setor de serviços local apresentou queda de vendas. Dessa vez mais acentuada que a ocorrida em abril passado. A exemplo de outras atividades, as vendas têm sofrido baixa demanda. Motivadas principalmente pela alta da inflação que compromete a renda e reduz o consumo. Com isso, os acumulados do ano e dos últimos 12 meses sofreram redução. Mesmo assim, o setor acumula crescimento de quase 10% em 2022. Para os próximos meses, a média indica que está negativa. Mas a queda da inflação pode voltar a aquecer as vendas de serviço”, frisou. 

Transporte de cargas

O IBGE-AM reforça que, em virtude do tamanho da amostragem, a pesquisa no Amazonas ainda não apresenta os dados desagregados por segmentos em âmbito local. A alta mais modesta da média nacional neste mês se disseminou em quatro das cinco atividades investigadas pelo órgão federal de pesquisa dentro do setor. As principais influências positivas, em termos de crescimento e participação na base de dados vieram de transportes, serviços auxiliares e correio (+0,6%) e de serviços profissionais, administrativos e complementares (+0,7%). Foram seguidos por “outros serviços” (+0,8%) e serviços prestados às famílias (+0,6%). O único dado negativo veio do subsetor de informação e comunicação (-0,2%).

Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, assinala que a maior influência positiva veio dos transportes rodoviário de cargas e coletivo de passageiros, segurando o segmento 16,9% acima do patamar pré-pandemia. O benefício teria vindo novamente do aumento do transporte de cargas, em razão do aquecimento das vendas online e seus impactos na cadeia logística. “Posteriormente, a recuperação do transporte de passageiros ajudou a impulsionar o setor”, acrescentou.

Segundo o pesquisador, os serviços profissionais, administrativos e complementares também superaram a marca anterior à crise sanitária. A alta foi impactada pela organização, promoção e gestão de feiras e congressos, bem como por atividades de arquitetura e engenharia, e de segurança privada. Já os serviços prestados às famílias emendaram seu quarto aumento consecutivo, sendo puxados por artes cênicas e de espetáculos, embora ainda estejam em nível abaixo do capturado antes da crise da Covid-19.

Pandemia e câmbio

Em entrevista concedida anteriormente à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, ressaltou que, a despeito das recentes oscilações, o setor continua com desempenho acima dos demais. O dirigente lembrou que os serviços passaram “reprimidos” durante os meses mais duros da pandemia e que contam ainda com o bônus de menor dependência de importação de mercadorias e da volatilidade do dólar, embora também estejam sujeitos aos impactos inflacionários no orçamento das famílias.

“Na medida em que as atividades foram se restabelecendo, a última que ganhou força  foi justamente a de serviços. O varejo está desabastecido e a manufatura teve desaceleração por falta de insumos. Comércio e indústria se ressentiram mais dos aumentos de custos de fretes e energia. Os serviços, tiveram mais estabilidade para crescer. Estamos otimistas, apesar de sabermos que as dificuldades não acabaram”, arrematou. 

Boxe ou coordenada: Setor continua gerando empregos formais

A despeito do desempenho negativo nas vendas, os serviços do Amazonas continuaram gerando empregos de carteira assinada, em junho. Dados do Novo Caged mostram que, assim como ocorrido em todo o país, o setor foi o que mais gerou postos de trabalho com carteira assinada no Estado, respondendo por 38,59% da oferta. O levantamento do Ministério do Trabalho e Previdência informa que foram abertas 2.020 vagas formais em âmbito local, gerando acréscimo de 0,97% sobre o estoque anterior. O desempenho, no entanto, já veio mais fraco do que os contabilizados em maio (+2.730) e abril (+2.994). Em termos absolutos, os destaques vieram de atividades administrativas e serviços complementares (+3.794) e de alojamento e alimentação (+1.171).  

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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