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Será que você é a cara do seu negócio?

Será que você é a cara do seu negócio?

Com a ideia simples de “algo bom/algo ruim”, a escolha do tradicional meme de Chico Buarque tem tudo a ver com o tema dessa semana, afinal até o seu tipo de humor influencia na hora de decidir o melhor negócio para abrir. Cada pessoa tem nas suas ações cotidianas um estilo de comportamento e no imaginário um modo de vida que pretende levar no futuro. Ocorre que na maioria das vezes as pessoas ignoram esse detalhe na hora de escolher o seu nicho de mercado e o seu modelo de negócio. Neste último mês, em conversas distintas, me perguntaram como definir o tipo de negócio ideal para empreender. E isso me fez refletir sobre os empreendimentos que tive a oportunidade de fazer parte e na rotina diária de cada um deles. Analisando hoje, eu consigo perceber que todos eles atenderam muito bem um momento tanto de mentalidade quanto maturidade dentro do que eu esperava do negócio. Quem você é e os seus interesses futuros precisam estar conectados com o seu modelo de investimento.

Quando comecei a empreender meu foco era em empresas físicas. Como amo viajar, hoje opto por trabalhar inteiramente online. Ter um negócio físico não me impedia, mas sempre que eu saía da cidade ficava louca porque aconteciam todos os problemas do mundo e era difícil relaxar a distância. Perdi a conta de quantos passeios fiz e quantas cidades visitei sem, de fato, prestar atenção porque tinha outras coisas para tirar a minha atenção no momento. Você já parou pra pensar em como você espera viver do sucesso da sua empresa? Ou em como o seu negócio vai afetar sua vida e a vida da sua família quando ele estiver funcionando?

Em uma conversa sobre o tema, uma amiga me contou sobre uma ideia que teve a respeito da abertura de negócio e logo em seguida me perguntou: “Tu achas que isso funciona? Receio investir e depois descobrir que o negócio virou um fracasso e eu joguei dinheiro fora!”

Relembrando minhas experiências, eu acredito que o fracasso de um empreendimento acontece por duas razões. A primeira é que você não calculou o potencial de caixa e o capital de giro necessários para segurar a empresa até o momento que ela realmente começasse a andar sozinha. E a segunda é seu propósito ou perfil, não estarem conectados com o modelo de negócio escolhido, e por isso muitos empreendedores não conseguem passar pelo sacrifício inicial que o negócio exige e acabam fechando as portas antes do esperado. É importante mencionar que quando eu falo de início ou começo, estou falando dos primeiros anos de funcionamento.

De acordo com Fred Alecrim, empreendedor e escritor, em artigo publicado no site  Administradores.com, são cinco os motivos que estimulam o empreendedorismo atualmente: a realização de um sonho, a qualidade de vida, os altos ganhos financeiros, a aposta em um mercado promissor e finalmente a liberdade de não ter chefe. Alecrim completa seu pensamento afirmando que o desafio do empreendedor é exatamente esse, transformar seu sonho em realidade ou pelo menos o mais próximo dele possível. A questão é que muitas vezes esse sonho se torna um pesadelo; a qualidade de vida cai com o stress e excesso de trabalho; ao invés de altos ganhos financeiros, dívidas; o mercado promissor foi super avaliado e decepcionou; e não ter chefe te deixa mais preso do que você poderia imaginar. É muito comum ver pessoas com ideias e brilho no olhar para empreender que depois de abrirem o negócio, descobrem que o sonho virou pesadelo. Empreender não é fácil, concorda? Depende de um monte de fatores, inclusive alguns alheios à vontade ou capacidade do Empreendedor.

Fred Alecrim é Empreendedor, educador corporativo, ativador de movimentos e curador nacional e internacional de tendências para o varejo

Toda história de sucesso no empreendedorismo começa com luta, com o caixa no vermelho, com falta de dinheiro, crise nas vendas. A verdade é que a gente constrói um negócio e precisa moldá-lo ou pivotá-lo durante o processo. E tudo isso envolve custo, investimento e principalmente sacrifícios. Quem chega ao sucesso precisa estar extremamente alinhado com o seu perfil pessoal, com o perfil do negócio que montou e o planejamento desse negócio.

Eu conheço pessoas que não gostam de sair de casa, que trabalham online o dia inteiro e estão certas de que esse é um modelo ideal. Se essa pessoa trabalha com produtos digitais, redes sociais, designer, está em um negócio de “baixo custo” e em casa, do jeito que ela gosta, este profissional só tem a crescer. Agora imagina este profissional à frente de um bar? Fazendo compras, lidando com funcionários, com clientes, alguns alterados por conta do álcool. Enquanto os amigos estão confraternizando em algum lugar ele está ocupado com coisas do bar. A família fica em casa e ele trabalha o dia inteiro. No primeiro ano, pode ser legal. No segundo ano, se você não tem o perfil, a noite vai consumindo e aquilo vai te fazendo perder a vontade de continuar. Tenho alguns amigos que amam estar no bar tomando uma cerveja no fim de semana, mas levantam as mãos pro céu por não serem mais donos de bares. A mesma ideia serve para quem ama trabalhar em bar, que ama estar em contato com público e resolve montar um negócio em casa. Vai achar tedioso, frustrante e o desânimo certamente tomará conta dos seus dias.

Eu citei dois exemplos simples, mas o ponto principal é que você precisa se conhecer profundamente para saber se o lugar que a tua empresa vai inevitavelmente chegar, é um lugar que você quer estar. Para os amigos que eu citei, não existe dinheiro no mundo que os faça voltar a empreender na noite. E para os empresários da noite, eles valorizam o status, sentem-se realizados em planejar cada festa, cada evento, aguardam ansiosos cada dia de trabalho e não existe nada que os faça empreender em outra coisa.

Cada um tem sua dinâmica, seu estilo de trabalho e sua doação para o negócio, portanto, descubra seu talento antes de gastar um dinheirão com algo que não vai satisfazê-lo. Afinal, o que te faz querer ser uma empresária? Qual sonho está guardado naquela caixinha que você esconde no fundo do seu ser? O que te dá vontade de largar qualquer emprego que você possa ter para fazer algo que é seu? E se pergunte: – Eu poderia fazer isso pelo resto da minha vida? Pondere os prós, os contras e todas as consequências do negócio que você sonha em ter e com base nisso tome suas decisões e ações. É hora de sair do comodismo e rentabilizar o que você ama sem deixar que isso se transforme em pesadelo. Vamos Juntas?

Raquel Omena

é especialista em negócios digitais, editora da coluna Mais Empresárias
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