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Sendo foco de novo decreto, restaurantes querem flexibilização das atividades

Em sintonia com avaliação do comércio, o segmento de alimentação fora do lar recebeu as mudanças anunciadas pelo governo, e que serão foco de novo decreto a ser publicado nos próximos dias, como um avanço, no sentido de evitar a debacle da atividade. A Abrasel-AM (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Seção Amazonas) antecipa que os bares devem se reinventar, e que muitas empresas não conseguirão atravessar os próximos meses, que ainda serão de crise.

Em linhas gerais, as novas medidas anunciadas pelo governador preveem que os restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos registrados como restaurantes na atividade principal poderão abrir para o atendimento presencial, das 6h às 16h, de segunda a sábado. Em todos os estabelecimentos, no entanto, a lotação máxima deverá permanecer na faixa dos 50% da capacidade. Para os empresários, apesar da flexibilização, muitas atividades seguirão inviabilizadas, já que sua demanda se concentra no período noturno – a exemplo das pizzarias e bares –, vetado pela limitação de horário das lojas e pelo toque de recolher iniciado às 19h. 

Segundo o presidente da Abrasel, Fábio Cunha, o relaxamento das restrições e a simples possibilidade de os estabelecimentos receberem clientes em suas dependências são mais que bem vindos, mas as medidas devem ser mais amplas nas próximas oportunidades, já que muitas empresas não conseguem trabalhar com o delivery e estão perto de fechar de vez. O dirigente argumenta também que a própria limitação do horário dos serviços de entregas para as 22h não faz sentido, no contexto atual de reabertura. 

“Se não houver maior flexibilização nas próximas vezes, a tendência é termos mais demissões e fechamentos de empresas. Só neste ano, já tivemos 10 mil desligamentos, dentro de um universo de 80 mil trabalhadores formais e uma quantidade semelhante de informais. Antes da pandemia, tínhamos em torno de 13 mil CNPJs, mas acreditamos que já perdemos uns 40% desse total [o equivalente a 5.200 empresas]. E muitos já estão se preparando para pedir falência”, informou.

Conforme Fabio Cunha, os empresários aguardam para ver como se darão as medidas na pratica do dia a dia do segmento. Mas, o dirigente ainda enxerga um cenário “desastroso e crítico” para o curto prazo e estima que em torno de 10% das empresas ainda devem ficar no caminho, nos próximos dois meses. Por isso, o presidente da Abrasel-AM recomenda que os empresários do ramo tenham todo o cuidado com os protocolos, para evitar retrocessos.

“Acreditamos que teremos uma movimentação boa. As pessoas precisam se alimentar e os restaurantes são vitais para quem trabalha nos setores públicos, como médicos, policiais e bombeiros. Os bares, por outro lado, vão ter que se adaptar a essa necessidade e focar mais na alimentação, para que possamos avançar. Mais importante é que devemos manter todos os cuidados, para garantir um equilíbrio entre as medidas de prevenção e a necessidade de as empresas continuarem a funcionar. Se não for assim, teremos outros problemas, além da pandemia”, frisou.  

“Sacrifício inútil”

Na mesma linha, o sócio proprietário do Grupo Alemã, Sergio Band, diz que a flexibilização é vista pelo segmento de alimentação fora do lar como fundamental para esticar a sobrevivência de muitos negócios, mas ainda insuficiente para garantir o vigor da atividade. O empresário também considera que o esforço dos lojistas não está “ajudando grande coisa”, ficando mais na aparência do que na essência.

“Temos visto ônibus lotados, agências da Caixa muito cheias, gente nas piscinas dos condomínios, fábricas no Distrito funcionando normalmente, e o nosso setor muitíssimo prejudicado. Bares não trabalham até às 16h, fast food e restaurantes normalmente vendem 75% a partir das 16h, e somente 25% até às16 h. Certamente, é melhor do que antes, mas seguimos na UTI, com falecimentos diários de empresas ocorrendo. A semana corrente, está sendo dificílima para nós, com vendas apenas por delivery, onde praticamente não temos margem”, desabafou.

De acordo com Sergio Band, a atual crise pegou o grupo em uma situação financeira “já menos do que a ideal”, devido aos impactos econômicos da primeira onda, custando o corte de pouco mais de 20% dos quadros funcionais – e expectativa de novas demissões, após o retorno da parte do contingente que ainda está de férias. O empresário avalia que em torno de 90% das empresas do setor já correram aos bancos – inclusive a própria Alemã – em um cenário sem incentivos federais e com os bancos enxugando a oferta de crédito. 

As dificuldades geradas pela atual segunda onda já custaram, inclusive, o sepultamento da loja mais tradicional do grupo, localizada na Praça da Polícia. “Era o nosso ‘xodó’. A loja já vinha mais fraca, porque o Centro empobreceu muito nas ultimas duas décadas, e o mercado de lá agora busca algo mais simples do que vendemos. Mas, teríamos aguentado mais tempo se não fosse pela crise da covid, sem dúvida. Ou seja, a pandemia acelerou algo que talvez já fosse acontecer em alguns anos”, lamentou.

“Aquecimento sutil”

Em sintonia, o sócio proprietário dos restaurantes Mercato Brazil e Expresso 73 (antigo Mercado 153), Weber Eduardo da Costa Val, pondera que, quando tudo está fechado o cenário é o pior possível, mas ter a oportunidade de contar com uma “fatia fina” do negócio operando é algo que pelo menos possibilita à empresa sobreviver – ainda que na UTI. No entendimento do empresário – que possuiu dois bares/restaurantes no Manauara Shopping –, a flexibilização deve fazer a economia a começar aquecer, mesmo que “de maneira sútil”, mas o cenário ainda vai ser de dificuldade para equilibrar custos com o faturamento.

“O cliente fica de olho nos números diminuindo de internação, falecimento e de recuperados. Dessa maneira, se sente mais seguro, e deve procurar estabelecimentos em conformidade com as normativas de segurança. As vacinas vão tranquilizar o governo e o comércio, e essa estratégia tem de continuar para as faixas etárias dos 18 aos 50 anos. Dessa forma, a vida deve continuar de forma mais tranquila na região. Mas, os empresários vão começar no negativo, tendo de pagar fornecedores, bancos, locatários, funcionários e outros. O faturamento ainda não vai equiparar com 2019”, concluiu.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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