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Sementes radioativas contra o câncer

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Resultado de um projeto de pesquisa científica, um estudo iniciado em 2013 e publicado este ano, trouxe bons resultados no tratamento contra o câncer de mama. A pesquisa consiste na aplicação de sementes de iodo radioativo, um tipo de radiotraçador, que proporciona maior precisão na detecção da lesão (tumor), evitando grande comprometimento da estética mamária e mutilações desnecessárias. Realizado pelo médico mastologista Sérgio Mendes, no Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo, o estudo aplicado em 35 pacientes teve resultados positivos.

De acordo com Sérgio Mendes, a ideia de realizar a pesquisa surgiu quando o médico assistia a uma aula de radiologia, onde se falava que o método utilizado no tratamento para o câncer de próstata, em Porto Alegre teve resultados satisfatórios. Ainda segundo o mastologista, durante o tratamento de câncer, a radiação pode atingir outras áreas do corpo, vizinhas do órgão com a doença. Para tratar um problema, sem implicar em causar outro, a medicina então, inventou um sistema de GPS que emite um sinal eletromagnético para que o médico saiba o ponto exato do tumor. A radioterapia aplicada nas mamas, por exemplo, pode atingir o coração e com o implante da semente de iodo no corpo, esse risco cai.

“Após fazer a biópsia e constatar a necessidade cirúrgica, a marcação da área tumoral é feita com a semente, que é implantada na lesão, através de uma agulha, processo realizado em ambulatório, não necessariamente no dia da cirurgia e sem obrigação de internação. A anestesia é local e não deixa cicatriz”, explicou Mendes.

O método vai beneficiar muito pacientes com câncer. “A semente é colocada no centro do tumor e em nódulos adicionais e, após a quimioterapia neoadjuvante, permite ao cirurgião saber exatamente onde estava aquela lesão na mama, já estando a área marcada para a ressecção cirúrgica”, exemplificou o mastologista.

Com a implantação da semente de iodo, caso a paciente precise fazer a cirurgia, vai ter menos perda de tecido mamário. “O tumor não tem uma diferença do tecido mamário, então você se perde ali, capaz de você tirar setores, partes da mama e o tumor continua lá, então com a semente esse risco diminui, o que não quer dizer que em 100% dos casos a paciente não perca a mama, no entanto, esse risco diminui, mas não é nulo”, comentou.

Contudo, quem precisar do tratamento terá que aguardar, pois o método ainda não está disponível, isso porque segundo o mastologista, o projeto acabou de ser publicado e depende ainda da aprovação dos órgãos reguladores nacionais.

Resposta positiva
Uma das pacientes que recebeu a semente de iodo na mama, foi a vendedora Geiza Armeni Trovo, 38. A paciente sentiu um nódulo na axila durante o banho, quando procurou o médico especialista, descobriu que o câncer havia se espalhado. A vendedora fez todo o tratamento contra a doença, com seis ciclos de 21/21 quimioterápico, em seguida ela deu uma pausa e fez a cirurgia para a retirada da semente que foi colocada dentro do seio durante a biópsia, em seguida ela fez a radioterapia finalizando o tratamento.
“A semente ajudou durante a cirurgia, na retirada daquele tumor, porque ele tem que ser muito bem localizado, e isso ajuda o cirurgião, nos ajuda, me ajudou a não perder minha mama e isso era muito importante pra mim”, contou Geiza.

Relação Custo x Benefício
Segundo o mastologista Sérgio Mendes um outro ponto positivo da semente é o valor, atualmente, nos métodos tradicionais com agulha o paciente paga o valor de R$ 700 a R$ 800, mas com a implantação da semente de iodo o paciente passará a fazer uma economia bem maior.

As sementes são importadas dos Estados Unidos e custam cerca de R$ 140, mas os cientistas brasileiros querem criar um produto nacional e em larga escala para baixar esse custo, por isso, estão montando no Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) de São Paulo, um laboratório com tecnologia e equipamentos próprios.

De acordo com a física do Ipen, Maria Eliza Rostelato, é muito importante a nacionalização das sementes. “Porque na medida que você tem ela no seu país, fica mais barato, fica mais acessível e você pode atingir um número maior de pacientes, então você passa a incluir todos os brasileiros nesse tipo de técnica mais moderna”, comentou.

Dados do Câncer de Mama no Brasil
Segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de mama, é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, o câncer de mama responde por cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Especificamente no Brasil, esse percentual é um pouco mais elevado e chega a 28,1%. E apesar de não ser um tema muito discutido, os tumores mamários também podem aparecer nos homens, mas apenas 1% do total de casos de tumores de mama acomete homens. Enquanto 14 mil mulheres brasileiras morrem por ano dessa doença, menos de 200 homens sofrem com o mesmo destino.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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