Tubulações aparentes, paredes sem acabamento e com tijolos à mostra, utilização acentuada de cimento queimado, bases estruturais de ferro e iluminação diferenciada, cores sóbrias como preto, cinza e branco.
Se eu te pedisse para imaginar uma casa construída utilizando os elementos citados, automaticamente na sua cabeça, surgiria uma séria de interrogação sobre o sucesso dessa decoração, não é mesmo? Falando assim, parece que estamos imaginando uma fábrica ou indústria, provavelmente abandonada ou pior, daquelas que fecharam antes mesmo de terminar a construção. Mas, é exatamente isso.
Na década de 1950, alguns galpões abandonados, onde funcionavam ateliês de pintura e fábricas, foram transformados em lofts e este estilo industrial começou a fazer parte da nossa decoração. Mais precisamente em 1970, principalmente em Nova York, muitas indústrias desativadas deram vida a residências e seus ambientes foram adaptados para atender às necessidades de moradia das grandes cidades.
Conseguiu imaginar do que estamos falando? Praticamente, 50 anos depois da tendência nova iorquina, esse estilo industrial, rústico, cheio de personalidade e atitude voltou. Claro que usando componentes muito mais moderno. Podemos encontrar bons exemplos em filmes, dos mais diferentes estilos. Como por exemplo, o moderno ‘Um Senhor Estagiário’, o clássico ‘O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain’ e o “água com a açúcar”, ‘A Promessa’. Decorações diferentes, porém, sustentando o estilo industrial.
Representando o conceito de que a decoração industrial é direcionada para um público mais jovem, que não quer mais os planejados com MDF, mas sim coisas diferentes, peças ecléticas, com os quais se identificam, na coluna de hoje, eu tenho como convidada especial, Angélica Moraes, a proprietária do Atelier da Angel, uma empresa especializada em móveis e projetos com pegada industrial.
Angélica é administradora de empresas, apaixonada por criação. Desde a infância, vivia o “chão de fábrica”, em meio a produções de esquadrias metálicas, que durante muito tempo foi o trabalho da família. E foi justamente inspirada neles, nas formas, cores e ambientes decorativos que surgiu a ideia de começar o ateliê. Depois de cursos e oficinas, e uma conexão forte com a Economia criativa, o Atelier da Angel surgiu e não para de crescer.
O que a Angélica trouxe para o Atelier da Angel?
Eu prezo muito pela transparência e responsabilidade. Objetivo sempre obter os melhores resultados, produzindo ambientes aconchegantes para nossos clientes, pois afinal estamos realizando o sonho de alguém, isso me motiva!
Como começou a sua jornada empreendedora?
Formei-me em administração de empresas, mas trabalhei em vários segmentos: telefonia, produtos químicos, construção civil etc. Chegou um momento que resolvi trabalhar na empresa do meu pai, e foi lá que tudo começou, onde surgiu a ideia do negócio, tendo em vista já termos um conhecimento profundo de materiais metálicos, e do processo de produção, e tive a liberdade de executar minhas ideias.
O que foi mais difícil no começo?
Foi me desvincular da empresa do meu pai. Seguir de forma independente, foi muito difícil ele me deixar ir, mas foi uma das decisões mais importantes. Foram surgindo demandas que fugiam das propostas e estratégias da empresa do “seu MORAES”, surgiu a oportunidade da execução do primeiro projeto, uma cafeteria, que se tornou minha primeira vitrine.
De acordo com uma pesquisa do LinkedIn, os pais ainda estão entre as maiores influências na vida de uma pessoa na hora de escolher a carreira. Cerca de 26% dos entrevistados confirmaram o peso da família sobre suas decisões. É muito comum um pai ou uma mãe sonhar que seus filhos sigam seus passos. Essa pressão por preencher as expectativas têm significância para os jovens. Em geral, os pais esperam que seus filhos sejam bem-sucedidos e deem continuidade ao que eles começaram, nem sempre os pais lidam bem com o fato dos filhos não quererem seguir seus passos. É normal isso, gente!
Qual foi o seu maior desafio na hora de encarar o mercado?
Sou uma mulher, em um segmento em que os homens são predominantes, tive que trabalhar muito, especializar-me bastante sobre o negócio para ter credibilidade. Foi uma conquista, hoje posso dizer que tenho bastantes parceiros que acreditam na nossa equipe.
Foi-se o tempo em que algumas profissões eram exercidas conforme o gênero sexual. Mesmo que a passos lentos, podemos observar uma mudança de cultura. As mulheres estão exercendo atividades antes desempenhadas apenas por homens. Mesmo os serviços mais pesados estão abrindo as portas para uma nova geração de trabalhadoras. A mulher vem se sobressaindo há muito tempo em relação aos homens, a única coisa que não evoluiu tanto foram as oportunidades no mercado de trabalho que continua dominada pelo patriarcado.
Qual a sua maior motivação como empreendedora?
REALIZAR, finalizar um projeto e ver a satisfação do cliente. É importante ter consciência da responsabilidade de que você está entrando em um “lar”, que comportam os sonhos de uma família. Isso me deixa extremamente feliz! Motivada!
Qual o Core Business do Atelier da Angel?
Hoje, nossa principal atuação é executar projetos com pegada industrial, em parceria com arquitetos e designers. Defino o Atelier, como um local de produção de mobiliários com medidas diferenciadas, às vezes fora do padrão do mercado, criando e executando a ideia do cliente, e pode ser tudo que você imaginar. Estantes, sapateiras, mesas, banquetas, carrinhos bar, um mix enorme. Já fizemos até cenários para editorial de loja de sapatos. Mas os queridinhos dos clientes são as mesas, estantes, banquetas e cabideiros.
Como foi o período da pandemia? O que você fez para se manter ativa nesse período?
Acho que como todos, tivemos que nos reinventar fazendo adaptações de forma emergencial visando manter a saúde do negócio. Criamos estratégias de produção de móveis para pronta entrega e já montados, fazendo delivery. Focamos em mobiliários home office, tendo em vista que tivemos de seguir esse cenário. Muitas pessoas tiveram que continuar trabalhando em casa, porém sem a mínima estrutura para isso. Foi assim que conseguimos nos manter firmes no negócio.
Vale comentar que o sistema de trabalho home office, adotado por grandes empresas, públicas e privadas, em função da pandemia, apresenta tendência de permanecer no modelo, mesmo após a volta à normalidade. Multinacionais como a Heineken, já estuda a atuação integral em Home office. Isso mostra que a inclusão de um escritório será uma tendência obrigatória nos novos projetos de construção e decoração.
Em que área da sua empresa você sente mais encanto durante a elaboração de um projeto?
Sou uma pessoa inquieta. Não consigo ficar por muito tempo sentada em uma mesa, então, vivo na produção, sou muito observadora, vejo detalhes e procuro buscar melhorias. Amo o processo de produção.
Para você, o que é uma empresa de sucesso?
Na minha opinião, empresa de sucesso, são pessoas motivadas, que acreditam no seu negócio, vestem a camisa. É estarem alinhadas as metas e ultrapassá-las. No momento, me sinto uma sobrevivente da pandemia, tentando manter a saúde do negócio, com bons indicadores. Estamos tendo um crescimento tímido, estivemos bem melhor antes da pandemia, foi uma freada muito brusca para muitos negócios.
Se você tivesse um recado para o seu eu do passado o que você diria?
Diria para Angel ser mais ousada, acreditar mais em suas ideias, não escutar tantas opiniões alheias. Tive que quebrar muitos paradigmas, muitas barreiras, mas foi um processo de crescimento necessário.
E para aqueles que querem empreender, mas ainda não começaram. O que você diria?
Sejam ousados, desenrolados, o mercado quer isso. Acreditem nas suas ideias, adquiram conhecimento a respeito de tudo que aparece no mercado. Façam acontecer, e se não der certo, acredite, é só mais um degrau que você construiu para alcançar lá na frente o seu sucesso. Não desista, siga em frente!
O Atelier da Angel tem presença forte no mercado local há 5 anos e é especializado em desenvolver e executar projetos mobiliários com design industrial. Seu maior objetivo é tornar o ambiente de seus clientes mais sofisticado e moderno. Com desenhos arrojados que fogem da simplicidade, e voltado para economia criativa, o ateliê mantém o equilíbrio entre a elegância e a tendência do design industrial. Acesse @atelierdaangel nas redes sociais e conheça seus projetos.
Foto/Destaque: Divulgação