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Segmento eletroeletrônico ainda na corda bamba

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O polo eletroeletrônico prepara-se para 2020 de oportunidades e riscos,  a partir do próximo trimestre. As Olimpíadas sinalizam mais vendas de TVs, celulares e dispositivos portáteis, em um ambiente de inflação e juros em baixa, e com a demanda adicional do Dia das Mães no horizonte. O lado negativo é que o ano pode reservar surpresas para a ZFM no âmbito da Reforma Tributária, além de já ter começado com a cadeia de suprimentos da indústria global abalada pelo alerta amarelo do coronavírus.

A indústria eletroeletrônica conta com pelo menos 72 fábricas ativas instaladas em Manaus, conforme a listagem mais recente da Suframa. O segmento responde por 26,78% do faturamento total do PIM, conforme os dados contabilizados até outubro, pela mesma autarquia. E seu braço de bens de informática responde por mais 22,98% das vendas globais do Polo Industrial de Manaus. Os resultados, contudo, foram diferentes para as duas alas industriais.

No caso dos eletroeletrônicos, o faturamento em dólares entre janeiro e outubro de 2019 (US$ 5.93 bilhões) ainda estava 4,43% abaixo do apurado em igual período de 2018 (US$ 6.21 bilhões). A medida em moeda nacional, por outro lado, correspondeu a uma avanço praticamente similar (+4,48%) entre um período e outro – de R$ 22,24 bilhões (2018) para R$ 23,23 bilhões (2019) –, em função da flutuação cambial.

Melhor sorte teve o polo de bens de informática que avançou em ambas as divisas, quando se toma como base a mesma comparação de períodos. Em moeda americana, o incremento foi de nada menos do que 14,29%, com US$ 5.08 bilhões (2019) contra US$ 4.45 bilhões (2018). Convertido para reais, a expansão foi de 22,81%, ao passar de R$ 16,22 bilhões (2018) para R$ 19,92 bilhões (2019). 

Condicionadores e celulares

Em termos de produção, a lista do subsetor eletrônico de Manaus é carreada pelos condicionadores de ar de modelo split, que acumularam 3,75 milhões de unidades fabricadas entre janeiro e outubro de 2019, equivalendo a um avanço de 49,10% sobre o mesmo intervalo do ano anterior. Outros números positivos vieram das linhas de produção de câmeras fotográficas digitais (82 mil e +28,41%), auto-rádios e reprodutores de áudio (1,9 milhão e +17,95%), forno micro-ondas (3,1 milhões e +15,16%). Carro chefe do segmento, as TVs com tela cresceram 6,84% em produção (mais de 10,98 milhões).

Em contrapartida, os produtos da indústria incentivada de bens de informática alcançaram índices de crescimento comparativamente menores do que os de seu ‘irmão mais velho’. Com 12,54 milhões de aparelhos fabricados, os telefones celulares são o principal item da lista, mas subiram apenas 2,58% em frente a 2018. Em contraste, microcomputadores desk top (-22,49% e 125.871), microcomputadores portáteis (-54,65% e 288.542) e tablets (-29,45% e 316.826) foram na direção oposta. 

Dados da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) apontam que, em 12 meses, a produção de condicionares de ar de janela (425.235 unidades) encolheu 3%. Tocadores de DVDs (-46% e 373.737) e blueray (-58% e 6.200) tiveram resultado pior. O melhor desempenho veio dos microondas (+14% e 3,69 milhões). A produção de TVs acumulou mais de 12,66 milhões aparelhos entre janeiro e dezembro de 2019, sendo que as vendas superaram 12,77 milhões – com destaque para os modelos smart e 4K UHD. A entidade ainda não dispõe dos números consolidados de condicionadores split.

Competitividade e inovação

Crédito: Divulgação

O vice-presidente do Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus), Celso Piacentini, disse ao Jornal do Commercio que a produção de condicionadores de ar acontece não apenas em virtude da demanda e condições climáticas brasileiras, como também da decisão do governo de elevar a tributação de IPI para similares produzidos fora da ZFM – inclusive os nacionais –, que passou de 20% para 35%, no ano passado. O mesmo ocorreu para os fornos de microondas e motocicletas.

“Trata-se de uma decisão de governo que pode ser aplicada em outros produtos. Tivemos um bom aumento também nos bens de informática. Mas é importante dizer que, mais do que crescido, o PIM tem se mantido, e isso acontece em função do mercado interno. A economia melhorou, os juros caíram e a inflação também. Mas, a situação ainda não se refletiu devidamente na confiança, nos empregos, e mesmo no crédito. Temos capacidade de crescer, mas dependemos da reação do mercado interno, além de uma certa estabilidade econômica e jurídica”, explanou.  

No entendimento do dirigente, o PIM já demonstrou mais de uma vez sua capacidade de se reinventar e o polo eletroeletrônico em particular vai precisar continuar apostando na incorporação tecnológica e na inovação, bem como na renovação de sua cesta de produtos para se manter competitivo em um mercado que mutável conforme o ritmo dos novos hábitos de consumo.

“Temos que pensar nos produtos do futuro. Já passamos pelas TVs de tubo, pelos videocassetes, e pelo DVD, entre outros. As TVs estão mudando suas características e se tornando produtos de informática para uso na internet. E as novas tecnologias que usam pagamentos online, por exemplo, traz perspectivas de novas oportunidades para o PIM”, exemplificou. 

Alocação e divulgação

Sobre os desafios inerentes à Reforma Tributária, o vice-presidente do Sinaees destaca que um dos problemas enfrentados pela ZFM como um todo, inclusive diante de iniciativas e decisões governamentais, é que a equipe econômica do governo federal parte de um pressuposto teórico errado tomar suas decisões, e acaba chegando à conclusão de que o modelo confere gasto público e não aporte em desenvolvimento. 

“O Ministério da Economia trabalha com uma tese que foi muito popular em 1955, mas que já foi superada há muitos anos: a de que a Zona Franca é uma alocação ineficiente de recursos, por estar distante dos centros consumidores. Se fosse assim, a China não seria o que é, pois sua base consumidora ainda é, principalmente, os Estados Unidos e os países da Europa”, justificou. 

Outro ponto que tende a piorar essa dinâmica, prossegue Piacentini, é que a ZFM não tem conseguido divulgar adequadamente as vantagens para o Brasil conferidas pelo modelo. “Precisamos mostrar os benefícios da Zona Franca, pois há muita desinformação. Temos que trabalhar em sinergia, porque o país só perde com essa briga de regiões. Manaus representa apenas 3% da indústria nacional, e não é possível que incomodemos tanto assim”, encerrou. 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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