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Cenário à vista assusta setor termoplástico

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Os números de produção e vendas do polo termoplástico do Polo Industrial de Manaus em 2019 surpreenderam o segmento, que conseguiu repor perdas da crise e apostava todas as suas fichas para capitalizar os ganhos de uma economia brasileira menos desoganizada, em 2020. Mas o terremoto econômico decorrente do surgimento do coronavírus na China, coração da indústria global, trouxe novamente ceticismo aos empresários.

Os dados mais recentes da Suframa, referentes ao acumulado de janeiro a outubro, apontam crescimento de 11,49% para o polo termoplástico na medida em dólares – de US$ 1.29 bilhão (2018) para US$ 1.44 bilhão (2019). Convertido em reais, o desempenho foi ainda melhor e gerou alta de 19,97%, com R$ 5,62 bilhões (2019) contra R$ 4,69 bilhões (2018).

Responsável por 6,49% do faturamento global do PIM, o subsetor de “produtos de matérias plásticas” reúne 79 empresas ativas em Manaus, segundo a listagem disponibilizada no site da Suframa. Os termoplásticos são subdivididos em linhas de produção e subsegmentos de extrusão, injeção plástica, garrafas PET, vacuum forming e rotomoldagem. Alguns fabricantes trabalham também com quarteirização.

No acumulado até outubro do ano passado, por exemplo, os fabricantes de injeção plástica do PIM produziram mais de 3,38 milhões de partes e peças para aparelhos eletroeletrônicos, volume 17,36% superior ao registrado nos 12 meses de 2018 (2,88 milhões). As vendas unitárias, no entanto, foram bem menores na comparação de 2019 (1,66 milhão) com 2018 (2,90 milhões), a despeito do faturamento ter crescido tanto em dólares (US$ 30.89 milhões), quanto em reais (R$ 120.51 milhões).

No caso de “outras obras de plástico”, houve uma discrepância na produção – com 639,80 milhões (2019) contra 35,43 milhões de quilogramas líquidos. As vendas seguiram proporcionais na comparação do dado parcial de 2019 (23,49 milhões de quilogramas líquidos) com o consolidado de 2018 (27,62 milhões). O mesmo não se deu no faturamento (US$ 83.96 milhões e R$ 329,17 milhões), que superou com folga o desempenho anterior (US$ 77.97 milhões e R$ 284,94 milhões).

Crise e recuperação

Crédito: Divulgação

O presidente do Simplast (Sindicato das Indústrias de Material Plástico de Manaus), Claudio Barrella, destacou ao Jornal do Commercio que o segmento cresceu acima da média dos últimos quatro anos, sendo o maior faturamento corrigido pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) dos últimos cinco anos. O número, conforme o dirigente, superou até mesmo a marca de 2014, índice significativo em relação ao baixo crescimento do PIB. 

“Podemos afirmar que, em 2019, tivemos uma retomada do crescimento e, consequente, recuperação das perdas ocorridas dos anos de 2008 a 2013. Naquela época, as perdas de margens e as taxas de ociosidade no setor produtivo levaram à morte de 70% das empresas componentistas de plásticos no Polo Industrial de Manaus”, comparou.

Coronavírus e incertezas

Indagado sobre suas projeções para 2020, ano de Olimpíadas, eleições, reformas, Barrella diz que o ano começou promissor, mas entrou em mais uma nova rodada de incertezas, fazendo emergir novos desafios para economia mundial. Depois de meses de desaceleração na atividade global, prossegue o executivo, surgiram sinais de redução do risco de uma recessão global, sendo que a assinatura da primeira fase do acordo entre EUA e China foi importante para a estabilização. Até que o coronavírus surgisse no horizonte.

“Para conter a epidemia, a China adotou medidas drásticas, o que deve reduzir bastante a atividade econômica no primeiro trimestre. Caso a epidemia persista, a economia será prejudicada e as perdas dificilmente serão recuperadas. As projeções de crescimento da China têm sido reduzidas projetando uma alta de, no máximo, 5,5% no PIB para 2020. A desaceleração impactou os preços das principais commodities, como petróleo e cobre e pode até cancelar as Olimpíadas”, analisou.

No entendimento do presidente do Simplast, as dificuldades podem ser ainda maiores para o Brasil, já que a Argentina – principal parceiro comercial do páis no continente latino-americano – deve continuar em recessão em 2020. Isso porque, segundo a fonte, as primeiras medidas tomadas pelo novo governo da nação vizinha têm priorizado uma retomada cíclica da atividade, em detrimento da realização de ajustes estruturais mais profundos.

“Infelizmente, não há soluções rápidas e simples para acelerar o crescimento. A prioridade é assegurar o controle dos gastos obrigatórios, a manutenção de taxas de juros estruturalmente baixas e do controle dos gastos públicos. E isso só será possível com a aprovação de medidas que reduzam de forma permanente os gastos obrigatórios. Ao mesmo tempo, temos de avançar na agenda de reformas que vão tornar o ambiente de negócios mais favorável, reduzindo o risco e aumentando a eficiência econômica. Ainda há muito a ser feito e o cenário não nos parece tão promissor”, avaliou.

STF e dólar

Sobre a vitória da ZFM no STF para o IPI dos componentes, e os eventuais efeitos para os fabricantes de peças termoplásticos, Claudio Barrella concorda que cenário favorece o empresário ficar mais propenso a investir, vendo a redução do risco regulatório. A despeito do número crescente de projetos para indústrias do segmento referendadas pelo Codam e pelo CAS, o executivo não confirma que a decisão do Supremo afetou diretamente os termoplásticos, mas aponta que trata-se de um fato positivo para o PIM, como um todo. 

Em relação ao dólar e seu papel em reuniões de tomada de preços e no reforço da demanda de produtores de bens finais interessados em optar pelo produto nacional, o presidente do Simplast, lembra que há um hiato entre as flutuações de mercado e as decisões corporativas. “Sem dúvida que, quando o preço dos nossos competidores sobe, é bom para os componentistas. A dinâmica dessa comparação de preços é sempre muito rápida, mas a decisão de regionalizar é um pouco mais demorada, pois envolve a transferência de moldes para a produção local”, explicou.

Diante da situação vivida pelo polo de concentrados de refrigerantes de Manaus – que sofre os efeitos de um ziguezague em suas alíquotas de crédito presumido de IPI –, Barrela o risco de o problema se repetir no segmento que representa. “Os componentistas do polo termoplástico não sofrem a pressão de empresas produtoras nacionais, como ocorre com os produtores de concentrados. Isso, em nossa opinião, foi o fator mais importante para as mudanças que ocorreram”, encerrou. 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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