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“Santa Ajuda” busca recuperar igreja centenária

“Santa Ajuda” busca recuperar igreja centenária

Inaugurada em 1888, portanto há 132 anos, a igreja de São Sebastião sofre com a ação destruidora do tempo e os capuchinhos pedem ajuda aos fiéis e admiradores a fim de realizar obras de restauração em várias partes da estrutura do templo, bem como nas obras de arte que embelezam das paredes à cúpula. No domingo, dia 30, às 10h, após a missa, os capuchinhos lançarão a campanha ‘Santa Ajuda’ quando será iniciada à rifa de um Fusca 1961, totalmente restaurado, doado para a causa.

“Queremos fazer uma parceria com todos que amam esse templo, porque ele é um patrimônio da cidade, recebido como legado dos antepassados e que deve ser deixado para as gerações futuras. Além das obras de arte que ornamentam seu interior, o próprio prédio é uma magnífica obra de arte”, falou o amaturaense frei Paulo Xavier Ribeiro, pároco da igreja de São Sebastião desde 2017.

Frei Paulo lembrou que por todos os lados a igreja está se deteriorando. A última restauração do prédio ocorreu em 1989, em comemoração ao centenário no templo no ano anterior, quando ainda era pároco o lendário frei Fulgêncio, mas foram obras pontuais, de apenas algumas partes.

“Em 2018, notamos uma rachadura na torre, e existem outras rachaduras no teto. Havia muitas telhas quebradas ocasionando goteiras. Ano passado, com autorização do Ipham, trocamos mais de 600 delas, porém, não existem mais telhas daquele modelo, então conseguimos telhas similares, de casarões antigos da cidade, que estão abandonados”, lembrou.

Infiltrações estão danificando as pinturas, entre telas e afrescos, tanto nas paredes quanto na cúpula, e alguns vidros dos vitrais do presbitério estão se soltando.

“A técnica de construção desses vitrais é tão antiga que nem os técnicos da Casa de Restauro da SEC, conhecem. O Ipham, junto com a SEC, já autorizaram a realização de algumas obras, enquanto buscamos novos apoios para outras. Até emendas parlamentares já tentamos, mas até agora nenhuma foi liberada ”, lamentou o frei.

Foram impressas 15 mil rifas que, se totalmente vendidas a R$ 25, resultarão num aporte de R$ 375 mil.

O badalar dos sinos

A igreja de São Sebastião faz parte do cenário histórico de Manaus. A primeira capela, de madeira, coberta com palhas, foi construída, na atual rua Monsenhor Coutinho, em 1859, pelos primeiros franciscanos que chegaram à cidade. Em 1868 aventou-se a idéia de se construir a atual igreja, o que só foi efetivado dois anos depois pelo frei Jesualdo Macchetti de Lucca. Morto em 1902, desde 1933 os restos mortais de frei Jesualdo estão depositados na igreja.

Depois de muitas idas e vindas na construção, finalmente no dia 7 de setembro de 1888 a igreja foi inaugurada, porém, com um detalhe que a torna única: somente com uma torre e, curiosamente, não se sabe até hoje o motivo da não construção da outra torre, constante no projeto original.

Uma das características da igreja de São Sebastião é o badalar dos seus sinos, antes como forma de informar algum acontecimento aos fiéis, ou simplesmente marcar horas, costumes que se perderam com o tempo.

“O sino toca diariamente, das 6h às 21h30, de hora em hora com um tipo de toque, e de 15 em 15 minutos com outro. 15m antes das celebrações eles também chamam os fiéis, e ao meio-dia executam a Ave Maria, neste caso não mais com o movimento dos sinos até o badalo, mas com as batidas externas de um martelo”, detalhou.

Quatro capuchinhos se revezam nos serviços da paróquia: missas todos os dias, às 6h, 12h, e 18h; aos domingos, também às 9h e 16h. Ainda aos domingos, missa às 8h na Casa da Criança, e às 9h na capela de Nossa Senhora Auxiliadora. Além das missas os capuchinhos realizam confissões, casamentos, batizados, atendimento espiritual e psicológico com escuta ativa emergencial, e promovem ações da Caritas nas comunidades Santa Clara e São Francisco.

Fusca 1961

O Fusca 1961 que vai ser rifado a partir de domingo é uma raridade pelo ano e pela história de existência.

“O Fusca foi trazido de São Paulo pelo afilhado do empresário, advogado e economista Átila Denys. Quando o rapaz soube que o padrinho estava querendo comprar um Fusca antigo, o ofereceu para ele, que o comprou”, contou Paulo Fonseca, amigo de Átila.

Na realidade, Átila queria um Fusca mais antigo ainda, de 1959, ou seja, dos primeiros fabricados no Brasil, quando da inauguração da fábrica no país, porém, como este de 1961 estava às suas mãos, ficou com o automóvel.

“A idéia do Átila era levar o Fusca para São Paulo, e andar com ele por lá, mas acabou que o carro ficou parado na garagem e foi ficando, ficando, por dois anos. Quando ele soube que a igreja de São Sebastião precisava de ajuda, resolveu doar o Fusca”, contou.

O empresário gosta de fazer boas ações. Ele dirige a ONG Sedam (Sócio Educacional Dom Adalberto Marzi) que ajuda a Fazenda Esperança, a Casa Andréa, e a Pastoral da Criança.

“O Fusca está ‘inteiraço’. Só demos uma revisada e está em ponto de bala para ser usado pelo seu novo proprietário. E o Átila avisa que comprou dez rifas, mas se for sorteado, põe o Fusca novamente em jogo”, concluiu.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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