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Investimentos e diversificação na indústria amazonense

Investimentos e diversificação na indústria amazonense

Em meio ao ensaio de recuperação da crise da covid-19, a indústria incentivada de Manaus dá sinais de querer deixar os impactos econômicos da pandemia para trás, reforçar investimentos e garantir crescimento e geração de empregos, a despeito das incertezas. Mais do que isso, autoridades e lideranças ligadas ao PIM apontam para a oportunidade de abrir o leque de diversificação de matrizes integradas à ZFM e incrementar a indústria 4.0. Um sinal desse esforço pode ser visto na reunião do CAS desta quinta (27), e no saldo de aprovações no encontro do Codam, realizado nesta quarta (26).  

Marcada para às 10h, na sede da autarquia, a 293ª Reunião Ordinária do Conselho de Administração da Suframa tem 23 projetos industriais e de serviços em pauta – nove de implantação e 14 de diversificação, atualização e ampliação. As propostas totalizam R$ 1,4 bilhão em investimentos e têm potencial para criar 2.200 empregos diretos a partir do terceiro ano de funcionamento. Serão analisados ainda cinco projetos agropecuários, com aporte global de R$ 17,2 milhões e previsão de abertura de 122 vagas para mão de obra fixa e variável, em até cinco anos. 

O encontro dos conselheiros da autarquia se dá um dia após o Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas dar sinal verde para 39 projetos, que totalizam R$ 4,569 bilhões em injeção de capital e preveem geração de 1.239 novos postos de trabalho local ao longo dos próximos três anos. A proposta da Venttos, contudo, foi tirada de pauta para melhor análise técnica. A empresa espera investir R$ 41 mil e gerar 82 empregos em uma linha de produção de roteadores digitais.

“Olhar uma pauta dessas em meio à dificuldade em que vivemos, nos anima. De 40 projetos, temos pelo menos oito de implantação. Isso quer dizer que o empresariado ainda acredita em nossa economia e no nosso modelo, que continua atrativo. Nas dificuldades é que surgem as oportunidades”, comemorou o vice-presidente da Fieam, Nelson Azevedo, durante a reunião do Codam.

Embora destaque o retorno da confiança e o fato positivo da regularidade das reuniões, o dirigente não deixou de defender também a necessidade de adensar a cadeia produtiva do PIM. Azevedo ressaltou que o Polo já teve um segmento de componentes muito forte, mas “facilidades” e modificações ao longo dos anos mudaram esse cenário.

“Quando uma empresa se instala aqui, vai precisar de alguém para suprir. Seria interessante vermos uma forma de prestigiar a indústria nacional e voltarmos a fazer o que já se fez. A indústria 4.0. não vai suprir em termos de matérias primas, bens intermediários e componentes. E temos que ter cuidado, porque não há nada que possa substituir o PIM. Que as novas matrizes econômicas venham para se somar a isso que está aí”, defendeu. 

Destaques da pauta

O polo eletroeletrônico é destaque na pauta do CAS. O projeto de implantação da Cal-Comp prevê produção de circuito integrado eletrônico tipo memória, pelo adensamento da cadeia de componentes, com investimento total de R$ 428 milhões (R$ 197 milhões em capital fixo) e geração de 138 empregos. A proposta de ampliação e atualização da Semp TCL, por outro lado, visa a produção de TV com tela de cristal líquido e conta com aportes adicionais de R$ 400 milhões e 682 novos postos de trabalho. 

Inovando na produção, a Flex Importação Exportação, apresenta projeto de diversificação para fabricação de dispositivo de monitoramento de consumo de energia elétrica com transmissão de dados (tomada inteligente), com investimentos previstos de R$ 16 milhões (R$ 9 milhões de capital fixo) e geração de 28 empregos. Trata-se de um produto desenvolvido no Amazonas, resultado de investimentos da empresa em P&D. 

No setor agropecuário, o destaque vem do projeto de implantação da WR Diniz & Cia, para culturas diversas e unidade de processamento de polpas de frutas. A iniciativa se dará em uma área de mil hectares no DAS (Distrito Agropecuário da Suframa), com investimentos previstos de R$ 5,6 milhões em cinco anos e ocupação de 73 trabalhadores, entre mão de obra fixa e variável.

O destaque no Codam veio da Samsung, que está injetando R$ 2,79 bilhões para fabricar fones de vídeo com sistemas inteligente de áudio e TVs com tela de cristal líquido. A Coimpa separou R$ 1,24 bilhão para produtos de galvanoplastia, bem como ouro, prata, platina, ourocianeto de potássio e pó de prata. A Tectoy vai aportar R$ 230 milhões para produzir roteador digital, terminal de ponto de venda, impressora térmica e terminal de autoatendimento para uso não bancário. O Codam já acumula R$ 6,985 bilhões em investimentos neste ano, divididos em 130 projetos, com expectativa de criar 4.057 empregos.

Novas matrizes

No entendimento do titular da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jório Veiga, a oferta de emprego (1.239 vagas) proporcionalmente menor é um indicador da evolução tecnológica irreversível que acelera processos de produção da indústria.

“Mas não queremos jamais perder de vista o quão vital é a garantia de emprego à população, o que permite a todos dignidade e qualidade de vida. Por isso, já acertamos com o superintendente [da Suframa] Algacir Polsin estudar estratégias para readequar a oferta de mão de obra a esse novo momento”, declarou, no material fornecido por sua assessoria de comunicação.

Indagado pelo Jornal do Commercio sobre os desafios para o Estado inerentes a essa dinâmica, Jório Veiga disse que uma das ações mais importantes e necessárias é acelerar investimentos no setor agropecuário, de forma sustentável. Oferece muitas oportunidades, dá mais autonomia, em termos de alimentos, ao estado e mais segurança no combate à atividades ilegais. Essa é uma atividade de curto e médio prazo.

“No médio e longo prazo, também temos os investimentos em mineração, especialmente exploração de gás e potássio, além de turismo e biotecnologia. São todas áreas que, somadas ao PIM, reforçarão a economia do Amazonas, gerando emprego e renda. Paralelo a isso, vamos buscar também novos segmentos e novas indústrias para o Polo”, asseverou.

Pandemia e empregos

Em texto distribuído por sua assessoria, o titular da Suframa, Algacir Polsin, ressaltou a importância do número de empregos da pauta do CAS, em face do atual cenário de pandemia. “A criação de mais de 2.000 novos postos de trabalho já demonstra uma recuperação econômica gradativa na região. Essa diversificação também é importante por sinalizar o crescimento de segmentos que não são tradicionais no Polo, trazendo novos investimentos para o PIM”, afiançou. 

algacir

Outro ponto relevante destacado pelo superintendente está na inclusão na pauta de projetos agropecuários, que vêm ganhando força. “A Resolução nº 71/2019 trouxe importantes ganhos para o setor agropecuário, com o processo para a concessão de lotes e a regularização fundiária, tão esperada pelos ocupantes do local. São medidas que deverão fortalecer os produtores já existentes e ainda atrair novos investidores para a criação de um distrito bioagroindustrial, que é a nossa intenção”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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