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Saldo de empregos permanece estável no interior do Amazonas

O saldo de empregos formais permaneceu estável no interior do Amazonas, entre junho e julho, interrompendo uma sequência de quatro altas seguidas. Na série com ajuste, as contratações (+1.177) superaram as demissões (-883), com a criação de 294 postos de trabalho com carteira assinada – o mesmo número do mês anterior. O desempenho, no entanto, perdeu novamente de longe pelo dado registrado em Manaus (+6.992 e +1,76%) – que sustentou a alta do Estado (+7.286 e +1,68%), como de hábito. 

O número de cidades amazonenses com mais admissões do que desligamentos na variação mensal foi de 31, praticamente empatando com a estatística apresentada em maio deste ano (32), desta vez com mais municípios com saldos de dois dígitos. Ao menos 12 foram na direção contrária e as 18 restantes estagnaram – contra 15 e 14 no mês anterior, respectivamente. Os dados são da edição mais recente do ‘Novo’ Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

No acumulado do ano, o desempenho do interior na geração de vagas celetistas se manteve no campo positivo, em sintonia com o Estado e a capital. Enquanto Manaus conseguia gerar 18.659 vagas com carteira assinada entre janeiro e julho de 2021, correspondendo a 94,26% do total do Amazonas (19.794), os demais municípios amazonenses responderam pela fatia restante, ao criar 1.135 postos de trabalho formais, dado o predomínio das admissões (+6.815) sobre os desligamentos (-5.680).

Em 12 meses, os municípios do interior do Amazonas apresentam acréscimo de 985 empregos com carteira assinada, graças a um total de contratações (+11.483) também acima dos desligamentos (-10.498). Em paralelo, a capital amazonense já acumula 41.024 postos de trabalho formais a mais em relação ao período precedente, correspondendo a 97,65% do total gerado pelo Estado (42.009), no mesmo período.

Estoques dos municípios

Entre as 31 localidades amazonenses que conseguiram contratar mais do que demitir, 14 tiveram saldo de dois dígitos no número de vagas registradas na variação mensal, na série sem ajustes – contra 9, no mês anterior. Presidente Figueiredo (+53 vagas e alta de 1,76% diante de junho), Itacoatiara (+36 e +0,75%) e Tefé (+32 e +1,78%) despontaram na frente. Em compensação, apenas um município apresentou cortes na mesma proporção: Silves (-11 e -22,92%). 

Em sete meses, 40 municípios do interior amazonense ficaram no azul e 17 no vermelho, enquanto 4 estagnaram – contra 40, 17, e 4 no mês anterior. Humaitá (+194 e +9,64%), Iranduba (+167 e +8,63%), Presidente Figueiredo (+147 e +5,05%), Itacoatiara (+138 e +2,95%) e Manacapuru (+117 e +3,87%) lideraram a lista de criação de empregos formais. No outro extremo, as maiores perdas se concentraram em Santo Antonio do Iça (-27 e -18,88%), Codajás (-24 e -31,17%), Alvarães (-13 e -17,81%) e Maués (-12 e -0,61%).

Em termos de estoque de empregos com carteira assinada, excluída a capital (405.389), o somatório dos sete maiores municípios do Amazonas ainda responde por mais de 50% de todo o volume de empregos com carteira assinada contabilizados no interior (37.403), em agosto. A lista inclui Itacoatiara (4.844), Manacapuru (3.138), Presidente Figueiredo (3.083), Tabatinga (2.758), Parintins (2.460), Humaitá (2.199) e Iranduba (2.069). 

Indústria em queda

Assim como ocorrido nos três meses anteriores, todos os cinco setores econômicos pelo “Novo Caged” conseguiram saldos positivos no Amazonas, na passagem de junho para julho. Diferente do ocorrido em junho, o interior não conseguiu acompanhar a média do Estado e fechou com a indústria no vermelho, ao eliminar 12 vagas celetistas. O melhor desempenho, em termos absolutos, veio mais uma vez do comércio (+196 ocupações), que foi seguido de longe por serviços (+89), construção (+14) e agropecuária (+7). 

No acumulado dos sete meses iniciais deste ano, a indústria em geral (-39) também é a única atividade a seguir com retrações nos estoques de empregos. Na outra ponta, a melhor performance em termos de geração de postos de trabalho com carteira assinada no período ainda está no setor de serviços (+608), que foi mais uma vez seguido de longe por comércio (+435), agropecuária (+122) e construção (+9).

Líderes de crescimento na variação mensal, Presidente Figueiredo, Itacoatiara e Tefé. O primeiro foi alavancado por indústria (+30) e agropecuária (+15), com saldos positivos nos demais setores. O segundo e o terceiro foram impulsionados especialmente por comércio (+55 e +18, na ordem) e serviços (+51 e +9, respectivamente). Municípios que se saíram melhor no acumulado do ano, como Humaitá, foram alavancados por construção (+75) e serviços (+70). Iranduba, por sua vez, foi lastreado por construção (+61) e indústria (+60) – tendo zerado em agropecuária.

Imunização e dependência

O presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas) e consultor empresarial, Marcus Evangelista, lembra que a aproximação do último trimestre do ano costuma alavancar a economia amazonense, em virtude das festas de fim de ano, com consequências positiva para as contratações. O economista ressalta, no entanto, que a economia segue gravitando em torno da capital e que a retomada dependerá do sucesso da vacinação em meio ao surgimento de novas variantes da covid-19.

“Pelos novos números do mês, percebe-se que a Região Metropolitana de Manaus se destaca dos demais municípios, e isso ocorre em função da influência direta da capital. O comércio deve aquecer suas contratações a partir do próximo mês. Todo crescimento esperado está ligado diretamente à ao processo de vacinação da população. Quanto maior for essa imunização, maior será a confiança do consumidor para gastar e, com isso, aquecer a economia e impulsionar as contratações em todos os setores”, afiançou.

Já o conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), professor universitário e consultor empresarial, Francisco de Assis Mourão Junior, é mais cético ao assinalar que a quase totalidade dos municípios do interior ainda é excessivamente dependente de repasses federais e estaduais para tocar sua economia. O economista lembra ainda cada município possui sua estrutura e suas vocações, mas ressalta que ainda há falta de um direcionamento dos mesmos ao desenvolvimento.

“Está tendo uma certa diminuição nos federais, muito em virtude da pouca atividade econômica decorrente da pandemia. Por incrível que pareça, os estaduais continuam sendo repassados sem nenhuma queda. Os dados mostram essa dependência dos municípios, sem nenhum outro projeto que possa engradecer ou gerar novos empregos. Tirando Itacoatiara, Coari, Tefé Parintins e Humaitá, o restante precisa de políticas de desenvolvimento que possam trazer a criação de empregos”, arrematou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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