Acordos bilaterais com pretensos parceiros comerciais estrangeiros e o foco no desenvolvimento de uma nova matriz econômica estadual a partir da exportação de produtos regionais. É por meio dessas ações que a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) busca integrar ainda mais o Amazonas a uma rota internacional, novas tratativas que devem começar pelo Peru. Produtos como motocicletas, concentrados para bebidas e equipamentos eletroeletrônicos fazem parte da lista de materiais exportados atualmente aos parceiros comerciais como Argentina, Colômbia e Venezuela. Mas, a aposta dos economistas para um novo modelo econômico está centralizada nos segmentos mineral e de fruticultura.
De acordo com a superintendente da Suframa, Rebecca Garcia, os volumes de exportação do Amazonas têm apresentado índices crescentes como resultado de uma série de fatores como a valorização da moeda estrangeira e a busca por alternativas para a retomada da produção industrial amazonense. Porém, ela destaca que além das negociações com os principais parceiros comerciais, a superintendência busca novas negociações como por exemplo com o Peru.
No final de 2015 a Suframa por meio do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) assinou um acordo bilateral com o Peru com o intuito de estreitar as relações comerciais com o país que já é um comprador do Amazonas. As tratativas aguardam conclusão após a mudança na administração do Mdic. O importador deverá aceitar uma lista expressiva de novos produtos fabricados no PIM (Polo Industrial de Manaus).
“Enviamos produtos para o Peru, porém, não recebemos 100% dos benefícios que poderíamos receber se estivéssemos enquadrados como Mercosul (Mercado Comum do Sul). Hoje, alguns países ainda enxergam a ZFM como um terceiro país e hoje nosso principal foco para que essas exportações aconteçam é fazer acordos bilaterais para que a ZFM seja incluída em todos os benefícios que o Mercosul nos dá por direito”, explicou Rebecca. “Aguardamos uma agenda do ministro Marcos Pereira no Peru para que as tratativas sejam concluídas”, completou.
Segundo a superintendente, outra possibilidade de avanço nas comercializações internacionais está na venda de matérias-primas dos segmentos mineral e agrícola, a partir de frutas regionais. Ela cita a exportação do tântalo para a China que no primeiro semestre deste ano apresentou crescimento de 64,98% em comparação ao mesmo período de 2015.
“Tivemos uma reação excelente. Ficamos felizes com o crescimento nas comercializações de produtos que estão inclusos na cadeia produtiva amazonense, mas que fogem um pouco da linha industrial, como é o caso do tântalo”. O minério é enviado à China, Japão, Estados Unidos, Alemanha e México, com parte da matéria-prima destinada ao mercado brasileiro.
Na avaliação da superintendente, a mudança no governo argentino também deve contribuir com a balança comercial amazonense. “No primeiro momento o governo argentino tem se mostrado positivo às negociações. Acreditamos na possibilidade de incrementos nos volumes a serem exportados. Vale lembrar que 21% das exportações do Amazonas são destinadas à Argentina”, comenta.
Venezuela é parceira ideal por questões logísticas
Para Rebecca, o comércio venezuelano é considerado, por questões logísticas, como o parceiro ideal. Ela afirma que a crise econômica e política que atinge o país afeta negativamente as compras a partir do Amazonas, mas acredita que assim que houver recuperação econômica os números voltarão a crescer. “A questão geográfica nos une. A Venezuela sempre será um parceiro presente. Conflitos acontecem e em breve acredito que serão superados. A relação diplomática é excelente”, destaca.
O economista Francisco Mourão Júnior explica que o modelo ZFM foi idealizado como importador destinado ao mercado interno e não voltado às exportações. Mas, segundo ele, a partir da crise instalada no mercado nacional o modelo passou a adotar como alternativa a exportação com o intuito de não depender somente do mercado interno.
“É necessário elaborar uma política voltada às exportações. É uma programação de longo prazo que não se consegue de imediato porque é preciso conquistar novos mercados”, disse. Júnior ainda destacou a relevância da preparação dos produtos regionais voltados à exportação. Ele destacou o segmento mineral e o de fruticultura como relevantes e pretensos à adesão dos estrangeiros ao considerar que as matérias-primas só podem ser encontradas, na maioria, na região amazônica.
“A apresentação dos nossos produtos a outros países iria fortalecer a economia amazonense, criaria um novo desenvolvimento econômico e viabilizaria a menor dependência do modelo ZFM. Temos que procurar alternativas de exportação para esses produtos regionais”, disse.