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Retomada na extração é meta dos seringueiros

O extrativismo da borracha na Amazônia, que já viveu momentos de glória, atualmente está sendo inviável economicamente na opinião do presidente do Sindicato da Indústria de Extração de Borracha do Estado do Amazonas, Orlando Cidade. Ele explicou, que enquanto um seringueiro da região extrai dez quilos de látex por dia, outro trabalhador do ramo obtém nos seringais de São Paulo 100 quilos. Para tentar reverter esa situação, o governo do Estado tentar revitalizar a produção deste produto no Amazonas.
A diferença de 900% entre uma produção e a outra se traduz pelo fato dos seringais paulistas serem de cultivo, enquanto na região predomina o sistema extrativista. Orlando Cidade explicou que no sistema de cultivo é feita a sangria de 400 seringueiras por dia, no sistema tradicional esse número é bem menor.
A saída para uma maior produtividade na região, disse o representante dos produtores de borracha, seria o governo subsidiar o beneficiamento do látex. “Para cada quilo produzido, pagaria mais cinco quilos a título de subvenção, o que incentivaria a extração do produto”, disse Cidade, ressaltando que o governo está dando subvenção para estimular a atividade, mas não tem sido suficiente para torná-la economicamente viável.
Segundo Orlando Cidade, o Amazonas já produziu 8.000 toneladas de látex por ano, e ultimamente varia entre 500 e 800 toneladas, que é vendida em sua maioria para São Paulo. A extração do látex é oriunda de algumas regiões do Amazonas como a calha do rio Madeira, do Purus e no Juruá.
Mesmo com a subvenção governamental para estimular a borracha, que tem como carro-chefe a produção de pneus, além de uma variedade imensa de artefatos fabricados no mercado, os seringueiros ainda não foram estimulados o suficiente para resgatar a atividade.
No ano passado, a Sepror (Secretaria da Produção Rural do Amazonas) apresentou um conjunto de medidas que farão parte do plano de revitalização do setor de cultivo e de extração da borracha no Estado.
Entre as propostas, estão a ampliação do número atual de seringueiros no Amazonas, a compra e o estoque da produção dos extrativistas que não encontrarem outros compradores, a implantação de uma política de preço mínimo e a instalação de uma beneficiadora de borracha na calha do rio Purus e outra na do rio Juruá, duas das regiões de maior produção de látex no Amazonas.

Atividades são ecologicamente corretas

Se por um lado, o sistema tradicional não alavanca a produtividade da borracha, por outro os seringais são apontados um dos maiores guardiões da floresta, porque não desmatam. “Ecologicamente é 100% viável, porém, economicamente, perdeu-se a chance de fazer vingar essa atividade econômica”, disse o presidente do Sindicato da Indústria de Extração de Borracha do Estado do Amazonas. Vale destacar que, conforme estudos referente à extração do látex de seringueira, desde o fim da Segunda Guerra mundial, não se fomentou qualquer plano de efeito no desenvolvimento sustentado na região.

Incentivo aprovado

De acordo com Orlando Cidade, hoje apenas uma usina de beneficiamento de borracha está sobrevivendo no Estado do Amazonas, situada no município de Manicoré, de propriedade do empresário Alarico Cidade. Trata-se da A.C Indústria e Comercio Ltda, conhecida como Borracha da Amazônia, com capacidade para beneficiar 240 toneladas de látex por mês nos três turnos. Segundo Alarico Cidade, atualmente, a empresa está trabalhando somente em um turno beneficiando 100 toneladas/mês.
A boa notícia, conforme o empresário, que comercializa sua produção para Franca (SP), São Paulo e Minas Gerais, é que o governo federal em parceria com o governo do Amazonas, acaba de fixar o preço do quilo da CVP (cernambi virgem prensada) a R$ 3,50 para o produtor (seringueiro). “A usina vai pagar uma parte e o governo entra com o subsídio”, disse.
Segundo Alarico, em 2008, 40% da produção de borracha do Amazonas foi prensada em sua usina e os 60% restantes foi para outros Estados. A intenção do empresário é que toda a extração do látex feito no Estado seja beneficiado no Estado. “A Levorin, que está abrindo uma fábrica de pneus em Manaus, disse que vai comprar toda a produção da Borracha da Amazônia”, disse o empresário, informando já ter mandado amostras da borracha beneficiada em sua empresa sendo aprovada pela fabricante de pneus. “As perspectivas são boas: temos seringueiras suficientes e látex, o que falta é o seringueiro ser incentivado com a garantia de venda e de preço, o que se espera que agora aconteça”, completou o empresário.

Financiamento aos trabalhadores

Recentemente, o deputado Adjuto Afonso (PP), que preside a COFT (Comissão de Orçamento, Finanças e Tributação), da Assembleia Legislativa do Estado, solicitou que linhas de créditos fossem concedidas pelo Banco da Amazônia e Afeam (Agência de Fomento do Estado do Amazonas) aos seringueiros. A medida visa subsidiar os seringueiros na abertura de estradas, conhecidas também como caminhos na mata, utilizados para a extração do látex.
Segundo o parlamentar, o pedido tem a finalidade de promover financiamento aos seringueiros do Amazonas, gerando condições efetivas para que possam desenvolver sua atividade. Ele explicou ainda que a medida visa a incentivar e impulsionar a produção da borracha, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do Estado, notadamente nas regiões interioranas. “A extração do látex tem sido alvo de incentivo de políticas públicas nas esferas federal e estadual, que, por meio de leis específicas, estimulam a produção do produto. A garantia de preço mínimo por quilo produzido pelo governo federal, atualmente, é na ordem de R$ 3,50, mais o subsídio do governo do Amazonas, que hoje representa R$ 0,70, por quilo, totalizam o valor de R$ 4,20, pagos diretamente ao seringueiro”, explicou Adjuto.
Segundo o parlamentar, a SDS (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), vem implementando ações que buscam incentivar e viabilizar a retomada dessa atividade extrativista. “Destacam-se, conforme ele, entre elas a criação e regularização das associações e cooperativas, a capacitação na extração do látex e a distribuição de kits sangria.

Linha de crédito

Adjuto informou que para a efetiva complementação e fortalecimento dessas ações, torna-se fundamental a criação de uma linha de crédito para a abertura dessas estradas, pois sem elas a extração do produto fica inviabilizada. Segundo ele, a produção de borracha no Estado vem crescendo gradativamente a cada ano. “Em 2003 foram produzidas apenas 298 toneladas, saltando para 800 toneladas, em 2008. A perspectiva para este ano é muito mais animadora, em razão das negociações para a implantação de uma indústria de pneus e beneficiamento da borracha no PIM (Polo Industrial de Manaus)”, disse o parlamentar, ressaltando que a expectativa é alcançar 300 toneladas por mês, necessidade que absorverá toda matéria-prima produzida no Estado, fator decisivo para alavancar esse commodity que, no passado, gerou divisas ao Estado e ao país.
Por falar no projeto da Levorin em Manaus, cuja fábrica será chamada Neotec, as obras da unidade fabril está em fase de construção no polo de Manaus. A nova fábrica faz parte do plano de expansão da empresa e visa a atender às montadoras de bicicleta e motocicleta da ZFM (Zona Franca de Manaus). Na primeira fase, serão investidos R$ 80 milhões. A previsão é que a fábrica comece a operar em janeiro de 2010 e inicialmente terá 350 funcionários.

Preços em alta

Informativo eletrônico do Sistema de Informações Agroindustriais da Borracha Natural aponta que o preço da borracha neste início de mês volta aos níveis de novembro com os mercados em firme recuperação. As medidas macroeconômicas bilionárias dos países mais desenvolvidos, em especial dos EUA, começaram a ter o efeito esperado no sentido de frear a crise financeira internacional. O reflexo sobre o mercado de borracha está sendo evidente.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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