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Região Norte tem mais pais precoces, aponta IBGE

Pelo menos 64,6% dos homens brasileiros com mais de 15 anos já eram pais, em 2019. Na faixa que vai dos 15 aos 30, o percentual era de 19%. A região Norte praticamente empatou no primeiro caso (64,1%), mas superou o dado brasileiro, no segundo (24,5%). Os Estados nortistas também foram aqueles em que os habitantes do gênero masculino entraram na paternidade mais cedo (24,3 anos) – contra os 25,8 anos da média nacional. 

No Amazonas, os homens deixaram a desejar em termos de acompanhamento do pré-natal e exames solicitados para suas parceiras. Em torno de 60,8% das mulheres do Amazonas, de 15 a 49 anos, já haviam passado pela gravidez, média inferior à nacional (64,7%) e a menor entre as unidades da federação (654 mil). Os dados são da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), compilada e divulgada pelo IBGE.

Na região Norte, enquanto praticamente um em cada quatro homens de 15 a 29 anos já era pai, os percentuais subiam significativamente nas faixas dos 30 a 39 anos (74,4%), entre 40 e 59 anos (87,3%) e acima dos 60 (91,9%). “Vale considerar, para a interpretação desses dados, o fato de que os homens, diferentemente das mulheres, não têm uma idade que delimita a reprodução”, destacou o IBGE-AM, no texto de divulgação da pesquisa.

A média de filhos por pai também foi mais elevada no Norte (2), quando comparada à média brasileira (1,7). Na região, entre aqueles com 15 a 29 anos, que ainda estão no início da vida reprodutiva, o número médio de filhos tidos foi muito mais baixo (0,4) do que entre os grupos de 30 a 39 anos (1,6), entre 40 e 59 anos (2,7) e acima dos 60 (4,8). Enquanto os homens dos Estados nortistas eram mais “precoces” e tinham filhos com 24,3 anos, em média, os do Sudeste passavam pela mesma experiência mais tarde (26,6 anos) – sendo este o maior número do país.

Acompanhamento e planejamento

Em 2019, no Brasil, 95,2% dos homens que tinham uma esposa ou companheira grávida ou o último filho com menos de 6 anos, declararam que foi realizado pré-natal durante a gravidez do filho. No Norte (92,7%), a fatia foi a menor do país, enquanto o Sudeste (97,1%) ocupava a outra ponta. O SUS foi a escolha de 61,3% – com predomínio da área rural (79,8%), em detrimento da urbana (57,4%). Os nortistas e nordestinos que optaram pelo Sistema Único de Saúde superaram a casa dos 70%, enquanto no Centro-Sul do País, a fatia variava de 53,1% a 59,4%. A escolha também foi mais frequente entre os homens que residiam em casa renda domiciliar per capita mais baixa.

No Brasil, 76,7% dos homens declaram ter participado do acompanhamento pré-natal da gestação da companheira grávida ou do último filho com menos de 6 anos. Essa participação foi maior entre residentes da área urbana (79,1%) do que da rural (65,5%), assim como no Centro-Sul do país (acima de 74%) e para os homens com rendimento domiciliar per capita acima da faixa dos dois salários mínimos mensais. A região Norte, por outro lado, foi a que apresentou o menor percentual de homens que declararam ter participado do acompanhamento pré-natal, 67,4%.

Durante a realização do pré-natal da gestação do filho, 20,8% dos homens da região Norte declararam ter realizado os exames que lhes foram solicitados, enquanto 37,8% disseram terem sido informados sobre a possibilidade de participação no momento do parto, e os 18,2% restantes foram incentivados a participar de palestras, rodas de conversas e/ou cursos sobre cuidados com o bebê. Para o Brasil, essas taxas foram de 19,5%, 51,6% e 20,2%, respectivamente.

De outra parte, estimou-se que 60,8% (654 mil) das mulheres do Amazonas com 15 a 49 anos já ficaram grávidas, média inferior à nacional (64,7%). Entre as “pardas” (categoria na qual o IBGE acrescenta os indígenas e mestiços), o percentual foi 62,1%. O percentual foi menor, contudo, entre as “brancas” (53,2%). O Estado apresenta o menor percentual da região Norte, perdendo de longe para Rondônia e Roraima (ambos com 73,1%).

No Amazonas, considerando as mulheres da mesma faixa etária, que ainda menstruavam, e que se declararam “sexualmente ativas” no período dos 12 meses anteriores à realização da pesquisa, 78,6% informaram ter feito uso de algum método para evitar gravidez. A média brasileira foi de 80,5%. “Não houve diferença estatisticamente significativa entre as Grandes Regiões”, acrescentou o texto do IBGE-AM.

Renda e cultura

Em texto postado na Agência de Notícias IBGE, a analista da pesquisa, Marina Águas, chama a atenção para diferenciais de etnia e escolaridade entre os homens que entram na paternidade mais cedo. “Podemos observar que, nas duas faixas etárias mais baixas, o percentual de homens brancos que têm filhos era menor do que entre os homens pretos ou pardos. E as pessoas menos escolarizadas também têm um percentual maior [de filhos] do que as mais escolarizadas”, frisou, acrescentando que o mesmo vale para os menores rendimentos.

Já o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforça à reportagem do Jornal do Commercio que, entre as mulheres de 15 a 49 anos, as amazonenses são as que menos já engravidaram, de toda região Norte, sendo que as de etnia “branca” são as que as que possuem as menores taxas de gravidez. Em relação aos homens do Amazonas, o pesquisador enfatiza que a paternidade bem elevada em relação ao restante do país, sendo uma característica “muito presente” na região Norte. 

“Isso acontece, ou porque se casam cedo, ou porque se tornam pais de forma precoce. O que pode ser comprovado quando a pesquisa analisa os homens mais maduros, de 30 a 39. Nesse caso, os amazonenses não estão na mesma posição que os mais novos. No tocante ao numero médio de filhos, a pesquisa mostra os homens do Amazonas com uma média até abaixo de muitos outros Estados das regiões norte e nordeste. O que indica um certo controle de natalidade masculina. É uma questão comportamental e cultural”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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