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Safra de cana de açúcar deve ser menor no Amazonas, estima Conab

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) corrigiu para baixo os números da safra de cana de açúcar 2021/2022 do Amazonas, em sua segunda estimativa do ano, embora a previsão ainda seja de alta. O crescimento esperado é de 7,1% (301,4 mil toneladas) e não mais de 7,8% (303,3 mil toneladas), contra as 281,5 mil toneladas da safra 2020/2021. O Estado, contudo, subiu da sexta para a quinta posição no ranking brasileiro, seguindo em trajetória inversa à da cadente média nacional (-9,5% e mais de 592,03 milhões de toneladas). 

O mesmo se deu em relação à área total prevista para a presente safra de cana de açúcar, no Amazonas. Passou dos 4.700 hectares anteriormente calculados para os atuais 3.700, quantitativo apenas 0,5% superior ao registrado no período precedente. A área de plantio seguiu inalterada e na mesma escala de dois dígitos (+69,4%), chegando a 900 hectares. Mas, a expectativa ainda é de decréscimo de 36,1% para a área destinada às mudas (100 hectares). 

Em sintonia, a produtividade da cana de açúcar no Estado também foi revisada para baixo. Depois de estimar o crescimento em 7,2% (81.760 quilograma por hectare), a Conab passou a projetar alta de 6,5% (81.240 kg/ha) – contra os 76.289 kg/ha, de 2020/2021. Embora tenha registrado um dos menores índices de elevação na área, o Amazonas teve o sexto melhor dado de incremento de produtividade.

No texto da pesquisa, a Conab informa que a tendência na região Norte é de relativa manutenção (-0,5%) da área total de 45,4 mil hectares, distribuída entre Tocantins, Pará e Amazonas. O crescimento esperado já é de 7,5% (3,75 milhões de toneladas). Segundo a estatal, a maior parte da colheita ocorre entre agosto e março e, tanto pelo relevo acidentado, quanto pela disponibilidade de mão de obra, o percentual de colheita manual (74%) supera o mecanizado (26%). O Amazonas, entretanto, aparece como um ponto fora da curva, já que conta com 100% de sua colheita mecanizada desde a safra de 2015/2016.

O mesmo texto ressalta que, diferente de outras regiões produtoras de cana-de-açúcar no país, o Amazonas registrou “altos índices de pluviométricos” nos primeiros meses de 2021. “Isso pode preocupar com relação à conversão dos açucares, principalmente na maturação da cultura. No entanto, traz uma boa perspectiva para o rendimento das lavouras. Grande parte da produção deve ser direcionada à fabricação de açúcar nas unidades de produção. No entanto, os percentuais destinados do vegetal podem variar ao longo da safra, a depender do preço de mercado do etanol e do adoçante”, ponderou a Conab. 

ATR e etanol

O desempenho estadual em termos de valores de ATR (açúcar total recuperável) – que é a soma total dos açucares contidos na cana que são efetivamente aproveitados para a indústria sucroalcooleira – ainda é positivo, mas foi igualmente rebaixado. A Conab espera um acréscimo de 3,6% para o ATR total, na comparação da safra amazonense de 2021/2022 (27.688 toneladas) com a de 2020/2021 (26.729 toneladas). Um mês antes, a estimativa apontava para uma alta de 8,3% (28.947 toneladas). A projeção para o ATR médio (91,9 quilograma por tonelada), por outro lado, trocou de sinala e já aponta para uma queda de 3,2% contra o número da safra anterior (94,9 kg/ton).  

O percentual de aproveitamento da cana cultivada no Amazonas cresceu apenas para a produção do açúcar, com o ATR avançando de 43% (2020/2021) para 63,7% (2021/2022) – mas inferior ao anteriormente calculado pela Conab (80,3%). Segundo a estatal, o Estado deve somar 192,1 mil toneladas de cana destinadas à produção de açúcar, um volume 58,7% maior do que o da safra de 2020/2021 (121 mil toneladas) – contra os +101,40% (243,7 mil) anteriores. Com isso, o salto aguardado para a produção total de açúcar (16,8 mil toneladas) caiu de 102,3% para 53,5%.   

O dado negativo ainda vem do etanol hidratado, mas foi atenuado na atual revisão. A expectativa é que o ATR total passe de 57% (2020/2021) para 36,3% (2021/2022) – e não mais os 19,7% anteriormente projetados. O mesmo se deu em relação ao tombo da produção de cana de açúcar destinada a esse fim. A estimativa foi corrigida de 59,7 mil para 109,3 mil toneladas, o que equivale a uma queda de 31,9% em relação à safra anterior (160,5 mil toneladas). O mesmo se deu para a retração para o etanol total produzido, que é de 34,1%, somando 5,94 milhões (2021/2022) contra 9 milhões (2020/2021) toneladas.  

Cadeia produtiva

O titular da Sepror (Secretaria de Produção Rural do Amazonas), Petrúcio Magalhães Júnior, comemorou a expectativa positiva para a safra amazonense de cana de açúcar, especialmente no caso dos índices de crescimento para o ATR da cana de açúcar (+58,7%) e do açúcar beneficiado (+53,5%). “Certamente, esse crescimento identificado pela Conab deve ter ocorrido em Presidente Figueiredo, pela indústria ali instalada há muitos anos, e que trabalha com essa cadeia produtiva [para atender uma empresa local que produz bebidas no PIM]”, completou.

O secretário estadual, contudo, não quis entrar em detalhes a respeito do prognóstico negativo da estatal para o segmento de etanol e demais números do levantamento trimestral, referentes ao Amazonas. “Vamos agendar reunião da nossa equipe com a da Conab, para avaliar os outros dados que você está levantando”, respondeu.

Em entrevista anterior, o presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, concordou que Presidente Figueiredo se destaca no contexto estadual de produção de cana, em termos de produção de escala. Mas, salientou que este não é o único caso de aproveitamento local do produto agrícola. O dirigente também não entrou em considerações sobre o etanol e reforçou que, apesar da revisão, os números seguem positivos para a cultura, no Amazonas.

“A cana de açúcar, em nosso Estado, tem se mantido com certa estabilidade, mesmo no período da pandemia. A produção de cana de açúcar em nosso Estado tem sua maior parcela destinada ao polo de concentrados, mas também existem empreendimentos que fornecem produtos para o programa da merenda escolar”, arrematou, acrescentando que espera que a rota de crescimento seja intensificada com a retomada gradual da economia. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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