Qual pai não deseja que o filho siga a mesma profissão que ele, ainda que este não queira? É como se o filho representasse a continuidade do que ele começou ou, segundo a psicanálise, fosse a imagem do próprio pai perpetuada.
Nessa complexa questão de escolhas e preferências individuais, invariavelmente acontecem desavenças. Filhos que se rebelam e nem de longe pensam em querer ser o que o pai é ou foi, parecendo para este que o filho lhes deu uma punhalada nas costas; ou pais que, com a mente mais aberta, deixam o filho escolher livremente o que desejam ser na vida, mesmo que tal escolha não agrade nem um pouco à família.
Existem, porém, os filhos que têm os pais como exemplo desde a mais tenra idade e seguir os passos deste não significa carregar um fardo, muito pelo contrário, acaba por se tornar um prazer dar continuidade à profissão iniciada pelo pai, além de ser uma forma de segurança, pois as portas já estão abertas ou o caminho a seguir, mostrado.
É o caso descrito abaixo, apenas com a mudança de gênero e, curioso, no interesse da filha não pela profissão da mãe –professora –, mas pelos conteúdos do curso acadêmico – letras – feito por ela na Ufam (Universidade Federal do Amazonas).
Interesse pelo curso
Paula Lima Garcia, nasceu em Alenquer, no Pará. Sua mãe, Sônia Maria é professora de língua portuguesa na escola estadual Manuel Severiano Nunes, no bairro do Alvorada e, seguindo a sina dos professores das escolas da rede pública no país, trabalha em dois turnos, utilizando os horários que não está em sala de aula para pesquisar textos e preparar exercícios para trabalhar com seus alunos.
Graduada e pós-graduada em Letras pela Ufam, Sônia confirma que a filha ainda não demonstrou interesse em ser professora.
Mãe e filha unidas pelo gosto da leitura
No entanto, Sonia disse que o gosto pelo conteúdo do curso de letras a filha demonstra há muito tempo. “Penso que o interesse dela pelo curso se deu pelo mesmo motivo que eu: a paixão pela leitura e pelos livros; aliás, creio que essa foi a minha grande influência na escolha dela. Uma criança que pede livros de presente de aniversário, só poderia escolher esse curso mesmo”, disse.
“Realmente não foi a profissão dela que me interessou, mas o curso. Sou fã das literaturas portuguesa, brasileira, latina, etc., e gosto muito de gramática e de texto também, então, pensei que fazendo o curso, eu iria me aproximar e conhecer mais a área de língua e literatura portuguesa”, completou Paula.
Mas, será que mais para frente, dominando o conteúdo do curso, Paula não se interessará em seguir a carreira da mãe? Pela sua resposta, parece que o interesse em seguir a mãe, se encerra no curso de letras.
Paula Lima Garcia está cursando o oitavo e último período do curso na Ufam, previsto para terminar em fevereiro de 2008 e, jura que ainda não sabe qual carreira seguir.
“Mas sei que não quero ir para a sala de aula, pois acredito que ainda não estou preparada para lecionar. É preciso ter muita leitura e muito conhecimento, e, antes disso, é necessário gostar, ter amor pela profissão de professor, diferente de minha mãe que não perde a esperança, pois acredita que a educação transforma as pessoas para melhor”, comentou Paula.
Profissionais optam em seguir exemplo
Sônia Maria , demonstrando ter a mente aberta, como um dos exemplos acima, concorda com a filha, mas no final, deixa intrínseco o seu desejo. “Ela está terminando o curso e ainda se mostra interessada e feliz, por isso, para mim, está ótimo. Nunca digo a meus filhos o quê eles devem ser, mas o que podem ser: felizes! Mas isso só é possível quando fazemos o que queremos e gostamos, sem imposições. Compreendo que o papel dos pais, no momento de uma escolha tão importante quanto esta, é o de orientar, de apoiar, e de torcer para que tudo dê certo. Se ela optar por ser professora, certamente contará com meu apoio”, finalizou.
Em Manaus podemos encontrar vários profission